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O que a má fase significa para o futuro de Perez na F1 e o fator Ricciardo

Sergio Pérez após o GP da Espanha, em que foi o quarto colocado - Mark Thompson/Getty Images
Sergio Pérez após o GP da Espanha, em que foi o quarto colocado Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

21/06/2023 04h00

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Ainda que os rivais estejam melhorando o carro e tenham estado mais próximos do que nunca da Red Bull durante o GP do Canadá, Max Verstappen não foi ameaçado, liderou todas as voltas e venceu pela sexta vez na temporada no último domingo. O time que domina ambos os campeonatos ainda tem o melhor carro do mundial com alguma diferença, mas não tem visto seu segundo piloto tirar proveito disso. Enquanto Verstappen venceu as últimas quatro provas, Sergio Perez tem um segundo, um 16º, um quarto e um sexto lugares. Não por acaso, seu futuro na equipe começa a ser questionado.

Nas últimas três corridas, ele não conseguiu colocar o melhor carro do grid sequer no Q3, última parte da classificação, que conta com os 10 carros mais rápidos. Em Mônaco, circuito em que venceu em 2022, o mexicano errou e bateu no começo da classificação. Em Barcelona, ele perdeu o carro em uma zebra molhada e depois estava com os pneus quentes demais para sua última tentativa, e ficou pelo caminho no Q2. No Canadá, demorou para colocar pneus de pista seca também na segunda parte da classificação e, quando o fez, voltou a chover.

Aos domingos, ele não conseguiu o mesmo tipo de recuperação que Verstappen teve da última vez que errou na classificação, quando largou em nono em Miami e venceu, passando inclusive o pole Perez na pista.

É difícil explicar a queda tão brusca de rendimento de Perez, que venceu duas das quatro primeiras etapas. Ao contrário de 2022, não houve nenhuma mudança significativa no carro. Lembrando que ano passado, à medida que o carro foi ficando mais leve, ele também foi ficando mais ágil na entrada das curvas e isso foi mais bem aproveitado por Verstappen. E o holandês começou a bater o mexicano constantemente a partir dessa fase que estamos vivendo agora no campeonato.

Há os erros na classificação e também uma falta de ritmo na corrida. Ele costuma ter mais dificuldade que Verstappen para manter os pneus na temperatura correta, e isso vai aparecer mais em situações como a do último domingo, com frio e uma pista com poucas curvas de alta velocidade. Mas só isso não explica porque, por exemplo, Perez teve um ritmo pior com os pneus médios (mais velozes) em comparação com as Ferrari com pneus duros, como vimos no Canadá.

Red Bull tem motivos para manter Perez em 2024. Mas e Daniel Ricciardo?

ricciardo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Daniel Ricciardo está na reserva da Red Bull neste ano
Imagem: Reprodução/Instagram

Perez já mostrou nas últimas duas temporadas que pode andar mais próximo de Verstappen e ter um papel importante dentro da Red Bull, além de trazer consigo patrocinadores e visibilidade no mercado latino-americano, do qual é o único representante na F1. São fatores que dão força a sua continuidade na equipe, ainda mais com a vantagem que a Red Bull tem no mundial de construtores. Para a equipe, o melhor dos cenários é vencer ambos os campeonatos sem ter que administrar uma briga direta entre seus pilotos.

Mas também é verdade que esse nível apresentado nas últimas corridas não pode continuar. Perez agora tem só nove pontos de vantagem para o terceiro colocado no campeonato de pilotos, Fernando Alonso, com um carro que ganhou corridas com mais de 20s de vantagem em média.

A Red Bull tem como reserva Daniel Ricciardo, que também tem um potencial grande de marketing. Mas no momento a maior chance do australiano seria passar novamente pela AlphaTauri, até devido à queda de rendimento que apresentou especialmente nos últimos anos na McLaren, e só depois voltar à Red Bull. O australiano já disse estar aberto a essa possibilidade, ainda que ela não seja unanimidade dentro da equipe. O consultor Helmut Marko, por exemplo, defende que a AlphaTauri continue servindo para dar experiência a jovens pilotos.

É bom lembrar que, em 2023, a Red Bull administra uma punição por ter passado do teto de gastos ano passado. Até novembro, eles têm menos tempo de desenvolvimento aerodinâmico, e até por isso não têm apostado em grandes pacotes de atualizações. O foco é usar a vantagem de performance atual para construir uma grande liderança agora e já focar no carro de 2024. Dessa maneira, eles conseguem neutralizar a desvantagem com a punição.

O plano vem dando certo até aqui, mas também é normal que os rivais tenham mais escopo para melhorar do que a Red Bull, e a vantagem tende a diminuir. Então, por mais que a continuidade de Perez, que tem contrato até o final de 2024, faça sentido do ponto de vista comercial, ela também não pode ameaçar as chances da equipe conquistar ambos os títulos no ano que vem.