Perez tenta cavar espaço dentro da Red Bull, mas Verstappen não dá brecha

Com alguns rivais, como Lewis Hamilton, projetando que a Red Bull tem 1s5 de vantagem por volta em ritmo de corrida se usar tudo o que tem no carro, o foco para a disputa da vitória no GP da Arábia Saudita só pode ficar entre Max Verstappen e Sergio Perez. E o mexicano sabe que esse é uma oportunidade importante para ele. Porém, no primeiro dia de treinos livres em Jeddah, não foi isso que o cronômetro mostrou: o mexicano ficou sempre atrás do holandês e fechou o dia três décimos mais lento. É verdade que Perez teve problemas mecânicos por todo o dia, mas também pode haver outra questão por trás disso.

É bem verdade que Perez não só tem ótimo retrospecto em pistas de rua, (ele, inclusive, bateu Verstappen na classificação do ano passado e, na corrida, acabou tendo azar com um Safety Car, que saiu logo após sua parada) como também começou o ano mais próximo de Verstappen do que terminou 2022. Ou pelo menos foi o que vimos até a largada do GP do Bahrein, quando ele perdeu a segunda posição para Charles Leclerc e seu objetivo passou a ser o segundo lugar. Até porque, tranquilo na ponta, Verstappen só cuidou dos pneus e levou a primeira prova.

Há motivos técnicos para explicar essa proximidade. Como a pista do Bahrein tem como grande marca o consumo de pneus devido à rugosidade dos asfalto, a Red Bull adotou uma configuração bastante agressiva para cuidar dos pneus traseiros, "prendendo-os" mais do que Verstappen gostaria. Dessa forma, o carro fica mais dianteiro, ou seja, a dianteira responde de maneira mais lenta, e esse o único tipo de configuração com o qual Perez consegue se aproximar ou mesmo bater o bicampeão.

A má notícia para Perez na Arábia Saudita é que a Red Bull não tem motivos para "prender" a traseira do carro de Max, já que o asfalto é liso, as curvas não colocam tanta energia no pneu e o desgaste é muito menor.

E também há a pressão do próprio Max para que isso não volte a acontecer. Durante a primeira sessão de treinos livres em Jeddah, Verstappen reclamou via rádio do comportamento da dianteira do carro. Na segunda, não reclamou mais.

Fora das pistas, o próprio consultor da Red Bull, Helmut Marko, veio à público para dizer que talvez a configuração usada pela Red Bull no Bahrein tenha sido agressiva demais. Afinal, eles cuidaram tão bem dos pneus na corrida que nenhum rival chegou perto. E eles nem precisaram mostrar os tais 1s5 que Hamilton crê que eles tenham na manga (seu companheiro, George Russell, fala em sete ou oito décimos, mas é algo que só saberemos com certeza se eles se sentirem ameaçados em algum momento).

Do outro lado da garagem, é claro, também, que Perez não quer voltar ao cenário do ano passado, com Verstappen comandando os acertos e indicando o caminho do desenvolvimento do carro. Mesmo antes de a temporada começar, ele se reuniu com os engenheiros para tentar tomar as rédeas, pelo menos, de seu lado da garagem, para ter mais chances de vitória.

"Tenho de ser perfeito. Vou precisar de uma classificação muito forte. Isso será crucial do meu lado. Minhas margens são pequenas. Eu sei que, toda vez que cometer um erro, vai ser difícil bater Max. Ficamos muito próximos um do outro nos treinos livres e na classificação no Bahrein. Tenho que continuar pressionando e minha hora vai chegar."

Nos treinos livres, Perez também teve um problema mecânico em seu carro, "que alterava o equilíbrio em cada curva". Ele também teve de trocar a bateria e a central eletrônica, além do câmbio, para esta corrida, depois que a Red Bull viu um bloqueio da bateria, cuja causa ainda não foi totalmente identificada.

Ele tem a chance de virar o jogo na classificação para o GP da Arábia Saudita, que começa às 14h deste sábado, pelo horário de Brasília. Mas os primeiros sinais não são dos melhores para o mexicano.