Hamilton será piloto da Ferrari em 2025: maiores vencedores da F1 se unem
O piloto mais vencedor da história da Fórmula 1 se une à equipe mais vencedora da Fórmula 1 em uma transferência surpreendente e que foi confirmada nesta quinta-feira: o heptacampeão Lewis Hamilton deixará a Mercedes no final de 2024 e se juntará à Ferrari. O inglês terá 40 anos quando se tornar companheiro de Charles Leclerc na Scuderia.
O anúncio desta quinta-feira foi feito primeiro pela Mercedes confirmando a saída do heptacampeão ao final desta temporada. Hamilton acionou uma cláusula que o liberava um ano antes do final do atual acordo e rompe com a Mercedes depois de 11 anos na equipe de fábrica e 17 anos correndo com motores Mercedes na F1. "A Mercedes é onde eu cresci, então a decisão de sair foi uma das mais difíceis que eu já tive que tomar. Mas é a hora certa para um dar esse passo e assumir um novo desafio", declarou em comunicado.
Minutos depois, a Ferrari soltou uma nota curta, dizendo que "a Scuderia Ferrari em o prazer de anunciar que Lewis Hamilton se juntará à equipe em 2025, com um contrato multianual."
Com o novo contrato, Hamilton demonstra confiar no projeto liderado por Fred Vasseur desde o ano passado. Principalmente apostando que a Scuderia estará bem posicionada para se aproveitar de regras que vão mudar de maneira significativa os carros e motores em 2026. Vasseur contratou recentemente o engenheiro Loic Serra, que era diretor de performance veicular da Mercedes, e isso teria ajudado a atrair o heptacampeão.
Na verdade, ele fez aposta semelhante quando trocou a McLaren pela Mercedes, em um anúncio que também surpreendeu o mundo da F1 em 2012. Dois anos depois, a Mercedes usava o novo regulamento para se tornar dominante na categoria.
Vasseur foi um fator importante nesta decisão, já que tem a confiança de Hamilton desde a época em que ambos trabalharam juntos nas categorias de base. O francês tem trabalhado na reestruturação da equipe, que não vence um campeonato de pilotos desde 2007, curiosamente, ano da estreia de Hamilton.
A questão é se Hamilton terá tempo para aproveitar essa reestruturação. Mesmo aos 38 anos, ele vem de uma temporada forte ano passado, em que pese as deficiências do carro da Mercedes. E o exemplo de Fernando Alonso, andando forte aos 42 anos pela Aston Martin, é um bom parâmetro para o inglês.
Mesmo com as dúvidas do que vai acontecer nas pistas, do ponto de vista dos negócios é uma parceria gigantesca para a F1. Para se ter uma ideia da repercussão do anúncio, desde que a transferência foi dada como certa, ainda de manhã na Europa, as ações da Ferrari dispararam. O valor passou de 317 euros ao meio dia para 350 às 17h, um aumento de mais de 10%.
Saída de Hamilton é mau sinal para a Mercedes
A decisão de Hamilton também demonstra certa incredulidade quanto a uma recuperação mais veloz da Mercedes, que caiu de produção com a adoção de um novo regulamento em 2022. Mesmo com a volta do diretor técnico James Allison e a renovação do contrato do chefe Toto Wolff não foram suficientes para segurar o piloto.
O time vem prometendo um carro completamente diferente neste ano, e a saída de Hamilton não é um bom sinal pelo menos em relação à impressão dele a respeito da equipe, que ficou sabendo da saída do heptacampeão em uma curta reunião na fábrica do time nesta quinta-feira.
Até porque Hamilton deixa para trás uma série de regalias que conquistou ao longo de 11 anos e seis títulos de pilotos, oito de construtores, na Mercedes. Ele tinha grande abertura e apoio para seus projetos de promoção da diversidade dentro da equipe e comercializava seus direitos de imagem, além de ter a liberdade de atuar em uma série de projetos paralelos. E até para coisas mais simples: Hamilton sempre chega no circuito usando suas próprias roupas, enquanto a maioria usa já o uniforme da equipe.
Será interessante observar como essa dinâmica funciona na Ferrari, tradicionalmente bem mais restrita em relação às atividades de seus pilotos. E essa questão da diversidade também será um tema importante, já que a Scuderia é um dos times que menos trabalha nesse sentido atualmente.
Quem será o substituto de Hamilton e qual o futuro de Sainz?
A saída antecipada de Hamilton, que tinha um contrato para este ano com a opção de seguir na Mercedes também em 2025, atrapalha os planos da equipe de aguardar os resultados do jovem talentoso Kimi Antonelli em sua estreia na F2 para determinar se ele poderia suceder o inglês na equipe em 2026.
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Quero receberEsse era o plano inicial e provavelmente teve seu impacto na decisão de Hamilton, que sabe da oportunidade especialmente das equipes que fabricam seus próprios motores darem um salto importante com o regulamento de 2026. Por conta disso, não seria o momento de pensar em aposentadoria.
Então a Mercedes fica em uma posição de decidir se pensa a curto prazo, preferindo um piloto já mais estabelecido (e o nome de Fernando Alonso faz sentido porque ele não teria a expectativa de ficar por muitas temporadas) ou faz uma aposta ousada pensando no longo prazo e acelera (ainda mais) a carreira de Antonelli, que ainda tem 17 anos e acaba de dar um salto grande para a F2.
De certa forma, a situação é a mesma para o atual companheiro de Leclerc, Carlos Sainz. O espanhol queria um contrato de dois anos com a Ferrari, já podendo ter mais informações sobre o projeto de 2026, mas agora terá de fazer uma aposta mais no escuro. A Aston Martin, que será equipe de fábrica da Honda, poderia ser uma boa opção e o espanhol interessa à Audi, que entra com equipe própria em 2026.
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