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OPINIÃO

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Entra Ricciardo, sai De Vries. E quem vai questionar o todo-poderoso Marko?

Helmut Marko com os jovens Daniel Ricciardo, Daniil Kvyat e Max Verstappen no GP de Abu Dhabi de 2015  - Peter Fox/Getty Images/Red Bulll
Helmut Marko com os jovens Daniel Ricciardo, Daniil Kvyat e Max Verstappen no GP de Abu Dhabi de 2015 Imagem: Peter Fox/Getty Images/Red Bulll

Colunista do UOL

12/07/2023 04h00

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O ex-piloto Helmut Marko tem um papel único na Fórmula 1. Como consultor da Red Bull, ele tem a última palavra na contratação (e dispensa) dos pilotos de duas equipes na categoria, além das demais jovens promessas que os austríacos apoiam nas categorias de base.

Com essa estrutura, ele pode se dar ao luxo de testar pilotos que já estão dentro de seu programa (ou seja, sobre os quais tem várias informações) na equipe de menor orçamento - que antes se chamava Toro Rosso, hoje é AlphaTauri, e que mudará de nomenclatura ano que vem - para depois levá-los ao time principal.

Mesmo assim, Marko erra bastante.

Sebastian Vettel, por exemplo, foi contratado um ano antes de Marko se tornar o chefão do extenso programa de desenvolvimento de jovens pilotos da Red Bull, em 1999. A descoberta de Daniel Ricciardo pode ser colocada em sua conta sim, e não há o que questionar na gestão da Red Bull com sua carreira: ele estreou no momento justo, subiu para a Red Bull na hora certa também, saiu porque quis, voltou porque precisava, e agora vai para a AlphaTauri apagar mais um incêndio causado pelo chefe.

Podemos seguir com a lista: Carlos Sainz? Não era um nome de Marko. Foi seu pai, apoiado pela Red Bull no Dakar, quem conseguiu sua contratação passando por cima do austríaco. E até por isso ele saiu na primeira oportunidade.

Max Verstappen? Bom, todos queriam o holandês, claramente uma estrela do futuro desde os tempos de kart. Marko ganhou a luta de braço final com a Mercedes justamente por ter uma equipe satélite, podendo garantir a estreia de Verstappen na F1 logo de cara.

Outros pilotos contratados na era Marko para o programa da Red Bull e que chegaram à F1 foram Scott Speed, Vitantonio Liuzzi, Jaime Alguersuari, Daniil Kvyat, Christian Klien, Sebastien Buemi, Brendon Hartley, Jean-Eric Vergne.

E há ainda os que ainda estão no grid. Pierre Gasly subiu cedo demais para a Red Bull, se queimou (inclusive com Marko, que achava o francês muito descomprometido) e voltou à agora AlphaTauri — hoje, atua na Alpine. Marko já tinha deixado claro a ele que suas chances de subir tinham acabado.

Marko sondou piloto que dispensou duas vezes e que está brilhando na temporada 2023

albon - Fórmula 1 - Fórmula 1
Alex Albon, da Williams, e George Russell, agora piloto da Mercedes, nos tempos de kart
Imagem: Fórmula 1

Alex Albon é um caso e tanto. Ele foi dispensado pela Red Bull em duas oportunidades, uma nas categorias de base, e outra no final de 2021, um ano depois de ter perdido a vaga de titular do time principal e ter ficado "encostado" como reserva. Agora, Albon está fazendo um grande campeonato pela Williams, levando o time nas costas até o sétimo lugar entre os construtores.

E o que Marko fez? Foi sondar se Albon não queria voltar para a "família" Red Bull. Obviamente, levou um sonoro não.

O austríaco teve que ir atrás de Albon depois de mais uma aposta que não deu certo. Ele se impressionou com Nyck De Vries pela maneira como o holandês pulou de um carro para o outro, participando de treinos livres na Mercedes, Aston Martin e Williams em 2022. E principalmente pela maneira como pontuou no GP da Itália com a própria Williams, tendo sido substituído justamente Albon no sábado de manhã.

De Vries estava credenciado com o título da F2 (embora em sua terceira temporada) e da Fórmula E, mas tinha ficado à margem da F1 pela fama de difícil, não muito popular nas equipes por onde passou.

Na AlphaTauri, De Vries durou dez corridas. Talvez tivesse durado menos, não fosse a demora para entender se Daniel Ricciardo estava em condições de voltar. Marko não queria, neste momento em que está lapidando o talentoso, porém inconstante Yuki Tsunoda, colocar um piloto inexperiente ao seu lado. Com isso, Liam Lawson, mesmo andando muito bem no Japão, ficou de escanteio.

O neozelandês faz parte dos planos a médio prazo. Pode pintar na AlphaTauri ano que vem. Ou não, caso Marko consiga fechar com Álex Palou, atual líder na Indy e que está na listinha do austríaco.

Difícil é saber se é bom negócio entrar nessa listinha aí.