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Verstappen começa na frente, mas Red Bull tem motivos para sofrer em Mônaco

Max Verstappen na saída do túnel de Mônaco nesta sexta-feira - Mark Thompson/Getty Images
Max Verstappen na saída do túnel de Mônaco nesta sexta-feira Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

26/05/2023 15h18

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Max Verstappen foi o mais rápido no primeiro dia de atividades para o GP de Mônaco, mas foi o piloto que terminou o dia em quarto que chamou a atenção de todos que estavam na beirada da pista. Fernando Alonso parecia bastante confortável em sua Aston Martin, corroborando com a teoria de que terá chances reais de brigar pela pole position com as Red Bull e as sempre fortes aos sábados Ferrari. E, quem sabe, vencer pela primeira vez em mais de 10 anos na F1.

E ele não é o único candidato a bater as dominantes Red Bull em um terreno no qual Max Verstappen e Sergio Perez têm motivos para não terem a mesma vantagem vista em outras pistas. Isso, inclusive, foi confirmado nos primeiros treinos livres: Verstappen, o segundo Charles Leclerc e o terceiro Carlos Sainz ficaram separados por 107 milésimos. E Perez teve muitas dificuldades nas freadas nesta sexta-feira e foi apenas sétimo.

Mas por que a Red Bull não é a favorita disparada em Mônaco? Explico. A vantagem do time nesta temporada é baseada na eficiência aerodinâmica do carro, que consegue ao mesmo tempo gerar muita pressão aerodinâmica para ser veloz nas curvas sem gerar tanta resistência ao ar nas retas, em que também é muito veloz. Isso vem de um conjunto de fatores, mas principalmente da habilidade que o carro tem de andar perto do solo e manter essa distância bastante estável.

Isso se nota mais nas curvas de alta, e principalmente quando é preciso atacar as zebras nas curvas de alta. Nos demais tipos de curva, não raro eles não são os mais rápidos em uma volta lançada.

Red Bull 'aceita' ser mais lenta em classificação para vencer GPs

Esse carro que fica com a altura estável também é um carro com a suspensão mais rígida, e que sofre mais para colocar os pneus dianteiros na janela correta de temperatura. Isso é algo que se sente mais na classificação, e a abordagem da Red Bull até aqui tem sido conviver com esse problema sem tentar mexer muito no acerto porque isso traz dividendos na hora da corrida. Até porque Verstappen e Perez disseram que, quando tentam mudar o acerto para corrigir isso, o carro começa a se comportar de maneira estranha.

Max Verstappen demonstrou ao longo do ano não acreditar nessa justificativa, mas a falta de temperatura nos pneus dianteiros foi o que acabou causando a batida de Sergio Perez nos momentos finais da classificação no GP de Mônaco ano passado. E o carro deste ano tem essa mesma característica de maneira mais proeminente.

Então por que a Red Bull parece não se importar com isso? Na F1, se trabalha muito com comprometimentos. Então eles aceitam que podem não fechar a primeira fila na classificação porque seus pilotos estão sofrendo com a frente do carro. Mas sabem que, assim, evitarão superaquecimento dos pneus traseiros na corrida, e conseguirão passar os rivais tanto porque seus pneus estarão menos desgastados, quanto porque a velocidade de reta é muito superior pela eficiência aerodinâmica do carro.

O que pode ser diferente no GP de Mônaco

alonso - Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images - Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Fernando Alonso em ação
Imagem: Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Acontece que essas regras viram quase de cabeça para baixo em Mônaco. O desgaste de pneus não é um fator importante. A velocidade de reta também não é tão decisiva. O que reina é a posição de pista. Ou seja, o resultado da classificação. No papel, tudo joga contra as grandes vantagens da Red Bull.

E aí entra Fernando Alonso. Desde o começo do ano, a Aston Martin é o carro mais veloz em curvas de baixa velocidade, especialmente quando usa mais carga aerodinâmica na asa traseira, como será o caso de Mônaco. E Alonso é quem consegue frear mais dentro da curva e acelerar antes, algo que será importante na classificação no Principado. Na corrida, ele sofreria com falta de velocidade de reta, mas apenas na saída do túnel.

Há outro carro para se ficar de olho. A Ferrari de Charles Leclerc. O monegasco fez a pole nas duas últimas edições em Mônaco e tem neste ano um carro que coloca bastante temperatura nos pneus. Isso é ótimo para uma volta de classificação, mas geralmente é péssimo para as corridas, pois gera muito desgaste. Em Mônaco, isso não é um fator tão importante.

Também é fato que a Ferrari é um carro nervoso, e isso pode custar caro em Mônaco. Aliás, a classificação por lá pode nem ser definida por quem é o mais rápido, mas sim quem estiver na frente quando surgir uma bandeira vermelha no final, o momento em que todos estão tirando o máximo do carro e os erros acontecem. Nos últimos dois anos, foi assim.

E a Mercedes com seu novo carro?

A Mercedes não dá sinais de que está na briga pela ponta em Mônaco. Eles ainda têm muito a entender sobre o extenso pacote de mudanças que trouxeram para Mônaco. embora Lewis Hamilton, sexto, tenha dito que gostou muito do comportamento do seu "novo" W14 neste primeiro dia de treinos livres. Ainda assim, ele ficou a meio segundo do tempo de Verstappen, o que é bastante para uma pista de 3.3km.

Na outra Mercedes, George Russell sofreu, mas a equipe optou por usar dois caminhos bastante distintos no acerto do carro, a fim de obter o máximo de informações possível. Então é de se esperar que o ritmo dos dois pilotos volte a ficar mais próximo na classificação. Será difícil fazer qualquer avaliação do novo pacote neste final de semana. A equipe terá uma ideia melhor de onde está no final de semana que vem em Barcelona.