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GP da Espanha deixou claro: rivais precisam estudar o assoalho da Red Bull

Max Verstappen comemora sua 40ª vitória na F1, em Barcelona -  Mark Thompson/Getty Images
Max Verstappen comemora sua 40ª vitória na F1, em Barcelona Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

05/06/2023 04h00

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Max Verstappen venceu o GP da Espanha com 24 segundos de vantagem para Lewis Hamilton, em um circuito que não mente a respeito do rendimento dos carros. E que, por causa disso, é muito usado na Fórmula 1 para testes. Tudo bem que o desgaste de pneus foi mais acentuado que o normal para todos, mas a prova teve ainda a Ferrari largando em segundo e chegando 45s atrás e a primeira Aston Martin a mais de um minuto do vencedor.

Não é à toa que, nos bastidores, falou-se muito da reação das equipes às fotos dos assoalhos tiradas em Mônaco depois das batidas de Sergio Perez e Lewis Hamilton. Principalmente, é claro, do carro da Red Bull. Enquanto as peças dos outros times são trabalhadas mais em sulcos para direcionar o fluxo de ar, o assoalho deles tem relevos também, é muito mais complexo.

Desde o começo do ano passado, essa enorme peça que fica na parte debaixo do carro e que as equipes tentam esconder ao máximo porque ela gera pelo menos 70% da pressão aerodinâmica.

A importância do assoalho é tão grande que, desde que as imagens vazaram, os rivais estudam o que dá para aprender principalmente com a Red Bull. Há equipes que redistrubuíram as tarefas internas só para conseguir colocar engenheiros totalmente focados em estudar as fotos. A tentativa é digitalizar as imagens para colocá-las no CFD, sistemas de computador que avaliam os fluxos de ar. Na F1, o CFD é usado antes de uma peça ser feita e colocada no túnel de vento.

Falando em assoalhos, em Barcelona conseguimos ver o da Williams também, outro carro içado por causa de uma escapada. Ficando no fim do pelotão na tabela de classificação, a equipe tem muito mais tempo para usar CFD e túnel de vento dentro do regulamento da F1, mas claramente isso não é suficiente.

Aquelas imagens explicam a surpresa de James Vowles, que foi depois de anos na Mercedes para a Williams, quando ficou sabendo de alguns processos que eram usados em Grove. Eles não têm, por exemplo, uma organização digitalizada das peças, então James nem sabia como eles conseguiam montar e desmontar o carro antes e depois das corridas.

Rivalidade espanhola por GP no futuro

Há tempos Madri aparece com planos de receber a Fórmula 1. Dizem os catalães que eles só fazem isso para tentar tirar a corrida de Barcelona, e que cumpririam um contrato apenas e diriam que não querem mais.

Certamente, a versão de Madri é diferente, dentro da rivalidade entre espanhóis e catalães, mas o fato é que a candidatura da capital está sendo levada a sério pela F1 neste momento. Depois de muitas versões circularem para uma pista de rua, finalmente uma foi aprovada, ainda que com algumas ressalvas. A FIA quer checar de perto um túnel, um trecho de ponte e uma curva inclinada artificial que eles planejam fazer.

O avanço das conversas já teve o efeito que a Liberty Media pretendia com Barcelona, que aumentou sua oferta para manter a prova, aceitando ceder o dinheiro que vem do valioso Paddock Club. Às vezes a Liberty adota esse tipo de tática para conseguir aumentar o valor de alguma corrida que já está no calendário, como conseguiu com o Brasil.

Porém, do lado de Barcelona, há outros problemas. Pelo segundo ano seguido, houve muitos problemas com o trânsito ao redor da pista, e algumas falhas de organização, ainda que os esquemas de trânsito no domingo tenham funcionado melhor. Nesse contexto de negociação, isso não vem em boa hora para os catalães.