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F1: Como é possível que Verstappen passe Hamilton e abra 2s em meia volta?

Max Verstappen na frente de Lewis Hamilton durante o GP da Austrália - Peter van Egmond/Getty Images
Max Verstappen na frente de Lewis Hamilton durante o GP da Austrália Imagem: Peter van Egmond/Getty Images

Colunista do UOL

05/04/2023 04h00

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A facilidade com que Max Verstappen passou Lewis Hamilton e abriu dois segundos de vantagem em pouco mais de meia volta durante o GP da Austrália foi mais uma evidência de algo que vem chamando a atenção neste início de temporada na F1. Uma das grandes vantagens construídas pela Red Bull é no ganho de velocidade que eles conseguem com a asa traseira móvel ativada.

Em Melbourne, na comparação com as Mercedes, que pularam na ponta no início da prova, a diferença entre os carros com ambos tendo o DRS ativado foi de 14km/h. No caso da ultrapassagem, que valia a liderança da prova, Hamilton não tinha o direito a abrir sua asa, então a diferença era muito maior, algo em torno de 36 km/h. Quando nenhum dos dois carros usava o dispositivo, a diferença era de 7km/h.

É natural que, neste contexto da manobra de Verstappen, o piloto que tem a asa ativada esteja mais veloz. É justamente para facilitar as ultrapassagens que o dispositivo existe. E a enorme distância que Verstappen consegue abrir também tem a ver com o pedido para Hamilton não defender e apenas cuidar de seus pneus para evitar um eventual ataque de Alonso, que vinha atrás. Mas a vantagem usual do DRS é algo em torno de 18km/h. Ou seja, a vantagem da Red Bull no momento é o dobro disso.

red bull traseira - Julianne Cerasoli/UOL Esporte - Julianne Cerasoli/UOL Esporte
Parte do segredo do DRS da Red Bull, a beam wing é aquela próxima da mão do mecânico nesta imagem
Imagem: Julianne Cerasoli/UOL Esporte

Isso é mérito da engenharia do time, com uma série de soluções aerodinâmicas que, juntas, criam um efeito que tem sido chamado de "DRS triplo". São vários elementos que trabalham em conjunto, desde as bordas mais arredondadas na própria asa traseira até à maneira como outro elemento que fica na parte abaixo da asa (chamado beam wing) trabalha em conjunto com a lâmina que se abre para o DRS. Esses dois elementos deixam de gerar arrasto em conjunto quando a asa está aberta, e isso potencializa o efeito da asa traseira.

suspensão red bull - Julianne Cerasoli/UOL Esporte - Julianne Cerasoli/UOL Esporte
Detalhe da suspensão dianteira do carro da Red Bull
Imagem: Julianne Cerasoli/UOL Esporte

Não que essa pareça ser a grande vantagem do RB18. Desde o ano passado, vem chamando a atenção a maneira como a distância do carro para o solo não varia tanto nas freadas como ocorre com os rivais. Isso é um efeito muito desejável para um carro com efeito-solo, pois faz com que o assoalho atue para estabilizar o carro de maneira mais constante.

Isso dá confiança para os pilotos contornarem as curvas com mais velocidade. E também faz com que o nível geral de pressão aerodinâmica do carro dependa menos do que conseguimos ver em cima dele, o que significa mais pressão aerodinâmica sendo gerada com menos custo de resistência ao ar.

O segredo para que isso seja possível ainda é um mistério e estaria na suspensão, que é mais rígida e tem um desenho diferente das demais. E que, neste ano, teve uma mudança de ângulo, tornando-a ainda mais agressiva. E o carro ficou mais rápido.

Não é à toa que o carro da Red Bull é o mais observado pelos rivais. Diferentemente do ano passado, quando o caminho escolhido pela Ferrari também fez escola em algumas equipes, agora está ficando mais claro que ele tem suas limitações. E que, mais uma vez, Adrian Newey e seu time acertaram.