Por que Sainz é queridinho no mercado de pilotos da Fórmula 1
Se piloto de Fórmula 1 tivesse vínculo trabalhista de CLT, daria para dizer que Carlos Sainz está cumprindo aviso prévio na Ferrari. Afinal, ele sabe que vai perder a vaga para Lewis Hamilton no ano que vem e está à procura de uma equipe em um momento ao mesmo tempo cheio de oportunidades e em que é difícil tomar uma decisão.
Sainz está longe de ser o único piloto correndo sem saber o que vai fazer em 2025. Ou seja, várias vagas podem abrir. Porém, há uma grande mudança de regulamento por aí, em 2026, e, quando isso acontecer, a chance de relação de forças mudar é bastante grande.
Que o diga a Mercedes, que é um grande exemplo disso. Eles beliscavam pódios em 2013 e passaram a dominar no ano seguinte justamente porque o regulamento mudou. Depois, passaram de oito títulos seguidos e de terem uma briga apertada com a Red Bull em 2021 para oscilarem entre a terceira e quinta forças na maioria das provas de lá para cá.
Por que Sainz tem o passe valorizado na F1?
Do lado de Sainz, primeiro ele tem que manter as boas performances que vem tendo na Ferrari, ora um pouco à frente, ora ou pouco atrás de Charles Leclerc, considerado um piloto muito veloz. Mais do que isso: ele algumas vezes demonstrou ser um piloto com qualidades que faltam no monegasco, sendo mais incisivo sobre estratégias e tendo uma ótima leitura de corrida. No paddock da F1, ele é muito bem visto pelos engenheiros por sua capacidade técnica e dedicação. É um estudioso e, por isso, está em constante evolução.
E olha que não falta engenheiro ou mecânico ou chefe de equipe que tenha trabalhado com Sainz. Ele estreou na Toro Rosso, depois passou pela Renault e pela McLaren antes de chegar à Ferrari. E deixou uma boa impressão por onde passou.
"Ele é um dos pilotos mais bem avaliados no paddock", diz Leclerc. "E ele tem sido extremamente forte sempre que esteve em um carro de Fórmula 1. E é por isso que já disse muitas vezes que não estou muito preocupado com o futuro dele, porque tenho certeza que muitos, muitos chefes de equipe estão... Ele não diz isso, mas com certeza estão conversando com ele."
Talvez não com ele exatamente, mas certamente com seu pai, o campeão de rali e do Dakar Carlos Sainz e com seu empresário e primo, Carlos Oñoros. Eles foram vistos se reunindo com Toto Wolff, da Mercedes, na Arábia Saudita e já mantêm conversas há meses com a Audi, comandada por um ex-chefe de Sainz, Andreas Seidl. Outra possibilidade é a transferência para a Aston Martin, caso Fernando Alonso decida se aposentar (uma vez que o chefe da equipe, Mike Krack, já disse algumas vezes que o asturiano tem a preferência do time).
Sainz pode ir para a Red Bull?
E, agora, Christian Horner o colocou na lista da Red Bull. Isso é particularmente curioso porque Sainz fez parte do programa de jovens pilotos deles, mas partiu para voo solo após duas temporadas. O espanhol não foi uma contratação de Helmut Marko, ao contrário de praticamente todos os outros jovens da Red Bull, e encontrava resistência do consultor, que protegia sua "cria", Max Verstappen.
Foi por acreditar que não tinha espaço na Red Bull com Verstappen e Marko por lá que Sainz saiu. Então, por mais que não seja nenhum absurdo pensar que Sainz poderia interessar ao time agora, não deixa de ser no mínimo suspeito que Christian Horner tenha dito que "não dá para desconsiderar nenhuma hipótese", referindo-se ao espanhol. Afinal, ele e Marko vivem em pé de guerra atualmente na Red Bull. E Max Verstappen já deixou claro que, se Marko sair, ele vai junto.
Politicagens à parte, a escolha da nova equipe passa também pela expectativa com as regras de 2026, com mudanças nos carros e ainda mais profundas nos motores. Eles vão voltar a ser um diferencial de performance, então, primeiramente, é preciso estar em uma equipe que fabrica seus motores. E, ao que tudo indica, observado por Mercedes, Audi, Red Bull e Aston Martin (que será a equipe de fábrica da Honda em 2026), Sainz pode curtir o aviso prévio à vontade porque não vai amargar na fila do desemprego.
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