Bastidores da F1: Inglaterra vira 'latina' e Brad Pitt atua em pleno grid

Parecia até que a F1 estava em algum país latino, tamanha a empolgação da torcida britânica quando Lando Norris tomou a ponta do GP da Grã-Bretanha. As arquibancadas, pelas quais passaram quase meio milhão de pessoas neste final de semana, já tinham explodido no sábado, quando parecia que o inglês ficaria com a pole.

Foi um final de semana muito forte para as equipes inglesas que têm estado mais longe da vitória nos últimos anos. A McLaren se aproveitou de uma combinação entre as condições climáticas, o efeito positivo das mudanças que fez no carro e da boa performance dos seus pilotos para ocupar o lugar de segunda força em Silverstone, com Norris em segundo e Piastri em quarto (mesmo tendo tido azar com o momento em que o Safety Car entrou na pista).

Não parecia uma semana tão promissora assim para o time de Zak Brown, após o lançamento da pintura especial cromada usada pelo time neste fim de semana. O carro foi colocado do lado de fora da fábrica do time para o lançamento, em um dia nublado na Inglaterra. Isso não favoreceu muito a pintura, mas no final das contas foram as nuvens britânicas que ajudaram o carro a brilhar no fim de semana.

A Williams também estava com uma cara um pouco diferente, comemorando seus 800 GPs na F1 e, assim como a McLaren, andou muito bem em Silverstone. Alex Albon foi o oitavo, à frente das Ferrari, e Logan Sergeant quase pontuou. A diferença é que eles não sabem muito bem o que estava fazendo com que eles se vissem, de uma hora para a outra, disputando com as Aston Martin que, há algumas corridas, estavam sonhando com vitória.

Até porque os problemas da Williams seguem os mesmos. Antes da classificação, vi os mecânicos testando o encaixe de algumas asas dianteiras que tinham recém-chegado da fábrica. Eles sempre têm de fazer isso devido a vários problemas de simples encaixe de peças que tiveram nos últimos anos, algo impensável para outros times. É esse tipo de problema que James Vowles busca resolver o quanto antes para fazer com que performances com o terceiro e quinto lugares da sexta-feira em Silverstone deixem de ser surpresa.

A impressionante fábrica da Aston Martin e a visita de Binotto

Para isso, é preciso investir na fábrica, como Lawrence Stroll fez após comprar a Force India, que ficava em um prédio acanhado do lado da pista de Silverstone. Um prédio que tinha recebido pouco investimento desde a época de Jordan, e que será demolido nesta semana.

Tive a chance de visitar as novas instalações da agora Aston Martin, abertas há menos de um mês e ainda não finalizadas. É muito interessante o que eles estão fazendo. Há um grande corredor no meio da fábrica, e os departamentos têm vidros claros, fazendo com que seja fácil que todos vejam com o que estão trabalhando. Toda a arquitetura é pensada para que as pessoas se encontrem e troquem ideias, além de ser um prédio focado no bem-estar dos funcionários, com muita luz natural. E eles não estão recrutando pessoas que gostam da ideia de trabalho remoto justamente porque querem todo mundo interagindo lá na fábrica.

Como sempre em Silverstone, muita gente reaparece no paddock. E não é que Mattia Binotto esteve por lá? O ex-chefe da Ferrari está aproveitando a vida tranquila após pedir demissão, tem cuidado de sua produção de vinhos na Itália, mas é claro que está de olho na F1. Binotto é um engenheiro de mão cheia e sua volta é dada como certa, chovem ofertas para ele. É claro que ele tem de passar por um período sem nenhuma equipe após deixar a Ferrari, até por questões contratuais, mas seu retorno depende só dele achar que é hora de voltar.

Silverstone com cara de Hollywood

No final das contas foi impressionante como a produção do filme de Brad Pitt que tem a F1 como tema interferiu pouco no andamento do final de semana. Sim, havia uma equipe enorme, eles tinham uma garagem e pitwall, e inclusive foram ao grid. Mas tudo feito de uma maneira que não impedia que tudo ocorresse com normalidade.

Brad Pitt esteve por lá todos os dias, mas sem chamar muita atenção para si. Ele inclusive foi à reunião dos pilotos, sempre realizada na sexta à noite, junto de outros profissionais ligados ao filme, para que eles se apresentassem.

O ápice das filmagens foi no grid, onde foi gravada uma longa cena, com os atores Brad Pitt e Damson Idris primeiro alinhando junto com os pilotos durante a cerimônia do hino e depois andando até a última fileira, onde estavam seus carros. Ao redor deles, havia mecânicos profissionais no meio dos atores, e pilotos profissionais também dentro dos carros. Foram esses pilotos que abriram a volta de apresentação junto com o resto do grid, e pouco depois usaram uma das vias auxiliares para sair da pista.

Quem estava vendo pela TV, não percebeu nada disso, pois o sinal internacional não mostrou. E mesmo nós, no grid, tínhamos que procurar para perceber a movimentação extra. A produção do filme estará em todas as etapas, mas nem sempre com a equipe inteira, como esteve em Silverstone. No próximo GP, em duas semanas, na Hungria, eles terão novamente sua própria garagem.