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F1 vai ter de esperar dois meses para testar mudança que apimenta os GPs

Parte da gama de pneus da Pirelli para a temporada 2023 da F1 - Reprodução
Parte da gama de pneus da Pirelli para a temporada 2023 da F1 Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

22/05/2023 04h00

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O cancelamento do GP da Emilia Romagna devido a enchentes na região no último final de semana impediu a Fórmula 1 de testar uma novidade. Na classificação, os pilotos seriam obrigados a usar os três compostos de pneus, um experimento com duas funções paralelas: diminuir o número de jogos disponíveis por GP e, assim, diminuir o impacto ambiental, e aumentar as variáveis nas corridas.

A categoria ainda não definiu onde será o novo teste deste formato de classificação. Mas o mais provável é que isso aconteça no GP da Hungria, no final de julho.

A ideia é que, ao invés de usar de três a cinco jogos de pneus macios durante a classificação, os pilotos só usem um jogo de compostos duros, um de médios e um de macios. Com isso, a fornecedora Pirelli pode levar dois jogos a menos para as corridas. E também há uma mudança na quantidade de cada composto (mais um jogo de duros e médios por fim de semana e quatro jogos de macios a menos).

Pneus de alta degradação foram criticados por pilotos e equipes

ultrapassagem - Mark Thompson/Getty Images/Red Bull - Mark Thompson/Getty Images/Red Bull
Max Verstappen ultrapassa Charles Leclerc
Imagem: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull

O experimento também visa jogar mais variáveis nas estratégias. A avaliação da Pirelli é de que as provas ficam mais mornas quando as equipes conseguem guardar pelo menos um jogo de pneus duros e um de médios para a corrida. Com isso, eles conseguem fazer a prova tranquilamente com apenas uma parada, e o resultado fica mais previsível.

Desde que a Pirelli entrou na F1 com a missão de produzir pneus que ajudassem no espetáculo, em 2011, foram tentadas várias estratégias. Com pneus de alta degradação, em 2012, por exemplo, o campeonato começou com sete vencedores diferentes nas sete primeiras provas. E com uma chuva de reclamações das equipes porque o rendimento dos pneus era aleatório demais; e dos pilotos, que diziam não poder tirar o máximo do carro.

Ao longo dos anos, a "receita" pedida à Pirelli foi mudando. Ora a meta era duas a três paradas, ora o pneu tinha que ser mais consistente. E o que se viu foi sempre o mesmo: no começo, até há soluções diferentes e algum movimento mas, com o tempo, as estratégias convergem e as corridas ficam mais engessadas.

Como a nova classificação aumenta variáveis na corrida

Então, o foco atual é não tentar uma construção nova de pneus, mas, sim, evitar que as equipes acabem com tão poucos jogos de pneus novos na corrida, limitando suas escolhas. E é aí que entra essa classificação que seria testada em Imola.

Ao usar parte da alocação de pneus mais duros na classificação e mudar a quantidade de jogos de cada composto, o cenário da estratégia na corrida seria diferente. Isso porque sobrariam mais jogos de médios e duros para o GP (dois de cada ao invés de um, como ocorre atualmente), e também dois jogos de macios. Essa maior "oferta" permite que a Pirelli escolha compostos mais macios (ou seja, que se desgastam mais) para o final de semana. Automaticamente, isso gera mais paradas nos boxes e maior variabilidade de estratégias.

Como há corridas, especialmente as de rua, em que os compostos mais macios já são usados de qualquer maneira, não é de se esperar que esse formato teria tanta eficácia em todas as provas, mas vale a pena o teste.