Como a McLaren foi de lanterna a tão veloz quanto a Red Bull em seis meses
Eles ainda não conseguem desafiar a Red Bull na luta por vitórias, mas o carro da McLaren já mostrou algumas vezes nos últimos meses igualar os já campeões por antecipação do mundial da Fórmula nas curvas de alta velocidade. Um feito e tanto para quem começou o ano lutando pelas últimas posições nas corridas.
Desde o lançamento, a McLaren não escondeu que não estava começando a temporada com o carro que gostaria. E colocou a quarta etapa, no Azerbaijão, como o início real do ano dos ótimos Lando Norris e Oscar Piastri, já que, enfim, teria o assoalho com o qual gostaria de ter iniciado o ano.
Eles até conseguiram pontuar antes disso, no tumultuado GP da Austrália, mas o assoalho não trouxe nenhuma mágica. A McLaren foi das últimas fileiras para uma eliminação quase certa no Q2, ou seja, ainda fora dos pontos na maioria dos circuitos. Até que chegou uma atualização em três fases, começando na nona etapa, na Áustria. Foi aí que a equipe que chegou a estar na lanterna passou a lutar por pódios.
O primeiro resultado que chamou muito a atenção foi o segundo e terceiro lugares no grid do GP da Grã-Bretanha, décima etapa. A McLaren ainda perdia nas retas e perdia (e ainda perde) muito nas curvas de baixa velocidade, mas eles, praticamente de uma hora para a outra, eram tão velozes quanto a Red Bull nas curvas de alta velocidade. Isso se confirmou na última etapa, no Japão, quando Norris e Piastri dividiram o pódio com Max Verstappen.
McLaren não perdeu tempo em se inspirar na Red Bull
A inspiração é clara. Enquanto equipes como Ferrari e Mercedes insistiram em conceitos diferentes aos que a Red Bull apresentou no primeiro ano das regras atuais da F1, em 2022, a McLaren se inspirou claramente nos agora bicampeões do mundo. Hoje, mecanicamente falando, não tem nenhum carro mais parecido com a Red Bull do que a McLaren. E essa mudança, que começou a ser feita em 2022, pode colher bons frutos no futuro.
Isso porque o time de Woking focou bem cedo em tentar entender como a Red Bull conseguia manter a altura do carro tão estável e ao mesmo tempo tão próxima do solo, algo fundamental para fazer essa geração atual de carros funcionar. É claro que isso não é simples, tem a ver com um conjunto de decisões que eles tomaram do lado mecânico e do lado aerodinâmico. E não dá para simplesmente copiar, é preciso entender.
E parece que a McLaren entendeu, pois o carro vem evoluindo com tudo o que eles estão acrescentando desde o início da atualização na Áustria. Em Suzuka, o chefe da equipe, Andrea Stella, explicou quais foram os quatro pontos modificados durante a temporada 2023 do ponto de vista aerodinâmico que transformaram o rendimento do carro.
Quais são as quatro principais áreas que transformaram a McLaren
Tudo começa na asa dianteira, cujo foco é jogar o máximo de fluxo de ar para fora, para que ele passe por fora dos pneus. As laterais do chassi foram alargadas e eles aprofundaram algo que foi apelidado na F1 de ?toboágua?, que é um grande sulco nas laterais para criar um ?corredor? de fluxo de ar que vai alimentar a parte traseira.
A parte que não vemos geralmente do assoalho (a não ser quando os carros são levantados após um acidente) também foi muito trabalhada, assim como as laterais da peça, e agora o time está focado em entender qual a melhor configuração de bean wing (a asa que fica na parte inferior da asa traseira, perto do resto do chassi) para conseguir uma interação que não atrapalhe a velocidade de reta ao mesmo tempo em que permite que eles usem asas traseiras mais carregadas, para ter bom desempenho nas curvas.
Eles ainda não conseguem ter a eficiência aerodinâmica da Red Bull, que permite que eles sejam velozes em vários tipos de curva ao mesmo tempo. Mas a evolução é incrível: após a oitava etapa, no Canadá, eles tinham só 17 pontos, enquanto a Aston Martin somava 154. Com seis corridas para o final, eles têm 172 contra 221 da Aston. Continuando nesse ritmo, eles vão tirar o quarto lugar do time de Silverstone.
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