Líder da F3, brasileiro Bortoleto vive semanas importantes para a carreira
Gabriel Bortoleto vem seguindo a cartilha para chamar a atenção das equipes da Fórmula 1: em seu ano de estreia, está dominando a Fórmula 3 e tem chances de conquistar o título antes mesmo da pausa dos campeonatos em agosto. O brasileiro de 18 anos tem 36 pontos de vantagem para o segundo colocado, com três rodadas duplas para o final.
A primeira delas será já neste final de semana, na Hungria. E, logo depois, a categoria viaja para a Bélgica para a penúltima etapa. A última será na Itália, no começo de setembro. Bortoleto sabe que construiu uma vantagem nas seis primeiras etapas que permite que ele não tenha que esperar até setembro. Com pontos para a pole position e duas corridas por final de semana, a F3 distribui 39 pontos por final de semana, então ainda há muito em jogo.
"Sinceramente, as coisas têm sido bem confusas dentro da minha cabeça ultimamente porque o sonho do sonho seria eu ter duas etapas muito boas e ser campeão em Spa", disse Bortoleto em entrevista exclusiva. "Mas ao mesmo tempo são três etapas, muitos pontos em jogo ainda. E eu preciso fazer meu trabalho. Tento sempre tirar o máximo possível isso da minha cabeça, porque isso é só pressão, né? Isso é só cobrança sua em cima de você mesmo. Então, eu tento pensar sempre em fazer o meu melhor nas corridas, usando a cabeça, fazendo os pontos que são possíveis."
Por um lado, Bortoleto tem liderado o campeonato desde a primeira etapa, no Bahrein, quando venceu a corrida principal em sua estreia na F3. Por outro, ele não vence desde a segunda corrida, na Austrália, e tem focado na consistência para seguir na frente. Seu pior final de semana até aqui foi o GP de Mônaco, em que somou 15 pontos. Seu rival mais próximo, Pepe Martí, que está na segunda temporada na categoria, teve três provas pontuando abaixo disso.
Conselho de Alonso foi decisivo para campanha consistente
O espanhol e o brasileiro têm algo em comum: são empresariados pela A14 Management, de Fernando Alonso. O bicampeão da F1 é bastante presente e costuma dividir seus segredos com seus pilotos. Para Gabriel, um áudio enviado logo depois que ele venceu a segunda seguida foi especialmente valioso.
"O que me tocou muito foi quando ele falou 'Olha, parabéns, você ganhou uma corrida e tudo. Mas não ache que isso vai ser comum, porque daqui pra frente pode ser que você ganhe todas, pode ser que você perca todas. Pode ser que você tenha etapas muito difíceis. Pode ser que você tenha etapas que você não vai somar nenhum ponto. Mas são esses momentos que você precisa ser forte mentalmente e seguir.' Isso me tocou muito, porque eu não ganhei corrida mesmo depois disso. Mas eu sempre estive ali no top cinco, top três. Eu acho que aquele áudio continuava repetindo na minha cabeça: 'faz o que dá, acaba as corridas. Se dá um segundo, vai ao segundo, não tenta se matar pra chegar em primeiro.'"
Isso explica a abordagem mais cuidadosa (e incomum entre os jovens pilotos da F3) do brasileiro, que está desde 2017 na Europa, onde foi correr ainda de kart, e está em sua quarta temporada em carros de fórmula. Ele garante que só começou a pensar em título depois da última etapa, em Silverstone, em que conquistou um segundo lugar na sprint e sexto na corrida principal. Mas sabe a diferença que um título na estreia pode fazer para sua carreira rumo à F1.
"Ainda não houve nenhum contato direto comigo, de algum chefe de equipe da F1 vir falar 'ah, você é o menino da F3', mas com certeza meu empresário já teve contatos. Eu tento não entrar muito nisso. Acho que meu trabalho é fazer o que eu estou fazendo dentro de pista e dar o meu melhor."
Bortoleto tem experiência de Fórmula 3 Regional correndo nos palcos das duas próximas etapas. Após a F3, o caminho natural seria pelo menos uma temporada na Fórmula 2, categoria na qual o hoje piloto reserva e de testes da Aston Martin, Felipe Drugovich, foi campeão ano passado.
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