Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Como Ayrton Senna teve a chance de se tornar piloto e dono de equipe na F1
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Quando era de se imaginar que não houvesse mais histórias não contadas sobre Ayrton Senna, um ex-dono de equipe da Fórmula 1 revelou uma oferta um tanto incomum ao piloto brasileiro. Eddie Jordan disse ter oferecido metade de seu time para que o tricampeão pilotasse para ele.
A oferta teria acontecido em 1993, em um momento delicado da carreira de Senna. Para entender por que um dono de equipe de meio do pelotão cogitou contratar Senna, é preciso voltar um pouco no tempo. Durante a temporada de 1991, na qual se sagrou tricampeão, o brasileiro já via o crescimento da Williams do então rival Nigel Mansell e buscava uma transferência para o time de Grove.
A Williams, que acabara de contratar Adrian Newey, o mesmo projetista que está por trás da Red Bull dominante de 2023, estava experimentando com a interação da eletrônica na parte mecânica do carro. Em 1991, a Williams ainda sofreu com quebras, mas seria uma questão de tempo para que tudo fosse otimizado.
Senna sabia disso, e passou a cogitar a saída da McLaren ainda durante 1991. Seu empresário, Julian Jakobi, inclusive revelou recentemente que o brasileiro chegou ao GP da Bélgica daquele ano, em agosto, com contratos de McLaren e Williams em mãos. Ele só tinha que escolher por qual equipe queria correr em 1992.
Jakobi estava convencido de que Senna iria para a Williams, mas um telefonema para o então presidente da Honda, Nobuhiko Kawamoto, fez o piloto mudar de ideia. Senna era muito leal à Honda, que o tinha levado para a McLaren em 1988, e os japoneses prometeram ficar no time inglês.
Senna, então, assinou com a McLaren. A Williams resolveu seus problemas e tornou-se, com a ajuda da eletrônica, um carro imbatível em 1992. E a Honda saiu da categoria no final daquele ano.
Para piorar, Alain Prost, que tinha decidido ficar um ano de fora da F1 após ser dispensado pela Ferrari em 1991, assinou com a Williams para 1993 e impôs a condição de que Senna não fosse contratado pela equipe.
Senna quase ficou de fora da temporada de 1993
Senna chegou a considerar seriamente seguir o caminho de Prost e ficar de fora da temporada 1993. Além de não ter a mesma tecnologia, a McLaren ainda sofria com o motor Ford. No final das contas, o brasileiro assinou um contrato corrida a corrida, no valor de 1 milhão de dólares por GP.
Foi dentro desse contexto que Eddie Jordan entrou em cena. O irlandês era conhecido no meio por arriscar em seus negócios, o que o fez ganhar vantagem algumas vezes, e entrar em disputas perdidas em outras. Foi ele, por exemplo, que perdeu Michael Schumacher para Flavio Briatore logo após a estreia do alemão, em 1991.
A história que Jordan contou no podcast Formula For Success, apresentado por David Coulthard, é de que ele ofereceu metade de sua equipe para que Senna corresse pela Jordan na temporada de 1994.
"Ele estava desiludido na McLaren. Foi antes dele ir para a Williams. Ele não estava contente. Acredite ou não, eu ofereci a ele 50%, sem taxas, para ele pilotar pela Jordan, mas ele teria que ficar e se tornar um dono."
Na verdade, Jordan queria Senna. Mas também queria fazer dinheiro. "Eu acreditava que, com Senna na equipe, o valor total da equipe seria mais que o dobro. Em outras palavras, a metade que eu estaria perdendo? Eu achei a ideia genial. Primeiro, eu teria um cara como Senna no meu carro, a equipe teria reconhecimento, e os valores de patrocínio iriam se multiplicar de maneira incrível."
Jordan disse que a ideia chegou a ser cogitada por Senna. "Não estou dizendo que ele teria fechado. Mas estávamos bem adiantados nas negociações a respeito do que ele queria. Ele queria ter uma equipe e eu estava oferecendo essa oportunidade."
No final das contas, Prost venceu o campeonato de 1993 e, mesmo antes de a temporada acabar, anunciou a aposentadoria. E Frank Williams finalmente contratou Senna para a temporada 1994, quando ele sofreu seu acidente fatal.
A equipe Jordan, que foi o primeiro time de Rubens Barrichello na F1, se notabilizaria como um time que alcançou grandes resultados com uma estrutura enxuta. Foram cinco vitórias como Jordan até a venda no começo de 2005. A equipe amargou o fundo do pelotão como Midland e Spyker, e depois teve outro bom período como Force India.
Quando a Force India entrou em falência em 2018, Lawrence Stroll se tornou o novo dono e o time hoje é a Aston Martin. Curiosamente, eles ainda estão na mesma fábrica da época da Jordan, embora ela tenha passado por extensões ao longo do tempo. Mas só agora estão de mudança para instalações bem mais modernas construídas na gestão Stroll.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.