Quatro chefões cortados em duas semanas: como explicar o caos na Alpine
Já não seria comum uma equipe anunciar a saída de seus três principais membros de uma vez, mas a Alpine fez isso durante um final de semana de GP, logo antes do início das férias de agosto da F1. Era como se a situação tivesse se tornado insustentável e uma mensagem bastante forte estivesse sendo enviada. Mas como o time chegou a essa situação?
A troca de peças do comando tem sido uma constante entre os franceses nos últimos anos. Apenas de 2018 para cá, a lista dos substituídos tem Cyril Abiteboul, Marcin Budkowski , Nick Chester, Bob Bell, Peter Machin e Remi Taffin, e ganhou nas últimas duas semanas Laurent Rossi, Otmar Szafnauer, Pat Fry e Alan Permane. Para completar, Alain Prost deixou sua vaga de consultor, que não foi preenchida.
Nesta lista, estão nomes que decidiram sair e outros demitidos (ou que saíram em comum acordo com o time). Na raiz de tudo, um descompasso entre a meta de voltar a vencer em 100 GPs (que parece voltar a contar o zero a cada início de temporada) e a falta de resultados que mostrem o caminho de volta ao topo com clareza, misturado a um embate de culturas entre os franceses e os demais.
Pressão aumentou quando rivais deram salto
A Renault retomou o controle do time com o qual Fernando Alonso foi campeão em 2005 e 2006 no final de 2015 e encontrou uma fábrica bastante defasada por anos de baixo investimento. Eles cresceram desde então, mas ficaram entre a quinta e quarta colocação, com o discurso de que a diferença para o top 3 era muito grande e levaria tempo para lutar constantemente por pódios.
Até que, em 2023, no segundo ano de um regulamento que era uma grande chance para todos mudarem o cenário, duas rivais da Alpine conseguem um salto importante: primeiro a Aston Martin, depois a McLaren. Há um contexto por trás disso: com o teto orçamentário, esses times com boas estruturas, mas que não gastavam tanto quanto Red Bull, Ferrari e Mercedes, tiveram uma grande oportunidade de contratar profissionais que estes times não podiam mais pagar e elevar seu nível. Com mais dinheiro entrando na F1, também era o momento de atualizar a infraestrutura de suas fábricas. Aston e McLaren fizeram isso.
Segundo Szafnauer, que fora contratado como chefe da equipe no início de 2022, a Alpine também estava contratando, e sua saída só pode ser justificada pela falta de paciência da cúpula da Renault em ter resultados. A saída de Pat Fry, diretor técnico, não é relacionada à do romeno-americano, já que ele negociava há meses com a Williams. E a de Alan Permane (diretor esportivo) vem como uma surpresa, após 32 anos de casa. Alguns dias antes, o CEO Laurent Rossi, que havia criticado duramente Szafnauer em maio, também perdeu o cargo.
E o que se comentava no paddock na Bélgica era a 'limpa' ainda faria outras vítimas. Especialmente quem ficou ao lado de Szafnauer nos últimos meses.
Alpine tem novos investidores, e essa é a única boa notícia
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Quero receberÉ bom lembrar que a Alpine é a mesma equipe que conseguiu perder Fernando Alonso e Oscar Piastri em uma questão de dias, e que teve de pagar milhões para a Red Bull liberar Pierre Gasly que, por sua vez, não vem rendendo o esperado.
O cenário não é dos melhores. A única boa notícia para a equipe nos últimos 18 meses é a chegada de investidores, que ficaram com 24% do time de F1 em um investimento de 200 milhões de euros. Isso foi anunciado no final de junho, e não deve surtir efeito de uma hora para a outra. Resta saber a quantas anda a paciência da cúpula da Renault.
Politicamente, o time enfrenta ainda algumas batalhas. Eles são signatários das regras de motores de 2026, mas ainda não sabem se terão clientes, o que ajudaria no desenvolvimento de suas unidades de potência. Por conta disso, eles apoiam a entrada da Andretti, o que ainda não está decidido.
No momento, somente a Alpine usa motores Renault, e a montadora já entrou com um pedido para furar o congelamento e melhorar seu equipamento, dizendo que são os únicos que estão claramente com menos potência após o congelamento de 2022. E isso também vem encontrando resistência entre os rivais.
Para todo o lado que se olhe, os sinais da Alpine não são dos melhores.
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