FIA estipula limite de 18 voltas para pneus e muda a cara do GP do Qatar
Uma combinação entre o tipo de zebra do circuito de Lusail, no Qatar, com as cargas geradas nas curvas de raio longo e alta velocidade acabou sendo um coquetel preocupante para os pneus da Pirelli, gerando uma decisão incomum da Federação Internacional de Automobilismo. Os pilotos poderão usar cada jogo de pneus por um máximo de 18 voltas na corrida que começa às 14h pelo horário de Brasília. A decisão foi tomada cinco horas antes da largada. Isso, às vésperas do anúncio de que os italianos continuarão na F1 pelo menos até 2027.
Na prática, o limite de 18 voltas significa que os pilotos terão de fazer três paradas, uma a mais do que era inicialmente previsto. Se o piloto usar o pneu por mais tempo, levará uma bandeira preta e será desclassificado. As equipes já sabiam desde o sábado de manhã que essa era uma possibilidade, e viraram a noite mudando seus programas que ajudam na tomada de decisões estratégicas. Nenhum software trabalha com um número pré-determinado de paradas ou um limite rígido de voltas com um mesmo jogo de pneus. Então era preciso corrigir quaisquer anomalias que poderiam aparecer neste GP do Qatar.
Por que a F1 teve de impor um limite de voltas no GP do Qatar
Tudo começou após a única sessão de treinos livres, na sexta-feira, quando os pilotos estavam saindo bastante da pista, suja e sem aderência. A Pirelli notou uma anomalia em vários pneus, de todos os três compostos que estão sendo usados no Qatar.
Em análise microscópica, eles detectaram uma separação entre o composto e a carcaça do pneu, causada pela ação repetida das zebras especialmente em três curvas (12, 13 e 14), um trecho de alta velocidade e curvas longas. Após uma sequência de voltas, a tendência seria isso gerar perda de pressão e o furo do pneu.
Como ninguém tinha feito uma simulação de corrida com várias voltas no treino livre e a expectativa era de grande melhora na condição de pista, era difícil para a Pirelli estabelecer um limite.
Mas pelo menos os italianos entenderam que seria seguro fazer as 19 voltas da sprint após uma alteração na pista que diminuiria a exposição dos pneus às zebras das curvas 12 e 13. E, então, eles poderiam coletar dados para determinar se seria necessário limitar o número de voltas com um mesmo jogo de pneus na corrida.
Os pilotos se dividiram após disputarem as 19 voltas da sprint, vencida por Oscar Piastri e que confirmou o tricampeonato para Max Verstappen. Houve três períodos de Safety Car durante a mini corrida, o que ajudou os pneus a não terem maiores problemas.
"Se eles não têm certeza, espero que não brinquem com nossa segurança", disse Carlos Sainz após sofrer com o desgaste dos pneus macios na sprint, algo que não está relacionado aos problemas que preocupam a Pirelli. "Agora todos nós temos as informações. A Federação não deveria interferir, deveria ficar nas mãos das equipes para entender qual o risco que vale a pena correr", opinou George Russell, quarto na sprint e segundo no grid deste domingo.
Pneus roubam a cena também pelo desgaste
Há ainda outra preocupação em relação aos pneus. Russell chegou a liderar a sprint, mas foi ultrapassado por Piastri, Verstappen e Norris nas últimas voltas devido ao desgaste elevado do pneu macio.
Algumas equipes jogaram com isso na sprint, gastando o composto macio na corrida curta para terem mais médios para a corrida.
"Tivemos que jogar um jogo de pneu fora e a opção foi pelo macio. O foco foi em ter os melhores pneus guardados para o domingo", explicou Fernando Alonso, um dos pilotos que perderam terreno no final com os macios muito desgastados. As Ferrari seguiram o mesmo pensamento, focando em um bom resultado no domingo.
Com esse limite de 18 voltas, a vantagem de ter pneus mais frescos diminui, mas ainda existe. Para se ter uma ideia, um macio novo durava apenas oito voltas com um bom desempenho neste sábado. Então mesmo um composto médio usado rende melhor. Os dados de telemetria, inclusive, apontam que é mais benéfico usar na corrida um composto médio com cinco voltas do que um macio novo, tamanho o desgaste.
O pole position Verstappen tem apenas dois jogos de pneus novos (um duro e um médio). Como serão três paradas, os pilotos vão precisar usar quatro jogos de pneus na corrida. Ele tem também dois médios usados. O mesmo acontece com Sergio Perez, os dois pilotos da McLaren e com Lewis Hamilton, terceiro no grid, que tem ainda um jogo de macios novo. Já as Ferrari e Russell têm dois jogos novos (também um duro e um médio) e três médios usados.
E há ainda outras questões em aberto. Principalmente porque a sprint mostrou que o GP do Qatar pode ter vários períodos de Safety Car. Com esse limite de voltas para os pneus, o momento em que o SC entrar na pista, se for o caso, pode pegar alguns pilotos desprevenidos.
Verstappen é favorito e McLarens tentarão se recuperar
Só não dá para apostar em uma briga pela vitória. Os dois pilotos da McLaren, que vem andando muito bem neste fim de semana, tiveram voltas deletadas por passarem dos limites de pista e largam em sexto e décimo, com Piastri à frente de Norris. E usaram um jogo de pneus médios neste sábado. Largando mais perto de Verstappen estarão as Mercedes de George Russell e Lewis Hamilton. Russell guardou um jogo de pneus médios, mas o ritmo deles sugere uma corrida mais defensiva.
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Quero receberSerá interessante ver o que Fernando Alonso pode fazer saindo em quarto. A Aston Martin tem sido veloz nas retas pela primeira vez na temporada, e o espanhol guardou pneus médios para o GP. Mais atrás, as Ferrari torcem para que a previsão de que os ventos fortes dos últimos dois dias se acalmem, como já aconteceu durante a sprint, para que o carro fique menos arisco e desgaste menos os pneus, ainda que Leclerc e Sainz estejam sofrendo mais nesta pista em que os pneus dianteiros acabam antes dos traseiros.
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