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Mulheres são 40% dos novos torcedores da F1, mas pilotas encaram barreiras

Uma pesquisa recente feita na Inglaterra comprovou o que qualquer pesquisada rápida nas mídias sociais mostra claramente: a Fórmula 1 ganhou nos últimos anos, especialmente de 2020 para cá, um público mais feminino e altamente engajado nas mídias sociais. Não coincidentemente, a categoria vem investindo em tentar voltar a ter pilotas, e as dificuldades encontradas só escancaram as barreiras que foram sendo criadas para elas ao longo dos anos.

A pesquisa é da iniciativa More Than Equal (Mais do que Igual, em inglês), que tem o ex-piloto e comentarista escocês David Coulthard como um dos fundadores e busca identificar quais são essas barreiras e o que deve ser feito para removê-las.

Os números da primeira pesquisa da iniciativa deram um panorama bastante claro. A F1 calcula que o público feminino já corresponda a 40% dos fãs da categoria. E a pesquisa mostrou que 40% delas começaram a acompanhar o esporte nos últimos 5 anos. Elas são mais jovens (em média, têm 10 anos a menos) que os fãs homens, e são 70% mais propensas a se engajarem nas mídias sociais para discutir sobre o esporte do que acompanham.

E mais: 56% delas disseram que estariam mais propensas a consumir produtos de marcas que demonstram apoio à presença feminina no esporte.

Junto com as fãs, surgiram as categorias femininas

Jamie Chadwick foi tricampeã da W Series e está na academia da Williams
Jamie Chadwick foi tricampeã da W Series e está na academia da Williams Imagem: Williams/Divulgação

A F1 está buscando ser uma delas. Um documento publicado pelo governo britânico nesta semana sobre a insolvência da W Series, categoria que só contava com pilotas, mas com um modelo econômico insustentável (elas não tinham que trazer patrocinadores e ainda ganhavam prêmio em dinheiro independentemente da posição final, algo que não existe no automobilismo) mostrou que a categoria é a principal credora. A W Series faliu devendo quase R$ 10 milhões à F1, que garantia a geração de imagens das corridas.

Até por estar com os pagamentos atrasados, a categoria se antecipou ao fim da W Series e criou a F1 Academy. Trata-se de uma categoria também apenas com pilotas, mas com um modelo diferente. São 5 equipes que já estão na F2 e F3 com três pilotas cada, e cada uma tem de conseguir um aporte de menos de R$ 1 milhão (valor abaixo ao da Fórmula 4 brasileira, por exemplo).

A espanhola Marta Garcia está muito próxima de ser a campeã da primeira temporada, que tem mais uma rodada dupla, que será realizada junto da F1 no final de outubro em Austin, nos Estados Unidos. Será a primeira vez que a F1 Academy correrá no mesmo final de semana que a categoria principal, algo que se tornará mais comum em 2024 quando, inclusive, as equipes da F1 vão escolher uma pilota cada para correr com as cores do time.

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Em cada 100 pilotos de fórmula, só sete são mulheres

Iniciativas como a F1 Academy são importantes para tentar desvendar quais as barreiras reais que as mulheres encontram para chegar à categoria principal. Cinco mulheres no passado, entre as décadas de 1950 e 1990, competiram na F1 e mostraram que isso não é impossível. Mas só uma (Lella Lombardi, em 1975) chegou a pontuar.

Lella Lombardi foi a única mulher a pontuar na história da F1
Lella Lombardi foi a única mulher a pontuar na história da F1 Imagem: Reprodução/Formula1.com

A pesquisa da More Than Equal apontou que somente 13% dos pilotos de kart são mulheres. E essa porcentagem é ainda menor (7%) quando se sobe para carros de fórmula e GT. Mesmo as que estão nos grids pelo mundo têm, em média, menos tempo de pista que os homens ao longo da carreira, e há vários motivos para isso: desde a falta de patrocínio até a pressão social para seguir os estudos, pois a perspectiva de carreira é menor no automobilismo.

Elas encaram, ainda, a falta de programas específicos para buscar a melhora de performance, e também a falta de dados sobre o papel da mecânica e ergonomia dos carros estarem voltadas aos homens, simplesmente porque isso nunca foi estudado. Um grid como o da F1 Academy, com 15 mulheres correndo, pode começar a mudar isso.

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