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Ferrari insiste em dizer que carro tem potencial. Mas cadê os resultados?

Carlos Sainz e Charles Leclerc, pilotos da Ferrari, conversam após o GP de Miami - Reprodução/F1TV
Carlos Sainz e Charles Leclerc, pilotos da Ferrari, conversam após o GP de Miami Imagem: Reprodução/F1TV

Colunista do UOL

13/06/2023 04h00

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Há 12 meses, a Ferrari começava a ver os sinais de que estava ficando para trás na disputa de desenvolvimento do carro com a Red Bull. Em três corridas seguidas, eles fizeram a pole e viram pilotos da equipe rival vencerem até com facilidade. De lá para cá, o cenário só piorou: a Ferrari segue veloz em classificação, mas agora Mercedes e Aston Martin já estão melhores em ritmo de corrida. E a Red Bull está mais longe do que nunca. Na última corrida, na Espanha, o time introduziu um pacote de mudanças, mas sem resultado imediato. O que há de errado?

A equipe tomou algumas decisões difíceis, optando por fazer uma mudança conceitual somente no projeto de 2024, que já está no túnel de vento. É uma política diferente do que a Mercedes vem fazendo (mudando a direção do carro mesmo sabendo que a nova suspensão traseira e o novo chassi só poderão chegar ano que vem). Afinal, eles não acreditam em uma mudança de conceito a conta-gotas.

Mesmo assim, há pontos que podem ser melhorados no carro atual, e esse era o foco da atualização levada à Espanha: aumentar a janela de funcionamento do carro. Os números do túnel de vento mostravam que isso seria possível. Na pista, os números não apareceram, e Charles Leclerc e Carlos Sainz viveram outro final de semana em que um composto de pneu funcionava para um, e não para o outro, algo que também parece depender da quantidade de combustível.

leclerc pole - Reprodução/F1TV - Reprodução/F1TV
Ferrari se acostumou a ter poles e não manter ritmo nas corridas
Imagem: Reprodução/F1TV

Seria uma falha nas simulações ou será que o time de corrida não está conseguindo acertar o carro de uma maneira que otimize o rendimento? Essa é uma resposta que o time busca nas próximas etapas, já tendo em mãos mais dados do carro atualizado.

A Ferrari não tem um carro ruim. Mas está claro que os pilotos conseguem colocá-lo na sua janela de funcionamento na classificação. Na corrida, só há lampejos. E é o motivo disso que a equipe está sofrendo para compreender.

"Não entendo o que estamos fazendo de errado, mas estamos", disse Leclerc em Barcelona. "Eu usei jogos de pneus duros no começo e no final da corrida, fiz exatamente a mesma coisa e o comportamento do carro foi completamente diferente."

A Ferrari acreditava que essa inconsistência seria remediada pelas novidades de Barcelona, e por isso o time saiu tão decepcionado da prova em que viu Sainz largar em segundo e terminar em quinto, simplesmente por não ter ritmo para obter um resultado melhor. "Temos mil pessoas em cima disso agora é é muito difícil entender e resolver porque não é sempre o mesmo problema", disse o chefe Fred Vasseur.

O francês acredita que as mudanças de Barcelona foram positivas e melhoraram o rendimento do carro. Mas isso ainda não foi visto nos resultados justamente por essa falta de consistência. Em outras palavras, os tais lampejos foram positivos, mas de nada adiantam em 300km de prova.

É fato que o circuito de Barcelona tem curvas de alta velocidade e, principalmente, gera muito desgaste de pneus, e essas são duas deficiências ferraristas. Neste fim de semana, no Canadá, a expectativa é de que o carro se comporte melhor. Mas, se esse comportamento novamente ficar mudando ao longo do final de semana (e mesmo durante a corrida), é de se pensar que a Ferrari terá de repensar seu plano de fazer uma mudança radical só em 2024.