Como explicar a 4ª temporada com mais ultrapassagens na F1 em quase 40 anos
Max Verstappen dominou a temporada 2023 da Fórmula 1, isso é verdade. Mas também é verdade que o campeonato teve a quarta maior média de ultrapassagens por corrida desde que esses dados começaram a ser computados mais seriamente, em 1984. Foram 50 manobras por GP em média, número puxado para cima principalmente pelas corridas da Holanda (com incríveis 186 ultrapassagens) e Las Vegas, com 99, um dos números mais altos em corridas disputadas com pista seca na história da categoria.
O mais curioso é que 2023 começou com os pilotos reclamando da piora do efeito da turbulência nos carros. A F1 passou, em 2022, por uma mudança radical no regulamento justamente para diminuir e turbulência e permitir que os carros andassem próximos sem perder tanto rendimento. Isso aconteceu, e a média de ultrapassagens já tinha subido ano passado.
Mas também é normal que os engenheiros encontrem novas formas de fazer os carros irem mais rápido, e isso costuma gerar turbulência como subproduto. Então a queixa dos pilotos faz sentido.
Os números, por sua vez, mostram que há outros fatores que estão compensando esse aumento da turbulência. Desde 2021, a F1 tem duas regras que estão fazendo com que o grid fique mais compacto. Uma é o teto de gastos e outra é o limite de desenvolvimento aerodinâmico dependendo da posição no campeonato. Se você está mais na frente, tem menos tempo para melhorar o carro.
Isso com a mudança de regras de 2022 bagunçou o grid e também fez com as diferenças ficassem menores entre os carros. Prova disso é que, em várias oportunidades neste ano, os 20 pilotos ficaram divididos por menos de um segundo em sessões e até mesmo durante a sessão de classificação.
O resultado disso é que foram raras as provas em que não havia nenhum piloto largando fora de posição, ou seja, abaixo do que o equipamento permitia. E isso é sempre um ingrediente que gera ultrapassagens. Um grande exemplo foi Sergio Perez, que teve como posição média de largada o nono lugar, mas teve o segundo melhor ritmo de corrida de todo o grid ao longo do ano.
E teve também outro fator: foram vários os finais de semana com condições climáticas que mudaram de um dia para o outro, principalmente no meio do ano. Um carro bom na chuva pode não ser tão bom no seco e isso também ajuda a movimentar as provas.
São fatores que têm tudo para se repetir na temporada 2024, enquanto todos tentam ir à caça de Verstappen. O holandês teve como grande diferencial o ritmo com pneus usados aos domingos. Mesmo quando não fazia a pole position - e isso aconteceu em 10 das 22 etapas na temporada - ele rapidamente chegava à ponta, e só não venceu três GPs no ano.
Pelo menos, atrás dele, a briga foi boa.
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