Como o frio promete roubar a cena na estreia do GP noturno em Las Vegas
![Simulação divulgada pela F1 de um trecho do circuito de rua que será montado em Las Vegas Simulação divulgada pela F1 de um trecho do circuito de rua que será montado em Las Vegas](https://conteudo.imguol.com.br/c/esporte/32/2022/03/31/simulacao-divulgada-pela-f1-de-um-trecho-do-circuito-de-rua-que-sera-montado-em-las-vegas-1648723933224_v2_900x506.jpg)
Não é comum associar a cidade de Las Vegas ao frio, mas a proximidade do inverno e a programação noturna do GP que vai estrear neste fim de semana podem fazer com que a Fórmula 1 dispute a corrida mais gelada de sua história. Até mesmo os operadores de câmera terão roupas especiais para aguentar o frio.
No momento, a previsão é de que a temperatura fique perto dos 10º C, mas com tendência de queda. Como a região é de deserto, a amplitude térmica é alta, e a temperatura cai bastante à noite. Isso gera alguns desafios para a F1, especialmente para os pneus.
Asfalto frio + retas longas + sem curvas de alta velocidade
Existe toda uma combinação que está preocupando a Pirelli para esta prova. Primeiro, o asfalto frio tanto por conta da temperatura ambiente, quanto pela falta de sol. As sessões serão entre 20h até perto da meia-noite pelo horário local e, nesta época do ano, o sol se põe antes das 17h. Ou seja, os carros vão para a pista quando o asfalto já vai ter perdido muito calor do sol. Já é uma situação diferente de outros lugares em que a F1 corre à noite.
Junte-se a isso um asfalto mais liso, como é comum em pistas de rua, embora a F1 tenha feito um tratamento para gerar um pouco mais de abrasividade. Mas, de qualquer maneira, isso quer dizer que menos calor será gerado com a abrasão. E tem mais. A pista não tem curvas de alta velocidade, que também ajudariam a colocar temperatura nos pneus. E tem retas longas, que na verdade ajudam a superfície do pneu a perder calor.
Também durante as retas, o pneu estará girando de maneira mais veloz, o que aumenta a temperatura interna. Essa diferença entre a parte interna e externa do pneu costuma gerar granulamento, ou graining, que é sentido pelo piloto como falta de aderência.
Numa pista de rua, a chance de um Safety Car é maior, e isso também seria um fator complicador porque os pneus perdem temperatura com a corrida neutralizada e não é fácil recuperá-la. Isso vira uma bola de neve para o piloto, que não consegue forçar o ritmo porque não tem temperatura no pneu, e não consegue gerar essa temperatura porque não consegue forçar. Um exemplo recente aconteceu no GP da Cidade do México, com George Russell, que começou a perder rendimento e não se recuperou.
Frio também afeta outras áreas do carro
São condições que a F1 já encontrou em testes de pré-temporada, no inverno europeu, mas testes não são competitivos. Ou seja, você pode andar com um motor de motor mais conservador e não forçá-lo. Não desta vez.
Um carro de F1 funciona em uma janela relativamente pequena de operação. Se os freios estiverem frios depois de uma longa reta, o piloto vai bloquear as rodas ou passar reto. Se o motor estiver abaixo da temperatura ideal, também não vai funcionar como deveria, e assim por diante.
Para conseguir correr em lugares com temperaturas distintas, as equipes usam diferentes níveis de abertura em pontos estratégicos do carro. No México, por exemplo, já que o ar é menos denso, foi preciso aumentar a refrigeração. Para Las Vegas, vai acontecer o contrário.
A Fórmula 1 já correu em Las Vegas antes, mas nunca durante a noite. A etapa será realizada no sábado na cidade norte-americana, com largada às 3h da manhã do domingo no Brasil.
Deixe seu comentário