Como o frio promete roubar a cena na estreia do GP noturno em Las Vegas
Não é comum associar a cidade de Las Vegas ao frio, mas a proximidade do inverno e a programação noturna do GP que vai estrear neste fim de semana podem fazer com que a Fórmula 1 dispute a corrida mais gelada de sua história. Até mesmo os operadores de câmera terão roupas especiais para aguentar o frio.
No momento, a previsão é de que a temperatura fique perto dos 10º C, mas com tendência de queda. Como a região é de deserto, a amplitude térmica é alta, e a temperatura cai bastante à noite. Isso gera alguns desafios para a F1, especialmente para os pneus.
Asfalto frio + retas longas + sem curvas de alta velocidade
Existe toda uma combinação que está preocupando a Pirelli para esta prova. Primeiro, o asfalto frio tanto por conta da temperatura ambiente, quanto pela falta de sol. As sessões serão entre 20h até perto da meia-noite pelo horário local e, nesta época do ano, o sol se põe antes das 17h. Ou seja, os carros vão para a pista quando o asfalto já vai ter perdido muito calor do sol. Já é uma situação diferente de outros lugares em que a F1 corre à noite.
Junte-se a isso um asfalto mais liso, como é comum em pistas de rua, embora a F1 tenha feito um tratamento para gerar um pouco mais de abrasividade. Mas, de qualquer maneira, isso quer dizer que menos calor será gerado com a abrasão. E tem mais. A pista não tem curvas de alta velocidade, que também ajudariam a colocar temperatura nos pneus. E tem retas longas, que na verdade ajudam a superfície do pneu a perder calor.
Também durante as retas, o pneu estará girando de maneira mais veloz, o que aumenta a temperatura interna. Essa diferença entre a parte interna e externa do pneu costuma gerar granulamento, ou graining, que é sentido pelo piloto como falta de aderência.
Numa pista de rua, a chance de um Safety Car é maior, e isso também seria um fator complicador porque os pneus perdem temperatura com a corrida neutralizada e não é fácil recuperá-la. Isso vira uma bola de neve para o piloto, que não consegue forçar o ritmo porque não tem temperatura no pneu, e não consegue gerar essa temperatura porque não consegue forçar. Um exemplo recente aconteceu no GP da Cidade do México, com George Russell, que começou a perder rendimento e não se recuperou.
Frio também afeta outras áreas do carro
São condições que a F1 já encontrou em testes de pré-temporada, no inverno europeu, mas testes não são competitivos. Ou seja, você pode andar com um motor de motor mais conservador e não forçá-lo. Não desta vez.
Um carro de F1 funciona em uma janela relativamente pequena de operação. Se os freios estiverem frios depois de uma longa reta, o piloto vai bloquear as rodas ou passar reto. Se o motor estiver abaixo da temperatura ideal, também não vai funcionar como deveria, e assim por diante.
Para conseguir correr em lugares com temperaturas distintas, as equipes usam diferentes níveis de abertura em pontos estratégicos do carro. No México, por exemplo, já que o ar é menos denso, foi preciso aumentar a refrigeração. Para Las Vegas, vai acontecer o contrário.
A Fórmula 1 já correu em Las Vegas antes, mas nunca durante a noite. A etapa será realizada no sábado na cidade norte-americana, com largada às 3h da manhã do domingo no Brasil.
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