Grid da F1 ganha carro preto e verde com a busca da Stake F1 por identidade
O primeiro lançamento não-virtual da Fórmula 1 em 2024 é daqueles que vêm com várias notas de rodapé. A suíça Stake F1 Team Kick Sauber, ex-Alfa Romeo (marca italiana) e que vai se tornar (a alemã) Audi, apresentou em Londres, na Inglaterra, o C44, carro do finlandês Valtteri Bottas e do chinês Guanyu Zhou. Que, por sinal, era o único que estava em casa, já que mora na capital britânica.
Essa mistura mostra bem o momento da equipe: transição pura. Com direito a uma nova identidade visual, com verde e preto, já com data de validade para ser trocada novamente. "Vocês definitivamente não vão confundir a gente na pista", disse o chinês no lançamento do novo visual do time. E o diretor técnico, James Key, adiantou que o carro será bastante diferente em relação ao que começou o ano passado, embora a maior parte das mudanças tenha acontecido em lugares pouco visíveis.
The C44, Unleashed pic.twitter.com/On1VpWLVmx
-- Stake F1 Team (@stakef1team) February 5, 2024
Voltando à transição, para a Alfa Romeo, não fazia mais sentido manter o acordo de patrocínio que começou em 2018 e mudou as cores da equipe que já não pertencia mais a seu fundador, Peter Sauber, tendo sido vendida para um grupo de investimentos sueco. Esse grupo, por sua vez, vendeu 75% da equipe para a Audi. Mas os alemães só vão dar nome ao time a partir de 2026, quando vão entrar na F1 também com motor próprio, aproveitando-se de uma mudança de regras. Um bom exemplo de como está funcionando essa transição é que o chefe da Audi na F1, Andreas Seidl, estava presente, mas sem o uniforme do time.
Era preciso encontrar outro patrocinador, de preferência, dando nome ao time, já que isso significa um investimento maior. É aí que entram os nomes Kick e Stake. Na verdade, são dois braços da mesma empresa, australiana, unindo o mundo das apostas ao streaming, e que já eram parceiros da ex-Alfa. Kick daria nome ao carro e Stake, à equipe. Porém, como há restrições à publicidade relacionada ao ramo de apostas em alguns países, é bem capaz que só o tradicional nome Sauber pegue mesmo.
O lançamento foi em grande estilo, no Guildhall, prédio que faz parte da história de Londres, numa área que era usada como anfiteatro na época em que os romanos dominavam a cidade e que foi usado como centro administrativo na Idade Média. O que não deixa de ser irônico, já que a nova identidade da equipe está ligada a empresas jovens.
Um lançamento grandioso talvez tentando desviar a atenção de uma série de pontos em que a futura Audi ainda engatinha. Lá se vão quase 18 meses do anúncio da compra e ainda não vieram as contratações de peso que eram esperadas O projeto está sendo liderado pelo competente Seidl, mas volta e meia há rumores sobre atrasos no desenvolvimento do motor da Audi e dúvidas sobre como esse processo de transição pode influenciar o rendimento da equipe na pista.
Uma coisa é certa: em 2023, eles viram os rivais evoluírem e ficaram para trás, indo do sexto lugar, com 55 pontos, para o penúltimo, com apenas 16. Isso teve muita relação com o peso do carro. Quando a F1 mudou de regulamento, em 2022, a então Alfa Romeo foi a equipe que conseguiu chegar mais rapidamente próxima do peso mínimo, o que lhe deu vantagem de performance. Com a melhora dos rivais nesse sentido, eles foram ficando para trás.
Junte-se isso a atualizações que não funcionaram como esperado no meio da temporada e mudanças que agradaram os pilotos na segunda parte do campeonato, mas que não deram resultado de maneira consistente, e a Alfa perdeu bastante terreno para a AlphaTauri nas últimas provas de 2023.
Não é de se esperar algo muito diferente, apesar das mudanças externas. O nível de competitividade das equipes do fundo do grid tem sido bem alto, mesmo com as limitações da Haas. E seria uma surpresa uma equipe que passa por um momento de tantas incertezas surpreender enquanto a Williams está se fortalecendo e a ex-AlphaTauri e agora V-CARB está apostando alto no estreitamento da relação com a Red Bull.
Mesmo assim, podemos ouvir falar bastante desse projeto quando o assunto for o mercado de pilotos. Depois que Lewis Hamilton fez o primeiro grande movimento, trocando a Mercedes pela Ferrari, mais peças vão se mexer e a vaga de líder do projeto da Audi ainda está em aberto. Sabe-se que Carlos Sainz é um nome bastante cotado, até pela boa relação dele com Seidl, e talvez seja uma boa ideia chegar no time já em 2025, um ano antes da nova mudança de nome, para ajudar a organizar a casa antes de mais uma transição.
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