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Ferrari aposta em contratações em peso para voltar a ganhar títulos na F1

Quando a Ferrari começou a ganhar um título de pilotos atrás do outro após sair de uma fila de 21 anos em 2000, a impressão era de que o tradicional time tinha se reencontrado na Fórmula 1. De fato, de lá para cá, foram mais seis títulos de construtores e cinco de pilotos. Mas o último caneco foi levantado em 2008.

De lá para cá, a Ferrari até teve chances reais de ser campeã em 2010 e 2012 com Fernando Alonso, e chegou a incomodar a Mercedes em 2017 e 2018, e rivalizou com a Red Bull no início de 2022.

Nestes três casos mais recentes, dois problemas se repetiram. O desenvolvimento do carro ficou devendo ao longo do ano. E a operação de pista (decisões de estratégia, comunicação interna, pit stops) também. A a solução de Fred Vasseur, que assumiu o time no início deste ano, tem sido apostar em contratações.

"Contratamos cerca de 25 pessoas, mas estamos procurando mais. Nenhuma está trabalhando ainda na Scuderia. Assinamos com um nome do primeiro escalão (que seria Loic Serra, da Mercedes), mas ele deve começar em janeiro de 2025, embora estejamos tentando antecipar isso", explicou Vasseur à Gazzetta dello Sport. "Essa se tornou a parte principal do meu trabalho na Ferrari. Devo criar uma boa relação e convencer as pessoas a se transferirem."

Esse sempre foi um problema para a Ferrari. Como a maioria das equipes está perto umas das outras na Inglaterra, mudar de uma para a outra não requer transformar o cotidiano da família dos engenheiros. "Para que um deles venha, primeiro tem que convencê-lo, depois a mulher, depois os filhos."

Aquele time vencedor do início dos anos 2000 tinha sido formado anos antes, com Jean Todt tendo conseguido trazer Michael Schumacher, Ross Brawn e Rory Byrne da Benetton. Com eles, vieram outros que se juntaram a nomes talentosos formados em Maranello, como Mattia Binotto e Andrea Stella.

É algo que Vasseur está tentando produzir, com uma dificuldade a mais: no passado, a Ferrari podia pagar muitas vezes mais que os rivais ingleses. Mas agora há um teto de gastos em vigor, e a folha de pagamento (excluindo os salários dos pilotos e dos três funcionários mais bem pagos) tem que ficar abaixo de 80 milhões de dólares por ano.

Contratações também visam convencer Leclerc a renovar

Charles Leclerc se prepara para o GP da Hungria nos boxes da Ferrari no Hungaroring
Charles Leclerc se prepara para o GP da Hungria nos boxes da Ferrari no Hungaroring Imagem: Ferrari
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O desafio não é pequeno. Os pilotos concordam que o carro da Ferrari não é fácil de pilotar porque não é consistente. Isso é algo que melhorou com as últimas atualizações, mas ainda segue sendo uma verdade. E explica a dificuldade que os pilotos têm em manter um bom ritmo de corrida, pois o rendimento flutua muito dependendo do composto e condições de pista.

Internamente, os engenheiros que cuidam da aerodinâmica dizem que o problema está na suspensão. E quem cuida da suspensão diz que a inconsistência é aerodinâmica. Seja como for, o time parece ter encontrado um caminho com as atualizações, e daí vem a confiança de Charles Leclerc de que "a Ferrari vai terminar o ano como a segunda força".

Isso seria importante para um time que, até pouco tempo atrás, ainda lutava com os saltos, problema que os rivais deixaram para trás antes desta temporada começar.

Outra questão é a gestão das corridas. Neste ano, não houve erros gritantes, como colocar Leclerc no composto mais duro quando fazia frio em Budapeste em 2022, mas volta e meia vemos dificuldades na comunicação e os pilotos insatisfeitos com o processo de tomada de decisões.

Essa promessa de chegada de novos integrantes é importante para uma prioridade da Ferrari: a renovação do contrato de Charles Leclerc. Tudo aponta que isso vai acontecer, mas a longevidade do compromisso depende da confiança do monegasco no projeto.

Já Carlos Sainz enfrenta uma decisão difícil, pois tem visto alguns exemplos neste ano de que não consegue abalar o prestígio de Leclerc. Mas outros times grandes têm suas prioridades já bem estabelecidas, e a solução para ele pode ser apostar em um projeto totalmente diferente, como o da Audi. Mas essa decisão pode esperar, uma vez que tanto ele, quanto Leclerc têm contrato até o final de 2024. Talvez seja uma boa esperar até que as contratações de Vasseur tenham algum efeito.

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