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Chefe em fúria e venda de parte do time: o que está acontecendo na Alpine
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Um time do meio do pelotão da Fórmula 1 chamou a atenção no último final de semana em Miami. E não foi por colocar ambos os pilotos, Pierre Gasly e Esteban Ocon, nos pontos. O CEO da Alpine, Laurent Rossi, deu uma dura entrevista para o próprio site oficial da F1, com ares de ultimato para o comando do time, liderado por Otmar Szafnauer desde o início do ano passado. "Há muitas desculpas no time. Tudo bem cometer erros, mas cometer os erros duas vezes não, pois significa que você não aprendeu", disse o francês.
A Alpine começou a temporada cheia de altos e baixos. Os riscos de mudar totalmente o conceito do motor não deram o resultado esperado, em que pese a melhoria da confiabilidade do equipamento para este ano.
Em relação ao desempenho do carro, eles viram a Aston Martin, que estava atrás, dar um salto importante, enquanto ficaram estagnados e agora são a quinta melhor equipe.
Mas estão em sexto lugar no campeonato, empatados com a McLaren, que teve um péssimo início de ano. Na Austrália, Ocon e Gasly colidiram no final da prova. E em Baku, o time esteve perdido em meio a problemas técnicos e um carro mal acertado.
Houve também problemas operacionais, que geraram punições para Ocon na Austrália. Ou seja, o pacote de erros é completo.
E ainda tem mais. Tanto a Aston Martin, quanto a McLaren, contam com pilotos que a Alpine deixou escapar e estão se destacando. Fernando Alonso saiu do time francês deixando claro que entendia que havia algo errado na mentalidade da equipe e que não acreditava mais no projeto. E o novato Oscar Piastri acabou virando as costas para os franceses, que não lhe deram o que haviam prometido. Com isso, a Alpine teve que pagar caro pela liberação de Gasly junto à AlphaTauri.
É dentro desse contexto que surge a entrevista de Rossi. "Quando você une uma performance relativamente abaixo do esperado e uma falta de excelência operacional, você acaba em uma posição difícil. Não quero desistir, mas algumas coisas precisam mudar. Precisamos continuar reforçando a equipe para trazer a performance de volta. Uma coisa que precisamos mudar é a mentalidade. É algo que precisa mudar para quem está na equipe agora e quem iremos trazer."
O CEO cita nominalmente Szafnauer como responsável, já que ele foi contratado para conduzir o time, que vinha em uma crescente desde que a Renault reassumiu a equipe. "É a responsabilidade dele, sim. A confiança é algo que aumenta com bons resultados e que se corrói com resultados ruins."
Timing das declarações é interessante: Alpine está sendo vendida
Foi confirmado por Rossi e pelo CEO da Renault, Luca di Meo, em Miami, no último final de semana, que a Alpine está vendendo 25% da equipe para um grupo de mídia norte-americano, cuja identidade será revelada quando o negócio estiver totalmente concretizado.
Isso é interessante porque a Renault, nas últimas décadas, teve momentos de cortes drásticos no investimento na Fórmula 1, e agora busca uma receita semelhante ao que fez a Mercedes ao vender boa parte do time (a montadora controla só 33% das ações). E também é um bom momento de vender: se confirmada a negociação na casa de 212 milhões de dólares, isso significa que a Alpine está valendo 850 milhões. Nada mal para quem pagou uma libra pela equipe e assumiu a dívida da Lotus em 2015.
Com novos investidores à porta, não é de se surpreender que a pressão em cima da administração da equipe aumente. Desde o ano passado se ouve no paddock ruídos de que as coisas não andam bem internamente. Tanto, que surge o nome de Eric Boullier como um possível substituto de Szafnauer.
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