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Max Verstappen domina GP, mas por que pilotos não conseguem ficar na pista?

Max Verstappen durante o GP da Áustria, nona etapa da F1 - Lars Baron/Getty Images
Max Verstappen durante o GP da Áustria, nona etapa da F1 Imagem: Lars Baron/Getty Images

Colunista do UOL

02/07/2023 14h50Atualizada em 02/07/2023 17h15

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Depois de fazer o melhor tempo nas duas sessões de classificação e vencer a sprint no sábado, Max Verstappen mais uma vez passeou no GP da Áustria e venceu. Mesmo tendo atrás uma Ferrari que mostrou clara evolução em termos de performance e desgaste de pneus, a vantagem de Verstappen foi tanta que ele pôde fazer uma parada a mais apenas para colocar pneus novos e conquistar a volta mais rápida. Charles Leclerc colocou a Ferrari em segundo e Sergio Perez foi o terceiro com a outra Red Bull mesmo tendo largado em 15º.

Mas o grande ponto de discussão após a prova foi o número de punições devido aos limites de pista, que fez com que a classificação final saísse apenas 5h após a bandeirada. Trata-se de algo comum no GP da Áustria devido às características do circuito, e que, desde que a F1 passou a ser mais rígida com a aplicação da regra, todo ano volta à pauta quando se corre no Red Bull Ring.

"É o lado ruim dessa pista", disse Lewis Hamilton, um dos sete pilotos punidos por terem ultrapassado os limites de pista por pelo menos quatro vezes durante a prova, e que levou ainda 10s de punição por outras infrações observadas após a bandeirada. "Todo ano é assim desde que colocaram essa regra. Antes era ótimo. O problema é que a aplicação da regra não é consistente. Teve gente que saiu 10 vezes na minha frente e não foi punido. Temos que nos livrar dessa regra, é uma bobagem."

De fato, após a prova, a FIA admitiu que não conseguiu observar todos os pilotos o tempo todo, e fez uma revisão de 1200 casos suspeitos no decorrer das 71 voltas do GP após a prova. Com isso, além de Hamilton, foram punidos Carlos Sainz (que caiu de quarto para sexto), Pierre Gasly, Esteban Ocon, Nyck De Vries, Yuki Tsunoda, Logan Sargeant e Alex Albon.

Na verdade, o problema não é a regra em si. O regulamento diz que o piloto tem de ficar dentro das linhas brancas que delimitam a pista e só podem sair por um motivo justificável. Se ele escapa e perde tempo, não é um problema. Mas a regra existe para evitar que se corte caminho ou se faça linhas mais rápidas fora da pista (o que é o caso da Áustria).

Neste domingo no Red Bull Ring, foi até curioso ouvir alguns pilotos pedindo que a zebra seja considerada pista em algumas curvas mais problemáticas para evitar essa chuva de punições por uma questão de centímetros. Essa foi a solução trazida por Michael Masi quando o australiano era diretor de prova da F1, e foi algo muito criticado pelos pilotos.

Não há solução fácil, pois a F1 já teve várias discussões com os administradores do circuito austríaco, e eles têm resistido a mudar a pista ou colocar algo que faça com que os pilotos não entrem tão rápido, principalmente nas curvas 9 e 10, as mais problemáticas. Eles alegam que colocar grama ou brita nestes trechos seria perigoso para a MotoGP, que também corre no circuito. A FIA informou que vai reiterar o pedido de colocar brita na saída dessas curvas.

Por que pilotos não conseguem ficar dentro da pista?

hamilton - REUTERS/Bernadett Szabo - REUTERS/Bernadett Szabo
Hamilton, da Mercedes, foi um dos sete pilotos punidos por não respeitarem os limites de pista
Imagem: REUTERS/Bernadett Szabo

Eles estão entre os melhores pilotos do mundo, sabem que serão punidos se passarem com as quatro rodas da linha branca, mas mesmo assim o GP da Áustria teve uma chuva de punições. Como explicar?

Há alguns fatores. A posição em que eles ficam no carro não facilita a visibilidade. Fernando Alonso e Guanyu Zhou lembraram após a prova que, no início do ano, a F1 teve de aumentar o colchete que marca as posições no grid de largada justamente porque os pilotos estavam parando fora das vagas por não conseguir enxergar exatamente onde estavam. Mas, como salientou o espanhol, "quando tem um muro, temos de saber, então é algo de que nós devemos cuidar."

Mas nem sempre é fácil. "Quando você está lutando por posição, no ar turbulento, seu carro sai de traseira, ou às vezes o vento muda ou você ataca muito a zebra de dentro. São coisas muito pequenas que podem fazer uma diferença enorme. É muito difícil julgar centímetros em uma curva de 270 km/h. O sonho para nós seria ter brita 20cm depois da saída, como tem em outras curvas", explicou Lando Norris, um dos nomes da corrida, com o quinto lugar com a McLaren.

Outros pilotos saíram da corrida sem entender suas punições. Alex Albon disse que ouviu o primeiro aviso (os pilotos são avisados quando os comissários veem que eles passaram do limite de pista, e podem fazer isso três vezes antes de levar uma punição, de 5s), achou que estava maneirando nas voltas seguintes e, poucos giros depois, ouviu que sua "cota" tinha acabado.

" As pessoas vão dizer que 'esses caras são bons e deveriam conseguir ficar dentro das linhas'. Mas também estamos aqui porque somos aqueles que conseguem forçar mais, que vão até o limite. Precisamos que a pista mude para que isso seja resolvido."