Bastidores da F1: Max parece ter 'DRs' com engenheiro, mas não é bem assim
Max Verstappen venceu a oitava seguida na Fórmula 1, desta vez na Bélgica, circuito que deixou muito claro a eficiência do carro da Red Bull, que era muito veloz nas retas e também na curvas do circuito de Spa-Franchorchamps. Mas um detalhe curioso para muitos no final de semana foi a aparente troca de rusgas entre o líder disparado do mundial e seu engenheiro, Gianpiero Lambiase.
Apesar do nome italiano, Lambiase está há tanto tempo no Reino Unido que adotou a cidadania britânica junto da italiana, e trabalha na Fórmula 1 há quase 20 anos, sempre atuando por times britânicos. Ele, de certa forma, 'herdou' Verstappen, pois era engenheiro de pista de Daniil Kvyat e acabou ficando no posto quando o holandês foi promovido ao posto de titular da Red Bull no início da temporada de 2016.
Os dois se deram bem no trabalho e também no senso de humor sarcástico, às vezes até duro. Neste ano, isso ficou mais claro, com Verstappen por várias vezes pedindo para fazer um pitstop a mais do final da prova para conseguir estabelecer a volta mais rápida. Isso dá um ponto extra na F1, mas a superioridade do holandês é tamanha que ficou claro há um tempo que isso não seria decisivo para o campeonato.
Mesmo assim, Verstappen segue tentando. Sabendo que Lambiase entende a brincadeira. "Nos divertimos na corrida. Ele conhece a maneira como eu leio alguns cenários na corrida e eu brinquei falando que podia forçar o ritmo e fazer outra parada. Claro que eu sei que a equipe não gosta disso, porque há um risco maior. Mas eu acho graça falar isso."
Antes de pedir para parar mais uma vez, Verstappen questionou se ele e Sergio Pérez, que terminou 22s atrás, estava recebendo a mesma instrução de "usar a cabeça", ou seja, de diminuir o ritmo, que Lambiase dava a ele. "Você só deve seguir minha instrução", dizia o engenheiro, no tom sério de sempre. À primeira vista, pode parecer ríspido, mas já virou rotina entre eles.
"Acho que nos damos muito bem. Temos uma relação muito próxima. Todos os pilotos têm uma relação diferente com seus engenheiros. Somos próximos e mostramos as emoções e dizemos quando achamos que algo está errado ou que está bem", definiu Verstappen. "Funciona muito bem para a gente. Então temos que continuar fazendo isso."
Debandada na Alpine e decisões empurradas com a barriga
O paddock foi surpreendido na sexta-feira com o anúncio da debandada dos chefes mais importantes da Alpine: o chefe da equipe, Otmar Szafnauer, o diretor técnico, Pat Fry, e o diretor esportivo, Alan Permane. Era esperada uma reestruturação na equipe antes da segunda metade do campeonato, mas não algo vindo assim, no meio de um final de semana de corrida.
Ainda mais porque isso acontece duas semanas depois do CEO da Alpine, Laurent Rossi, perder o emprego. E quatro semanas depois de o time comemorar a chegada de novos investidores, que compraram 24% da equipe de F1.
A situação de Szafnauer já estava difícil há tempos, sua saída era dada como certa desde maio, e o ex-Aston Martin também não queria ficar. Pat Fry negociava com a Williams, equipe que o anunciou assim que sua saída foi confirmada, desde antes disso, e Permane sai após 32 anos na equipe.
Muitos se perguntavam no paddock o que está acontecendo nos bastidores do time. Até porque a entrada da Andretti ainda não foi confirmada, e o norte-americano já deixou claro que está aberto a comprar um time já existente se não encontrar outro caminho. A FIA já teria aprovado a candidatura da equipe, embora isso não tenha sido confirmado oficialmente, mas ainda falta finalizar a negociação comercial, com a dona da F1, Liberty Media, e as equipes.
Essa foi uma das discussões da aguardada reunião da Comissão de F1, formada por essas três partes, na sexta-feira em Spa. Para usar a descrição do chefe de equipe da Williams, James Vowles, a reunião "girou em círculos", e nada foi efetivamente decidido.
Vowles estava particularmente irritado porque achava que sua proposta de aumentar o teto de gastos voltados à infraestrutura teria apoio suficiente para ser aprovada. Ele quer que equipes como a Williams, que não teve tanto investimento nos últimos anos, tenham a oportunidade de melhorar suas fábricas para chegarem mais próximas dos grandes. Hoje, esse limite de gastos é de 36 milhões de dólares em quatro anos. Com estruturas que não são atualizadas há 20 anos, a Williams precisa de rapidez nessa aprovação.
E não foi só isso. Era esperado que a Bridgestone ficasse com o contrato de fornecimento de pneus a partir de 2025, mas a Pirelli teria conseguido melhorar sua proposta financeira, e a decisão também ficou para depois.
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