F1 revela o que pode fazer a guerra de pneus voltar à categoria no futuro
A Fórmula 1 anunciou nesta terça-feira que a Pirelli vai continuar como fornecedora única de pneus da categoria pelo menos até o final de 2027, em contrato que pode ser estendido em mais um ano. Os italianos ganharam uma concorrência que tinha a Bridgestone como concorrente.
Mas por que a categoria insiste em ter apenas um fabricante de pneus quando há interesse de grandes marcas em estar no grid? A resposta para isso está nos custos, como explicou o CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali.
"Essa decisão foi tomada em conjunto com a FIA para garantir que seríamos capazes de controlar os custos do ecossistema da F1. Essa foi a principal razão pela qual deixamos de ter competição entre fornecedores de pneus. Já que isso no passado significava muitos testes, muita quilometragem e muita pesquisa", disse Domenicali.
O italiano, no entanto, levantou a hipótese de um eventual contrato com mais de uma fornecedora estabelecer limites de custo, possibilitando a volta do que se costuma chamar de "guerra de pneus" na Fórmula 1.
"Mas é um ponto relevante porque, no futuro, se você conseguir controlar com mecanismos diferentes o custo, por que não? Mas até agora isso não está na agenda de discussão nossa com a FIA ou as equipes."
Muita coisa mudou na F1 desde que havia mais de uma fornecedora - a última vez que isso aconteceu foi em 2006. Hoje, o contrato que a Pirelli acaba de renovar é firmado junto à categoria, e não individualmente com cada equipe. E, como cliente, a F1 tem direito a pedir aos italianos o produto que acredita ser o melhor para a competição, lembrando que o pneu é muito importante no automobilismo por ser o único elemento de interação entre carro e pista.
Os testes eram ilimitados naquela época, e os gastos também. Hoje, as equipes de F1 quase não podem colocar seus carros na pista fora dos finais de semana de corrida (o que permite que o calendário seja mais inchado). E têm de respeitar um limite de gastos.
Ou seja, qualquer possibilidade de retomar a guerra de pneus passaria muito provavelmente por contratos firmados com a F1 para evitar que uma equipe tenha um acordo especial com alguma fornecedora, e principalmente teria mecanismos para evitar uma escalada nos gastos.
A própria Pirelli, por meio de seu vice-presidente executivo Marco Tronchetti Provera, diz preferir que haja concorrência. "Ela é sempre boa, pois é uma chance de melhorarmos nossa tecnologia. Para nós, nunca foi um problema."
Nesta sua atual passagem na F1, no entanto, a Pirelli sempre foi fornecedora única, desde 2011. A Bridgestone também ficou sozinha entre 2007 e 2010 e, antes disso, protagonizou uma disputa direta com a Michelin.
Com o desenvolvimento liberado e contratos unilaterais com as equipes, os pneus eram muito mais duráveis. Por um lado, isso significava corridas que muitas vezes só tinham paradas nos boxes porque também havia reabastecimento durante as provas, o que também significa que as ultrapassagens eram mais raras do que hoje porque o rendimento do pneu era muito estável. Por outro lado, havia diferenças de performance dependendo da pista, o que podia ser interessante para o campeonato.
É difícil prever o que vai acontecer quando o atual contrato da Pirelli acabar. Os italianos já teriam avisado a F1 que não vão participar de uma nova concorrência, que não tem data para começar.
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