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Aston Martin vai de cliente a inspiração para Mercedes após pódio no 1º GP

George Russell é perseguido por Fernando Alonso durante o GP do Bahrein de F1 - Jiri Krenek/Mercedes
George Russell é perseguido por Fernando Alonso durante o GP do Bahrein de F1 Imagem: Jiri Krenek/Mercedes

Colunista do UOL

08/03/2023 04h00

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A Mercedes tinha esperanças de se aproximar da Red Bull nesta temporada depois que os testes de pré-temporada mostraram que o carro não estava mais pulando nas retas como no ano passado. Mas a realidade do primeiro GP do ano, no último domingo, foi bem diferente: Lewis Hamilton foi o quinto colocado e George Russell, o sétimo. E o chefe Toto Wolff já admite que uma mudança de conceito do carro tem que ser feita rapidamente.

Hamilton lembrou, inclusive, que o prejuízo poderia ser maior. "Caso a Ferrari de Leclerc não tivesse quebrado e os punhos de Stroll estivessem ok, estaríamos até mais atrás". De fato, a Mercedes já foi mais lenta em relação ao pole position que há 12 meses e ainda sofreu com os pneus durante a corrida. Eles ficaram muito atrás dos vencedores da Red Bull (assim como todos os outros, é bem verdade), mas também viram a Aston Martin e a Ferrari terem um desempenho melhor no Bahrein.

A Aston Martin, que foi ao pódio com Fernando Alonso, se tornou uma incômoda inspiração para a Mercedes. Incômoda porque se trata de uma cliente, que usa seus motores, suspensão traseira e túnel de vento. Mas que inspira por ter errado totalmente no projeto do carro no início do ano passado, ter identificado quais os problemas e começado tudo do zero. Assim, eles conseguiram melhorar em 2s4 o desempenho do carro do GP do Bahrein do ano passado para cá em uma volta lançada e ainda mais em ritmo de corrida.

"Temos de ser objetivos a respeito disso. Não pode jogar o carro no lixo e começar do zero porque assim perderíamos ainda mais performance. A Aston Martin é um bom exemplo do que é possível se você desenvolver o carro na direção certa. Decisões serão tomadas muito rapidamente. Só passou uma corrida mas a realidade é que estamos atrás da Aston Martin, Ferrari e Red Bull e precisamos mudar rapidamente."

No caso da Mercedes, o grande foco de atenção é nas laterais enxutas do carro. A equipe insiste que apenas uma revisão nas laterais não melhoraria o carro da noite para o dia. Mas também é verdade que ninguém adotou o mesmo conceito. Hamilton disse que seria "um sonho" poder mudar totalmente o carro mas não sabe "se é tão simples assim fazer essa mudança".

Isso porque a Mercedes tem recursos limitados para copiar a receita da Aston. A primeira diferença é na parte financeira, pois a Mercedes era um time que atuava muito acima do teto orçamentário de cerca de 145 milhões e ainda tem dificuldade de manter as contas em ordem, tendo menos flexibilidade de aumentar o orçamento de novas peças. E a segunda é a quantidade de horas disponíveis para o desenvolvimento aerodinâmico, que depende da posição do campeonato. Terceira em 2022, a Mercedes tem direito a 20% a menos que a Aston, pelo menos até que os números sejam resetados em 30 de junho.

Mas eles têm uma vantagem, apontada por Hamilton. "Teremos uma série de grandes reuniões planejadas e estarei em contato com a equipe para juntar as grandes mentes que a equipe tem para dar tudo. Temos muito trabalho pela frente."

O que ficou claro no Bahrein é que a Mercedes não quer perder mais tempo. Mesmo sabendo que o Bahrein é uma pista bem particular e que acentuava os problemas com os pneus traseiros, que vinham em parte da configuração de asa que eles usaram para não serem tão lentos de reta, Wolff também tem consciência de que Hamilton precisa ver um caminho antes de decidir sobre seu futuro. O heptacampeão de 38 anos tem contrato até o final desta temporada.