Pole Position

Pole Position

Reportagem

Como explicar o apagão da Red Bull e o que esperar do GP com Sainz na pole

A única coisa que deu certo para o líder absoluto da Fórmula 1, Max Verstappen, neste sábado em Singapura foi ter escapado sem punição de três investigações, duas por atrapalhar pilotos em voltas rápidas, e uma terceira por ficar esperando no pitlane, bloqueando os rivais, para abrir espaço na pista. Ele brigou com sua Red Bull desde os treinos livres e, mesmo com várias mudanças, a equipe não conseguiu chegar nem perto do rendimento que teve ao longo do campeonato. A ponto de ser difícil imaginar um cenário em que Verstappen, que larga em 11º, ou o companheiro Sergio Perez, possam vencer neste domingo. Seria a primeira vez que um piloto de outra equipe subiria ao lugar mais alto do pódio no ano.

Melhor para Carlos Sainz, que fez a pole position pela segunda corrida seguida e sai na frente na corrida que começa às 9h da manhã pelo horário de Brasília. Bom também para George Russell, que sai em segundo sabendo que sua Mercedes tem um ritmo melhor que a Ferrari. Charles Leclerc e Lando Norris saem na segunda fila.

Verstappen já largou em 15º na Arábia Saudita e foi segundo. Saiu de nono em Miami e venceu. Mas a história deste fim de semana é diferente. Naquelas ocasiões, a classificação foi ruim mas o ritmo era muito forte. Em Singapura, o carro não está respondendo às mudanças que a equipe vem tentando fazer.

Por que a Red Bull sofreu tanto?

E nem o motivo para isso é claro. A equipe primeiro avaliou que o novo assoalho trazido para Singapura não estava correspondendo e passou a usar o velho com ambos os carros a partir do terceiro treino livre. Isso não resolveu, então eles optaram ir para a classificação com o carro mais baixo, mudando o acerto. E os pilotos saíram da sessão que definiu o grid de largada dizendo que o carro bate no chão nas freadas, o que tira sua confiança, além de não estar equilibrado. Ora a dianteira teima em não virar, ora a traseira que escorrega demais. "Testamos muitas coisas e não deu certo. O carro está batendo no chão mas freadas, não tem sustentação nas curvas. E também não estamos rápidos nas retas", disse Verstappen.

Esse comportamento tende a melhorar na corrida, até porque os pilotos não levam o equipamento tão ao limite. Mas Verstappen e Perez, que larga em 13º, estão longe de terem a vantagem de outras corridas. O ritmo mostrado na sexta-feira foi veloz, mas não a ponto de dar grandes esperanças de uma reviravolta no domingo. Ainda mais em uma pista em que é difícil ultrapassar, e com um carro que está com muita carga aerodinâmica, e mais lento nas retas.

Há a questão da diretiva técnica que entrou em vigor neste fim de semana coibindo a flexibilidade das asas e bicos, e também o cerco mais apertado ao movimento das pranchas que ficam no assoalho. Não dá para cravar que isso tem relação com o que a Red Bull está vivendo porque já se viu no passado resultados diferentes em Singapura e carros fortes que simplesmente não se adaptam à pista.

Duas Ferrari contra uma Mercedes apontando em alta degradação

Perez, por exemplo, disse que é "impossível de imaginar para nós atacarmos as zebras do jeito que a Ferrari está fazendo". E se perde muito tempo com isso, para ficar em um exemplo. A Ferrari, na verdade, também está se surpreendendo com o ótimo rendimento até aqui, mesmo sabendo que seu ritmo de classificação é melhor do que o de corrida.

Continua após a publicidade

"Não temos a explicação de por que somos tão bons aqui. Aplicamos algumas coisas que aprendemos em Monza, mas não sei se é isso. Temos que esperar umas três ou quatro corridas para entender", disse Leclerc, menos à vontade com o carro do que o companheiro Sainz, que vem andando muito bem e cravou a pole pela segunda corrida seguida.

O espanhol quase foi superado por George Russell, outro que vem em grande fase. Ele disse que nunca pilotou tão bem na carreira como agora, e espera colher os frutos na corrida. A Mercedes foi a única equipe que guardou dois jogos de pneus médios, apostando em uma prova com mais degradação.

"Se for duas paradas, será vantagem para eles. Temos que ver como vai ser a degradação durante a corrida e se será necessário mudar a estratégia. Mas em Singapura é difícil ultrapassar", avaliou Sainz, indicando que a Ferrari vai para a prova com o plano de fazer uma parada, e pode mudar o plano de acordo com a degradação na primeira parte da prova.

Em Singapura, é comum que o líder segure um pouco o ritmo da corrida no começo justamente para parar menos vezes, se aproveitando da dificuldade em se ultrapassar. Fazendo isso, ele também deixa o pelotão mais compacto e desencoraja alguém a tentar parar e voltar com pista limpa para ganhar sua posição.

Antes da F1 chegar em Singapura, essa prova já era apontada como a grande chance de outra equipe vencer nesta temporada. Mas ninguém imaginaria que a Red Bull sofresse tanto como vimos neste sábado.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes