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Mercedes traz toque de flechas de prata de volta em despedida de Hamilton

A Mercedes lançou um carro com a tradicional cor prata no bico e em parte das laterais de volta um ano depois de apresentar um carro praticamente sem pintura, na busca de economizar peso. Isso significa que o time conseguiu "emagrecer" o carro, mas esta está longe de ser a única diferença de um time que passou em branco ano passado, sem vitórias.

As mudanças incluem uma nova geometria de suspensão na traseira, mais próxima ao que a Red Bull vem fazendo. Um novo chassi, algo que não podia se alterado durante o ano passado devido aos custos envolvidos, e uma nova caixa de câmbio. Ou seja, houve um grande trabalho na traseira do carro para deixá-lo mais previsível e também para mantê-lo o mais próximo possível do solo.

O bico também está mais curto, sendo ligado ao segundo elemento da asa dianteira. Com isso, existe um espaço entre o elemento da asa que fica mais próximo do solo e o início do bico, algo que já vimos em outros carros, como na Aston Martin e Ferrari, por exemplo. Isso representa uma mudança na maneira como o fluxo de ar é trabalhado desde a frente do carro, e funciona em harmonia com o resto da aerodinâmica.

"Progredimos em algumas das áreas mais desagradáveis do W14 ao longo do ano passado", lembrou George Russell. "Mas ainda tínhamos uma janela operacional estreita e, quando o carro saía dela, era difícil de pilotar. Se pudermos continuar a ampliar essa janela operacional do carro, isso nos dará confiança para pilotar e, a partir daí, será mais fácil encontrar tempo da volta", acrescentou.

Mas também é justo dizer que a Mercedes lançou seu carro para a temporada 2024 da Fórmula 1 ainda se recuperando do choque pela decisão de Lewis Hamilton de deixar o time um ano antes do final de seu contrato e ir para a Ferrari. Não por acaso, esse foi o primeiro tema abordado no curto vídeo de lançamento, apresentado já de Silverstone, onde o time coloca o carro na pista ainda nesta quarta-feira.

"Obviamente, será nossa última temporada com Lewis, então estamos muito empolgados em dar a ele um carro bastante rápido", disse o chefe Toto Wolff. Perguntado sobre a transferência, Hamilton primeiro disse que têm sido dias emocionantes e preferiu falar de sua atual equipe. "É surreal estar aqui, dado que cheguei em 2013 e estou começando minha 12ª temporada na equipe. É um privilégio trabalhar com esse grupo de pessoas."

Mesmo que o inglês garanta que está de saída após mais de 10 anos para ir em busca de um novo desafio, é inevitável perguntar: será que o heptacampeão não acredita na recuperação da Mercedes a curto prazo?

O time foi vice-campeão ano passado, por três pontos, mais em função do ritmo de corrida mais forte que o da Ferrari, que tinha um carro mais veloz, porém que sofria muito com o desgaste de pneus.

A Mercedes, por sua vez, era muito inconsistente quando os pilotos tinham que tirar o máximo de desempenho, na classificação, e por várias vezes Hamilton e George Russell tiveram que fazer corridas de recuperação.

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O carro mudou bastante ao longo do ano passado, mas chegou a um limite ligado a uma mistura entre itens homologados e o teto orçamentário, que impedia a troca de chassi, por exemplo.

Então, enquanto a Mercedes fez alguns testes em 2023, eles só vão comprovar se as mudanças necessárias no projeto (e que são muitas, já que eles falam na revisão "de todos os componentes") vão funcionar quando o carro for para a pista. O diretor técnico, James Allison, que voltou ano passado ao projeto da F1, admitiu que a equipe "valorizou as coisas erradas" quando o regulamento mudou em 2022. E agora vai focar em tentar deixar o carro próximo ao solo de maneira estável, o que deveria ter sido a prioridade inicial e foi conquistado pela Red Bull.

Nesta quarta-feira, eles fazem um shakedown, apenas algumas voltas para testar os sistemas do carro, mas os pilotos vão poder forçar mesmo e sentir se o comportamento no limite mudou na pré-temporada, que começa dia 21 de fevereiro.

A equipe diz que já dá para sentir a diferença no simulador, mas sempre existe o temor de que o carro volte a saltar quando andar na pista, algo que obrigou a Mercedes a andar com uma configuração não otimizada nos últimos dois anos.

Como será a dinâmica interna com Hamilton de saída?

Outro ponto interessante a se observar na Mercedes é como será a dinâmica do time agora que todos já sabem que Hamilton está de saída. Ele preferiu fazer o anúncio logo depois da assinatura do contrato para dar tempo ao time encontrar um substituto (e também, convenhamos, porque seria quase impossível segurar uma informação como esta).

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De qualquer maneira, isso deixa Russell em uma posição que ele não esperava ter tão cedo: a aposta de liderança da Mercedes. Mas ele é o primeiro a admitir que ficou devendo na pista ano passado e precisa subir de nível para realmente ser visto dessa maneira.

Ele sabe que Kimi Antonelli, que ainda está na F2, está sendo preparado com a expectativa de ser um novo multicampeão no futuro. Então, mesmo com Hamilton de saída, sua posição não é tão tranquila quanto possa parecer.

Serão três dias de testes na pré-temporada da F1 antes da primeira corrida, realizada em um sábado, dia 2 de março, no Bahrein.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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