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Bastidores do GP: De novo time a pupilos, está tudo dando certo para Alonso
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Faz tempo que Fernando Alonso diz que não se importa com as marcas de longevidade, e no Bahrein neste fim de semana ele esteve tão atual e tão em evidência que deu até para esquecer o aniversário de 22 anos desde sua estreia na F1. A bordo da surpresa Aston Martin, ele foi protagonista, ultrapassando George Russell, Lewis Hamilton e Carlos Sainz na pista para conquistar o terceiro lugar na corrida vencida por Max Verstappen.
E teve mais. Agora também empresariando jovens talentos, ele comemorou as vitórias de dois de seus pilotos na Fórmula 3, incluindo o brasileiro Gabriel Bortoleto, que ganhou logo sua primeira corrida principal na categoria.
Alonso apostou na Aston Martin, algo que pouca gente acreditava que daria tão certo tão rapidamente antes dos testes. É verdade que circulavam entre os engenheiros da Fórmula 1 rumores sobre os números que a Aston estava vendo em suas simulações de túnel de vento. Mas, como a equipe vinha prometendo muito e entregando pouco nos últimos anos, todos queriam ver para crer. Até que Alonso fez uma simulação de corrida muito forte e provou que eles tinham evoluído enormemente. A questão era saber o quanto.
Veio o primeiro treino livre, e Alonso foi quinto. No segundo e no terceiro, liderou, fazendo, de quebra, outra ótima simulação de corrida na sexta-feira. E o espanhol ainda dizia que não estava contente com o carro. Até que chega a classificação e ele vê que eles realmente estavam entre os primeiros. "Eu estava pensando ‘isso está bom demais para ser verdade’. Vamos assimilando pouco a pouco. Mas sei que o ritmo de corrida é melhor que uma volta lançada."
De sétimo no final da primeira volta ao pódio
Chega a corrida e Alonso não é daqueles que desperdiça oportunidades. Tudo bem que as coisas não começaram muito bem: ele perdeu posição para as duas Mercedes. A impressão era de que sua missão seria resumida a recuperar esse prejuízo. Usando a velocidade e a melhor conservação dos pneus da Aston em relação à Mercedes, ele passou George Russell logo antes da primeira rodada de pit stops.
Mais tarde, a Mercedes, acuada pela cliente Aston Martin, antecipou a segunda parada de Hamilton para se defender. Na verdade, foi Lance Stroll que parou, Alonso seguiu na pista e criou uma vantagem importante para a parte final da prova. Afinal, ele teria pneus mais novos que os rivais diretos.
E ele caprichou na manobra em cima de Hamilton, escolhendo o ponto mais difícil do circuito, a curva 10. É uma curva cega, em descida, uma das mais técnicas do campeonato.
Naquele momento, a Ferrari estava em dificuldades. Charles Leclerc encostava seu carro com o motor apagado. E Carlos Sainz sofria muito com os pneus. Alonso aproveitou para passar o compatriota e ficar com o terceiro lugar, numa corrida dominada pelas Red Bull.
O rendimento da Aston vai continuar nos próximos GPs?
É claro que a pista do Bahrein é específica. A degradação é muito alta, mascarando o desempenho de alguns carros. A Aston Martin mostrou até agora como grande ponto forte a aderência mecânica nas curvas de baixa velocidade, mas Alonso acredita que o rendimento pode seguir em alto nível em outros tipos de pista.
"Vamos esperar mais algumas corridas porque parece bom demais para ser verdade. Jedá e Austrália são circuitos muito diferentes, com curvas rápidas, e nossa vantagem é nas curvas lentas. Em Jedá, por exemplo, o carro estava muito rápido no simulador. Mas nós não esperávamos ter nenhum pódio neste ano, pensávamos que estaríamos no meio do pelotão. Então vamos esperar, quem sabe podemos ter expectativas mais altas neste ano."
Também é fato que o fim de semana no Bahrein não foi tranquilo para eles. Viu-se um movimento frenético para aprontar o carro de Alonso antes da classificação, com os mecânicos sofrendo para encaixar uma asa dianteira, tendo de desgastá-la, e também mexendo muito no assoalho. E sua briga agora é contra equipes bem organizadas há mais tempo, enquanto a Aston está colhendo agora os frutos de contratações feitas há menos de dois anos.
De qualquer maneira, é uma história incomum ver um time sair de sétimo para brigar no pelotão da frente mesmo sem uma mudança grande de regulamento. Isso tem muito a ver com o quão aquém a Aston estava no começo do ano passado, o que inclusive pode ajudá-los. Isso porque eles são a quarta equipe com maior tempo de desenvolvimento aerodinâmico disponível pela baixa colocação de 2022. Pelo menos até 30 de junho, quando os números serão resetados, a Aston Martin tem 400h de túnel de vento a cada oito semanas, enquanto a Red Bull tem só 252h, entre outros parâmetros.
Stroll foi de dúvida a "herói"
Voltando ao final de semana do Bahrein, a Aston Martin também roubou as manchetes por outro motivo. Lance Stroll contou que caiu da bicicleta depois de passar por cima de um buraco, no dia 17 de fevereiro. Dois dias depois, fez uma cirurgia simples para colocar dois pinos no punho esquerdo. "Naquele momento, não imaginava que podia correr", disse ele. Ele também tinha um dedo fraturado no pé direito, e só andava de chinelo e meias longas no paddock
A equipe ficou no escuro em relação à real situação do piloto, e só aguardava a decisão final para o GP. Por isso, preparou Felipe Drugovich para correr, fazendo simulações de classificação e de uma corrida inteira com o brasileiro no sábado, dia 25 de fevereiro.
Drugovich agradou e teve seu profissionalismo e calma destacados pela equipe. Mas era claro que, se Stroll sentisse que teria condições, a vaga era dele. Quando ele viajou para a Inglaterra na terça-feira e conseguiu andar no simulador, cujo volante é tão pesado quanto o real, o cenário, que apontava para a estreia de Drugovich, mudou completamente.
Isso não significava, no entanto, que a presença de Stroll estava garantida. A equipe até cometeu o erro de confirmar que ele correria antes do piloto passar pela avaliação do time médico da FIA, e deu sorte que ele passou.
Lance ainda tinha de passar pelo teste de tempo para sair do carro em caso de acidente. São apenas cinco segundos. É um teste bem difícil, e por isso a FIA deixa o piloto tentar até três vezes. Ele não conseguiu passar de primeira, ficou um pouco nervoso com a situação, mas depois passou. Para se ter uma ideia da dificuldade do teste, Romain Grosjean precisou de 28s para sair de seu carro em chamas e ainda assim escapou com queimaduras apenas nas mãos.
No sábado, ele já estava bem mais confiante no carro, pilotando mais naturalmente do que nos treinos livres. E, algo raro no caso de Stroll, estava também bastante falante. Feliz por ter decidido (ou por terem decidido por ele) tentar correr. Até porque, mesmo que os sinais sejam positivos, não dá para garantir por quanto tempo o sonho da Aston se andar no grupo da frente será realidade.
No domingo, ele teve um papel importante no pódio de Alonso, mantendo-se perto o suficiente para bagunçar a estratégia da Mercedes. E, mesmo quase tendo tirado o companheiro da prova ao julgar mal uma freada logo nas primeiras curvas, foi chamado pelo espanhol de "herói" pela maneira como correu, conhecendo muito pouco o carro, e aguentando a dor.
Falando nela, Stroll sabia que sua segunda-feira não seria das mais fáceis. Mas disse acreditar que estará 100% já para o GP da Arábia Saudita em duas semanas. Afinal, vale qualquer esforço para correr com um carro que desponta como a surpresa da temporada.
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