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Perez, Sargeant, Stroll: F1 entra em maratona final com pilotos sob pressão

"Tudo o que ele precisava era que a temporada acabasse agora para ele voltar renovado para o ano que vem". É uma frase que já escutei de gente da Red Bull sobre Sergio Perez, e de gente da Aston Martin sobre Lance Stroll. E Logan Sargeant, da Williams, pode nem ter esse luxo.

De qualquer maneira, as próximas semanas trarão exatamente o contrário: na reta final do campeonato, a Fórmula 1 fará cinco corridas em seis finais de semana. Serão três corridas em finais de semana seguidos em Austin, Cidade do México e São Paulo (sendo a primeira e a última, em formato sprint). Depois, Las Vegas faz sua estreia antes da última corrida em Abu Dhabi.

Esse combo de sprints, corridas em sequência e uma estreia (sob condições difíceis, com muito frio) é um cenário pouco animador para quem não anda em boa fase.

Sergio Perez tem ainda por cima um GP em casa, que vai deixá-lo ainda mais sob evidência.

A temporada do mexicano tem sido muito abaixo de seu potencial, e o ano praticamente perfeito do companheiro Max Verstappen infla ainda mais os números que pesam para o piloto. Já tricampeão, Verstappen estaria liderando, também, o mundial de construtores se estivesse sozinho na Red Bull, enquanto Perez tem Lewis Hamilton a 30 pontos e diminuindo a diferença.

A fase na pista é ruim, Perez teve alguns azares, como a maneira como foi tirado da corrida do Qatar, e ruídos dentro da Red Bull não ajudam. Enquanto o chefe da equipe, Christian Horner, diz que o mexicano funciona melhor com "um braço ao redor de seu ombro", o consultor Helmut Marko faz justamente o contrário e coloca a permanência do piloto na equipe em dúvida publicamente.

Independentemente do que o contrato de Perez estabelecer, a Red Bull já demonstrou no passado que sua decisão impera e eles acabaram ficando em uma posição mais forte após Liam Lawson substituir Daniel Ricciardo fazendo um ótimo trabalho.

Ao mesmo tempo, a McLaren segue melhorando, pontua com ambos pilotos, e o que parecia ser mais um ano de domínio da Red Bull começa a tomar tons diferentes e o time, por mais que tenha virado seu foco para 2024 muito antes que os rivais, precisa se precaver.

Então Perez sabe que, por mais que tenha contrato para 2024, é importante dar à equipe sinais de recuperação. Retornar ao que fez na Itália, um mês e meio atrás, seria um bom começo.

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O caso de Stroll depende mais dele mesmo. Ele tem pilotado com muita frustração, por uma equipe que não anda com o melhor dos ambientes nem mesmo do outro lado da garagem, com Fernando Alonso.

Do lado da equipe, sua posição está assegurada. Muito se falou sobre os "acionistas do time estarem pressionando por resultados", mas os acionistas são seu pai e o parceiro de negócios de longa data dele.

Sargeant tem até o final do ano para "bater metas"

Logan Sargeant, da Williams, ao fim do GP de Miami, que terminou em 20º e último lugar
Logan Sargeant, da Williams, ao fim do GP de Miami, que terminou em 20º e último lugar Imagem: Williams

Logan Sargeant é quem tem o prazo publicamente determinado pela equipe. Ele é outro que terá de lidar com a atenção extra de estar correndo em casa. Duas vezes: em Austin e em Las Vegas. A Williams vai esperar até o final do ano para que o estreante bata as metas pré-estabelecidas pela equipe.

Essas foram as palavras de James Vowles, chefe da Williams, que podem indicar metas de renovação automática já determinadas na assinatura do contrato deste ano. O britânico não elaborou sobre quais seriam essas metas.

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Isso explicaria por que agentes de pilotos que estão de olho no que é, efetivamente, a última vaga de 2024, trabalham com a informação de que ele tem dois anos de contrato. Seja como for, não é por acaso que a F1 segue a velha máxima de que "contratos foram feitos para serem quebrados".

Serão seis semanas intensas para esses pilotos e também para quem está buscando superar o companheiro ou conseguir uma posição melhor para sua equipe. Os pilotos da Ferrari estão separados por oito pontos, com Carlos Sainz à frente, e o time está a 28 pontos da Mercedes, que, por sua vez, terá um novo assoalho neste fim de semana em Austin, já pensando no desenvolvimento para 2024.

Há outra briga na Alpine. Pierre Gasly está dois pontos à frente de Esteban Ocon, seu antigo rival desde os tempos de kart.

A Aston Martin não acredita que vai conseguir segurar a McLaren, time que mais pontuou nas últimas provas, na luta pelo quarto lugar nas equipes. E a Williams está focada em atingir o feito de ser sétima colocada. Eles têm oito pontos de vantagem para a Alfa Romeo, que melhorou o carro recentemente e vem de pontuação com ambos os carros no Qatar.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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