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O que se sabe sobre o 'novo' carro que a Mercedes estreia no GP de Imola

Russell, da Mercedes, durante o TL1 do Gp de Miami - Chris Graythen/Getty
Russell, da Mercedes, durante o TL1 do Gp de Miami Imagem: Chris Graythen/Getty

Colunista do UOL

16/05/2023 04h00

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Lá se vão oito semanas desde que a Mercedes colocou o W14 na pista e percebeu que não chegaria perto da Red Bull com o conceito que trouxe do ano passado e que já tinha dado muita dor de cabeça. Neste final de semana, em Imola, o time vai estrear uma nova carroceria (incluindo laterais com um formato diferente), nova suspensão dianteira e um novo assoalho. Esse conjunto de mudanças é o início de um novo direcionamento para o desenvolvimento do carro, e é a esperança do time para disputar vitórias.

O que vai mudar na Mercedes?

Mas ninguém espera que o cenário vá mudar de uma hora para a outra. A ideia é mudar a maneira como o fluxo de ar é trabalhado e, a julgar pelas declarações do engenheiro Mike Elliott, não será meramente uma cópia da Red Bull, que vem dominando o campeonato. "Nossa lateral não será igual às demais e também será diferente do que estamos usando. Eu diria que é bem diferente".

As laterais quase inexistentes do carro da Mercedes, usadas desde a mudança de regulamento no início do ano passado, são o que mais chamam a atenção no carro. Mas simplesmente aumentá-las sem mexer no restante do fluxo de ar não teria efeito algum. "Na verdade, nos deixaria até mais lentos", lembrou o diretor técnico James Allison, agora mais envolvido no projeto de F1.

Por que demorou tanto para a Mercedes mudar?

E isso ajuda a explicar por que demorou tanto tempo para a Mercedes mudar. Ano passado, eles acreditaram que seu conceito poderia funcionar quando eles se livrassem dos saltos do carro nas retas e curvas de alta. No teste do Bahrein, em março, perceberam que não era bem assim. O projeto tinha limitações e era preciso tomar a decisão corajosa de recomeçar mesmo que isso significasse o risco de sempre estar atrás dos rivais diretos, que estão trabalhando em uma mesma linha há mais de dois anos.

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James Allison voltou o de diretor técnico da Mercedes na F1 mês passado
Imagem: Wolfgang Wilhelm

Essa decisão foi tomada na semana seguinte ao início da temporada, no começo de abril. O time já tinha um plano B em andamento e ele passou a ser priorizado. Mas o desenho e produção de peças na F1 leva semanas. Por isso, as peças só chegam agora a ambos os carros, com um kit reserva em caso de acidente.

É bom lembrar que, a partir do momento em que o carro sai para a classificação, ele precisa manter a mesma especificação de peças, caso contrário o piloto larga dos boxes. Por isso é importante ter peças sobressalentes quando se faz uma mudança desse porte.

Mercedes não vai resolver todos os seus problemas

hamilton - Mercedes/LAT Images - Mercedes/LAT Images
Lewis Hamilton vem dizendo que mal pode esperar para pilotar a "nova" Mercedes
Imagem: Mercedes/LAT Images

Em campeonatos passados, sem o teto orçamentário e sem a regra que limita o desenvolvimento aerodinâmico de acordo com a posição no campeonato, seria possível, a essa altura da temporada, ter uma versão B do carro, totalmente nova. Embora mudar o assoalho, peça fundamental no rendimento do carro, carroceria e suspensão dianteira seja uma atualização extensa, ela não atua em todos os pontos débeis do W14. Não por acaso, George Russell já avisou que as novidades de Imola "não vão mudar o mundo" para sua equipe.

Uma queixa constante de Lewis Hamilton é sua falta de confiança com a traseira do carro, o que fica mais claro em classificações, quando ele tenta levar o carro ao limite. O heptacampeão credita isso a sua posição no carro, mais avançada, o que altera o centro de gravidade.

Sabe-se que o grande segredo da Red Bull é a maneira como a altura do carro permanece estável mesmo em freadas e curvas, o que é muito benéfico quando se tem um carro com efeito-solo. Isso tem a ver com várias coisas, e uma delas é a distribuição de peso e a maneira como a suspensão está posicionada em relação ao centro de gravidade do carro.

Para atender às queixas de Hamilton, seria necessário homologar outro chassi, e não é fácil fazer isso por conta do teto orçamentário.

Outra mudança que a Mercedes ainda não está fazendo é na suspensão traseira, que também poderia ajudar na altura do carro e na confiança dos pilotos. É possível que esse seja o próximo passo.

Também é bom lembrar que atualizações em um carro de F1 nem sempre são entendidas pela equipe logo de cara. Muitas vezes, é preciso esperar algumas etapas para que o time consiga tirar o máximo do que tem em mãos.

E a Mercedes não será a única com novidades. A Ferrari terá a segunda parte de sua atualização. E a própria Aston Martin, segunda colocada no campeonato, promete novidades para a corrida deste fim de semana, que inicia uma sequência de três GPs em domingos seguidos.