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Cancelamento de GPs em cima da hora é raridade na história da Fórmula 1
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O cancelamento ou mesmo adiamento de uma corrida de Fórmula 1 às vésperas da prova acontecer não é algo comum nos 73 anos de história da categoria. Tanto que o GP da Emilia Romagna foi o primeiro cancelado antes mesmo de os carros entrarem na pista por questões climáticas.
Aconteceu um pouco de tudo, de crise político financeira a uma pandemia, mas foram poucos os cancelamentos em cima da hora.
Problemas com asfalto mudaram dada de GP em 85
O segundo caso é diferente: os pilotos chegaram a fazer treinos livres para o GP da Bélgica de 1985 na pista, mas pressionaram a F1 para que cancelassem a etapa devido à má qualidade do asfalto. Os organizadores tinham feito uma reforma milionária em Spa-Francorchamps para ter um asfalto com mais aderência na chuva. No entanto, a obra ficou pronta muito em cima da prova, não houve tempo para fazer os testes pedidos pela F1, e o asfalto começou a ceder.
A corrida foi realizada quase quatro meses depois, e inclusive marcou a segunda vitória na carreira de Ayrton Senna.
Pandemia fez a F1 parar um dia antes de temporada começar
Talvez o exemplo mais próximo ao dessa semana tenha acontecido em Melbourne, quando a F1 anunciou que o GP da Austrália estava cancelado poucas horas antes do início dos treinos livres, já na sexta-feira. Isso aconteceu em março de 2020, dias depois de a OMS ter declarado a pandemia da covid-19.
A categoria já estava sob pressão para cancelar o evento dias antes, mas com todo o equipamento e pessoal literalmente do outro lado do mundo, foi preciso uma histeria com dois casos positivos na McLaren para pressionar a categoria e os promotores a tomar a decisão.
Voltando a 2023, o cancelamento do GP da Emilia Romagna foi anunciado na quarta-feira, após autoridades locais se reunirem com os promotores e a F1 para mostrar a gravidade da situação, com oito mortos confirmados até o fim da quarta-feira e mais de 500 desabrigados na região em que está localizada a pista de Imola.
Embora a previsão seja de que a chuva não seguirá na mesma intensidade ao longo do final de semana, parte do circuito já estava alagada, pontes e vias cederam, e os serviços de resgate estão totalmente focados no atendimento à população, inviabilizando um evento por que passariam 300 mil pessoas ao longo do final de semana.
Primavera árabe fez abertura da temporada mudar em 2011
Esse cancelamento aconteceu com quase um mês de antecedência, mas também afetou a pré-temporada, então pode ser considerado algo mais em cima da hora. Trata-se dos primeiros testes de pré-temporada de 2011, cancelados 10 dias antes, e do GP do Bahrein.
Em plena Primavera Árabe, a capital barenita, Manama, foi palco de manifestações que acabaram com 40 mortes e forte repressão do governo. Bernie Ecclestone trabalhou muito na época para que a prova fosse remarcada, mas as equipes resistiram.
Golpe de Estado derrubou GP em 76
Em 1976, a temporada deveria começar em 11 de janeiro na Argentina. Mas o evento foi cancelado de forma abrupta por causa de uma crise político-financeira que se instaurou no país. Foi o período de inflação alta que precedeu um golpe de Estado que seria consolidado em março daquele ano pela Junta Militar.
Quem pagou a conta foi a organização do GP do Brasil. Isso porque os custos de envio dos equipamentos era pago pelos promotores dos eventos na época, diferentemente do que acontece hoje. E a conta onerosa de levar os 20 carros para a América do Sul era dividida entre Brasil e Argentina. E o Brasil teve que pagar a conta sozinho em 76.
Vários GPs ficaram pelo caminho, mas com mais 'folga'
Houve mais de 50 provas que foram anunciadas e que nunca aconteceram, mas com anúncios feitos de maneira bem mais antecipada. O terremoto de Kobe em 1995 fez o GP do Pacífico ser remarcado do começo do ano para outubro, e a prova acabou sendo aquela em que Michael Schumacher ganhou seu segundo título mundial.
Algumas corridas acabaram não acontecendo por problemas com os circuitos e falta de dinheiro. Foi o caso do GP da Espanha de 1984, nas ruas de Fuengirola. Do GP de Nova York de 83 a 85, que nunca saiu do papel. E do GP da Argentina (novamente!) em 94.
O campeonato de 1996 deveria ter terminado com o GP da Indonésia, que nunca aconteceu. Em 1999, a China chegou a ser anunciada, mas só entrou de fato no calendário em 2003. E a Rússia viu seu contrato ser cancelado após o início da invasão da Ucrânia em 2022.
O Canadá perdeu a corrida em duas oportunidades. A prova não aconteceu em 1987 por uma briga entre patrocinadores. Em 75, as divergências foram entre os organizadores da corrida e a associação das equipes.
Em 1969, um movimento liderado por Jackie Stewart pedia mais segurança nas pistas, especialmente em Spa-Francorchamps, que acabou ficando de fora do calendário daquele ano. A prova também ficaria de fora do calendário de 2003 por causa das leis antitabaco, e três anos depois após os donos declararem falência. A vizinha Alemanha também ficou sem corrida depois de problemas financeiros em Nurburgring, em 2015.
E, em 1957, em meio à crise econômica gerada pelo conflito entre França e Reino Unido com o Egito pelo controle do Canal de Suez, os GPs da Bélgica e da Holanda não foram realizados porque as equipes não aceitaram receber menos que o acordado. Também nos anos 1950, o GP da França em Reims foi cancelado em 55 logo depois de acidente grave nas 24h de Le Mans. A França, inclusive, também perderia um de seus GPs em 1983 devido a uma disputa por direitos de transmissão.
Mais recentemente, o GP do Vietnã foi um dos inúmeros eventos cancelados por causa da pandemia e acabou nunca voltando, após um escândalo de corrupção que derrubou o prefeito de Hanói.
E esses são só alguns exemplos de corridas que foram anunciadas e acabaram não acontecendo. Isso não é raridade na F1. Mas dá para contar nos dedos de uma mão os eventos cancelados com menos de um mês da prova, e ainda menos nas condições do GP da Emilia Romagna.
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