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Alguns riram do assoalho da Williams, mas a Red Bull usou como inspiração

Alex Albon, da Williams, durante a classificação para o GP da Espanha de F1 - Divulgação/Williams
Alex Albon, da Williams, durante a classificação para o GP da Espanha de F1 Imagem: Divulgação/Williams

Colunista do UOL

08/06/2023 04h00

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Que as fotos dos assoalhos de Williams e Red Bull, tiradas nas últimas semanas depois que os carros foram içados pelos fiscais de pista após acidentes, mostram diferenças gritantes não há dúvida alguma. O nível de detalhamento dessa peça, que é central para o rendimento do carro, é muito maior no carro dos líderes disparados do mundial de F1. Mas isso não quer dizer que Adrian Newey não observe o que a última colocada no mundial está fazendo.

Na sexta-feira antes de todo GP, as equipes são obrigadas a publicar um documento em que descrevem o que têm de novidade nos carros e qual a função de cada uma delas. E a Red Bull publicou que tinha um adotado um "perfil mais curvado com inspiração no desenho de um rival".

Isso chamou a atenção porque a equipe não é obrigada a dizer de onde tirou a ideia. Questionado, o diretor de engenharia da Red Bull, Paul Monagham, surpreendeu quando revelou que a inspiração tinha vindo da Williams.

"Não podemos assumir que temos a melhor configuração em todas as áreas do carro. Se a Williams introduziu algo, é sinal de que tinha que dar uma vantagem. Testamos isso algumas vezes [em simulações] e descobrimos que poderia dar alguma vantagem. E quando isso foi colocado no carro, o resultado foi maior do que pensávamos. Certamente não é a coisa que influencia mais, mas ajuda."

A solução copiada pela Red Bull está na borda do assoalho, era visível mesmo antes das fotos. Mas o chefe da Williams, James Vowles, explicou por que a peça de seu carro parece tão mais simples do que a da Red Bull ou mesmo da Mercedes, que já é menos detalhada que a dos líderes do campeonato.

"As fotos são um pouco enganosas porque as fotos do nosso assoalho eram muito focadas na parte traseira, do final do difusor, enquanto as demais fotos eram mais focadas na parte dianteira do assoalho e no meio dele, onde o regulamento permite que você tenha mais detalhamento", esclareceu Vowles.

"Dito isso, claramente falta detalhamento para o nosso assoalho em comparação com nossos rivais. Mas não precisa ver o assoalho para saber isso. É só olhar os tempos de volta. Tem a ver com as características do carro e a geração de pressão aerodinâmica, que vem em grande parte do assoalho", completou o britânico, lembrando que a falta de pressão aerodinâmica é justamente o grande ponto fraco da Williams. Inclusive, é por isso que o time sofreu tanto em Barcelona, mas vai melhor em circuitos como Monza.

"Simplesmente copiar os rivais baseando-se em fotos não vai te ajudar. Isso pode dar uma compreensão instantânea de qual caminho você deve seguir. Mas se você não entender os porquês por trás disso e as dinâmicas de fluxo de ar, você só tem uma ideia isolada e não uma noção consistente de como desenvolver o carro para ser melhor que os demais. Além disso, tudo o que você vê em um rival está pelo menos 6 a 8 semanas atrasado em relação ao que eles estão fazendo agora. A chave é perguntar por que eles desenvolveram o assoalho daquela maneira e o que podemos aprender com isso."

Esse processo descrito por Vowles é exatamente o que as equipes estão fazendo. Nos times grandes, há inclusive engenheiros trabalhando exclusivamente em cima dessas fotos da Red Bull.