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Melhor plano para a Andretti entrar na F1 é esperar maré de otimismo baixar

Então a Fórmula 1 pulou de uma para três corridas nos Estados Unidos nos últimos anos. Adotou regras, como o formato sprint, que focam mais no espetáculo, como nos esportes norte-americanos. Tem um piloto norte-americano, Logan Sargeant, que vem provando a cada GP que seu progresso até a categoria foi acelerado por questões mercadológicas. Mas não consegue entrar em acordo para ter no grid uma equipe norte-americana com tradição em outras categorias e tendo por trás a gigante norte-americana GM.

Para entender essa história, precisamos voltar para 2021. O mundo saindo da pandemia e a Fórmula 1 começando a sentir no bolso os ganhos de sua nova audiência, renovada muito em função da série Dirigir Para Viver, da Netflix, e turbinada por um campeonato histórico.

Equipes que já vinham com dificuldades e que viveram momentos tensos na pandemia começam a se aproveitar desse novo momento. O valor dos times vai subindo e a avaliação geral do paddock é de que não é a hora de vender.

Andretti tentou comprar equipe na hora errada

É nesse momento que Michael Andretti vai batendo de porta em porta buscando alguém disposto a se desfazer do negócio. Chega a ter conversas avançadas com a Sauber, mas o negócio não vai adiante porque o norte-americano quer o controle total e os donos suecos da equipe suíça não querem se desfazer totalmente do negócio. Pouco tempo depois, eles venderiam 75% do time à Audi, conseguindo manter a fábrica na Suíça, como queriam.

Era outubro de 2021 e a Andretti percebeu que, embora a F1 estivesse voltada para os EUA, as portas estavam fechadas para eles. Em fevereiro de 2022, eles anunciaram que tentariam entrar no grid do jeito mais difícil: como uma nova equipe.

Um ano depois, a FIA anuncia a abertura de um processo para novas interessadas a entrar na F1. E a Andretti anuncia a parceria com a GM. A Cadillac daria nomes aos motores da equipe, primeiramente comprando alguma unidade de potência de outra marca, mas abrindo a possibilidade de também entrar como montadora.

Anúncio da parceria entre Andretti e Cadillac nas redes sociais
Anúncio da parceria entre Andretti e Cadillac nas redes sociais Imagem: Divulgação/Andretti Global

Dois anos depois que a última opção de comprar ruiu, a FIA anunciou que a Andretti tinha satisfeito os critérios técnicos, financeiros e de sustentabilidade determinados pela entidade e estava aprovada.

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Por mais que isso possa parecer um grande passo, era a parte mais simples para a candidatura da Andretti, apoiada pelo presidente da entidade, Mohammed ben Sulayem.

O grande obstáculo sempre foi chegar a um acordo com a Liberty Media.

Por que as equipes esnobam os dólares da Andretti

Mas com tanto apetite pelos dólares, não deveria ser tão difícil, certo? Errado, pela maneira como a F1 é organizada. A FIA é apenas um órgão regulatório, sem poder para determinar se o grid terá 11 equipes ou não. Até porque quem faz o contrato para que a equipe passe a fazer parte da divisão dos lucros é a Liberty Media, em uma negociação que envolve as demais equipes.

 Zak Brown, CEO da McLaren, apoiou publicamente candidatura da Andretti
Zak Brown, CEO da McLaren, apoiou publicamente candidatura da Andretti Imagem: Dan Mullan/Getty Images

Isso porque a definição dessa divisão dos lucros é determinada por um contrato, chamado de Pacto da Concórdia. O contrato atual vence em 2025, ano em que a Andretti pretende finalizar a construção de sua fábrica. As discussões sobre os novos termos estão em andamento e é possível que tenhamos uma definição já ano que vem. Com ou sem Andretti.

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No momento, a situação da candidatura parece muito difícil. Eles aparentam ter apoio da McLaren, ou pelo menos de seu CEO, o também norte-americano Zak Brown, e eventualmente da Alpine, se houvesse um acordo para o fornecimento de motores, embora essa história pareça ter dado uma guinada nas últimas semanas.

A lista para por aí. A F1 quer dólares. Desde que sua entrada não signifique que os lucros serão divididos com mais alguém. Isso, mesmo que as equipes consigam o aumento da chamada taxa de diluição, que hoje está em 200 milhões de dólares. Trata-se de um montante que uma 11ª equipe teria de pagar para as outras para entrar justamente para diluir as perdas com mais uma entrando na divisão. Os times querem que esse valor pelo menos triplique para 2026. Ou seja, para a entrada da Andretti, sob um novo Pacto da Concórdia.

E há também agendas particulares. As equipes sabem que os clubes e franquias esportivos do mundo estão passando por um momento de valorização. Eles não querem correr o risco de aumentar o número de times agora e, potencialmente, diluir o valor de uma possível venda.

E também há aqueles, como a Williams, que planejam investir pesado em infraestrutura. Eles não só precisam do dinheiro que ganham da Liberty, como também de garantias de que seu negócio não será afetado pela chegada de uma nova equipe. Afinal, há pouco tempo, esses times do fim do grid estavam lutando para existir e querem estabilidade.

Qual a solução para a Andretti?

A não ser que ocorra alguma reviravolta, é muito improvável que a Andretti passe por essa segunda fase e consiga entrar em acordo com a Liberty Media para entrar como 11ª equipe. Não existe nenhum prazo obrigatório para a decisão ser tomada e, mesmo com a pressão da FIA, nada impede que a decisão seja prorrogada diversas vezes para nunca ser tomada.

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Seria o fim da história da Andretti na F1? Não necessariamente. No mundo dos negócios, costuma-se dizer que tudo está à venda pelo preço certo. Equipes que hoje estão pedindo 1.5 a 2 bilhões de dólares podem, em um futuro próximo, se desvalorizar. A Red Bull pode não ver mais sentido em manter a AlphaTauri dependendo do que acontecer agora que os dois times terão uma colaboração mais próxima. E nunca se sabe o que acontece na Alpine, à mercê das decisões do board da Renault.

Afinal, a F1 quer os dólares. E prefere tê-los sem dividir nada com ninguém.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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