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Mercedes fala em oportunidade de ousar: quem pode substituir Hamilton?

O primeiro ponto que Toto Wolff quis deixar claro quando começou a falar sobre quem ficará com a vaga que será deixada por Lewis Hamilton na Mercedes ao final de 2024 é que ninguém pode substituí-lo. De fato, estamos falando de um heptacampeão mundial, que mesmo aos 38 anos dominou o companheiro George Russell na última temporada. E que decidiu trocar a Mercedes pela Ferrari após 11 anos no time com o qual venceu seis de seus campeonatos.

Insubstituível ou não, Hamilton deixa uma vaga bastante cobiçada. Russell é tido como um dos grandes pilotos de sua geração, colecionou títulos nas categorias de base, teve alguns resultados de respeito nos três anos de Williams, mas é o primeiro a reconhecer que não tem conseguido ter o nível de consistência que gostaria na Mercedes. E isso ficou especialmente claro ano passado, quando Hamilton subiu de produção.

Parte dessa inconsistência pode ser colocada na conta do carro, que dificultou a vida dos pilotos da Mercedes nos últimos dois anos. Mas também abre uma possibilidade rara: entrar em um time grande ao lado de um piloto que ainda não está totalmente confortável. Digamos que é bem diferente da outra vaga que ainda não está confirmada para 2025, ao lado de Max Verstappen na Red Bull.

Qual seria a escolha mais ousada para a Mercedes?

Então, interessados não faltam, e pilotos em fim de contrato, também. Doze dos 20 pilotos do grid não têm assento garantido para 2025. Além deles, a Mercedes tem de levar em consideração a evolução do jovem Kimi Antonelli, de 17 anos, que acaba de dar um salto grande para a Fórmula 2.

Ele é tido como um fora de série, é piloto Mercedes, e estava sendo preparado para subir para o time em 2026. Isso, é lógico, dependia de seu desempenho, mas o plano era colocá-lo na Williams em 2025 e na Mercedes no ano seguinte.

O piloto do programa de jovens da Mercedes, Andrea Kimi Antonelli
O piloto do programa de jovens da Mercedes, Andrea Kimi Antonelli Imagem: Mercedes-Benz AG

Quando comentava sobre escolher quem ficará com a vaga de Hamilton, Wolff disse que gosta de ver mudanças como oportunidades, e a Mercedes agora tem uma oportunidade de ousar. Está aí a mais ousada das escolhas: promover Antonelli aos 18 anos. Ele não tem a superlicença no momento, mas só precisa fazer aniversário, tirar carteira de motorista e completar 300km em um teste.

São regras, inclusive, que foram criadas depois da chegada de Verstappen, que também pulou etapas e chegou à F1 aos 17 anos. Mas não direto em um time grande. O próprio Hamilton, sim, foi direto da F2 (na época, GP2) para disputar vitórias na McLaren. Mas ele tinha 22 anos. Ou seja, não é impossível. Mas é ousado.

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E entre os pilotos que já estão no grid?

Se a avaliação for de que Antonelli está ainda muito verde para assumir tamanha responsabilidade, um caminho ideal seria ter um piloto que não tem a expectativa de ficar por muito tempo e pode ajudar Russell a se desenvolver. E só há uma opção nesse sentido, Fernando Alonso.

O espanhol deve esperar o campeonato começar para se movimentar, tendo visto como o pelotão está próximo e como é difícil prever quem estará na luta por pódios. Afinal, ele assinou para uma Aston Martin que sofria para entrar nos pontos, se acostumou aos pódios no começo de 2023, e depois viu o time cair de produção. Nada impede que eles retomem a fase positiva em 2024.

Uma opção de menos peso, mas que seria muito valiosa para a Mercedes é Carlos Sainz. Ele traz experiência de Ferrari, Renault, McLaren e Toro Rosso, é conhecido pelo retorno técnico que agrada aos engenheiros e é consistente.

Indo mais para perto da esfera Mercedes temos Alex Albon e Esteban Ocon. Albon é piloto da parceira Williams e já há algum tempo circulam rumores de que toda a campanha do chefe James Vowles para fazê-lo assinar um compromisso longo não está dando certo. Ele não vê a Williams se recuperando a médio prazo e está no radar de vários times. E Ocon tem relação direta com Wolff, e é outro que está infeliz em seu atual time, a Alpine. Convenhamos, não seriam escolhas ousadas.

A lista de pilotos sem contrato para 2025 é longa. Ricciardo, Tsunoda, Perez, Gasly, Sargeant, Hulkenberg, Magnussen, Bottas, Zhou. Nem todos, é claro, fazem parte da lista da Mercedes. Mas Toto está certo em não ter pressa. Se ele acredita que o carro de 2024 da Mercedes vai ser mais previsível que os anteriores, acredita também que vai chover piloto querendo a vaga de Hamilton.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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