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Red Bull vende um clima de união na equipe e apresenta carro com mudanças

A Red Bull vem de uma das temporadas mais dominantes da história da Fórmula 1, mas não teve uma preparação tão tranquila quanto era de se esperar para a temporada 2024, em que Max Verstappen tentará o tetracampeonato, em meio à investigação sobre uma denúncia interna de comportamento inapropriado do chefe, Christian Horner.

Ele não só estava lá no lançamento do RB20, como foi um dos personagens centrais de uma apresentação com várias referências à 20ª temporada da equipe na Fórmula 1. E que também pelo menos começa com Horner no comando pelo 20º ano seguido. Horner, inclusive, disse que estará no Bahrein na primeira corrida do ano e repetiu que está "tudo normal" no seu dia a dia mesmo com as investigações, que não quis detalhar.

"Momentos de incerteza fazem com que o time se una e nunca vi o time dar tanto apoio quanto agora. Todos estão focados na performance do carro e em defender os dois campeonatos. O apoio dos acionistas e dos engenheiros tem sido enorme. Há um processo que está andando no momento, algumas alegações que eu nego totalmente foram feitas. Estou colaborando com o processo e vou continuar colaborando até que ele termine. A posição da Red Bull é de que tudo continua como normal durante o processo. Há um trabalho a ser feito e meu papel continua", disse.

Os pilotos seguiram na mesma linha. Perez disse que eles estão "mais unidos do que nunca" e Verstappen garantiu que todos estão "trabalhando muito felizes juntos". E são frases que têm explicação. Desde o ano passado, já se comentava sobre uma disputa por poder entre Horner e o consultor Helmut Marko.

O austríaco estava no lançamento, acompanhado in loco pelo UOL Esporte, mas não posou para fotos ou deu entrevistas dentro da programação da equipe.

Do ponto de vista técnico, a Red Bull também tem perdido profissionais nos últimos anos, primeiro para Aston Martin e depois para McLaren e Ferrari. Isso tem relação, é claro, com o sucesso do time, mas também com o teto orçamentário, que impede que eles consigam cobrir todas as ofertas.

Novo carro nasce com formato diferente em área copiada por rivais

Dentro da pista, pelo menos até agora, nenhum desses fatores que poderiam trazer tensão afetou o rendimento da equipe. Eles fecharam o ano ainda com uma vantagem importante no ritmo com pneus usados, algo fundamental para vencer corridas. Isso, mesmo tendo desenvolvido muito pouco o carro de 2023.

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Isso tem relação à punição que eles estavam cumprindo por terem passado do teto orçamentário em 2021, o que diminuiu o tempo de túnel de vento. Agora, eles seguem com menos tempo que todos os rivais, mas isso tem relação apenas à posição no campeonato. Quanto mais à frente você está, menos porcentagem de desenvolvimento aerodinâmico tem à disposição.

Como a Red Bull entendeu logo de cara como fazer um carro vencedor com as regras que foram introduzidas em 2022 e trabalhou de maneira a diminuir a dependência das simulações em túnel de vento e em computador (que também entram nessa limitação), eles conseguiram absorver a punição sem que isso gerasse queda de rendimento.

Mas mesmo estando no caminho certo desde a mudança de regulamento de 2022 na F1, eles não deixaram de inovar no carro. Quando todas as equipes estão mudando as laterais de seus carros para seguirem a linha da Red Bull, que avançou a entrada de ar do radiador e fez um recorte na porção inferior das laterais para usar esse fluxo de ar para alimentar a parte traseira do carro, eles adotaram formas ainda mais agressivas.

"É muito interessante o conceito do Red Bull para esta temporada e o quanto o carro mudou", disse um empolgado Perez no lançamento. "Tenho certeza de que há vários engenheiros olhando todas as informações do carro, mas só o tempo dirá quem seguiu o melhor caminho."

Até porque o carro de 2023 ainda não era perfeito. Eles perderam oito poles positions, sete para a Ferrari e uma para a Mercedes. Isso tem a ver com dois fatores, que estão interligados: o carro tende a não aquecer bem os pneus dianteiros, e isso muitas vezes foi acentuado pelo acerto escolhido visando proteger os pneus na corrida. A tática deu certo, eles só perderam uma corrida, também para a Ferrari, mas é de se esperar que a tal evolução citada por Newey seja nesse sentido.

Max Verstappen conseguiu encontrar uma maneira de colocar mais energia nos pneus dianteiros, o que lhe deu a confiança para atacar que Sergio Perez não teve em grande parte do ano. O resultado foi um abismo nas classificações, quando a confiança é muito importante, e levou a uma diferença significativa também no campeonato, mesmo com o mexicano sendo vice.

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Para a Red Bull, isso não foi um problema em 2023: Verstappen não precisa ser pressionado por um companheiro para andar muito forte, a equipe foi campeã de construtores com antecipação, e pela primeira vez em sua história eles conquistaram a resultado perfeito (os dois títulos e o vice de pilotos).

Porém, a tendência quando se mantém um pacote de regras, e será assim na F1 até 2026, é que o pelotão vá se aproximando. E Perez sabe que a Red Bull vai precisar de dois pilotos mais consistentes caso isso se confirme.

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