Japonês Yuki Tsunoda sobreviveu aos métodos de Marko na F1, mas e agora?
Quando o consultor e responsável pelo programa de jovens pilotos da Red Bull, Helmut Marko, promoveu Yuki Tsunoda à Fórmula 1 em 2021, a impressão geral era de que ele tinha visto algo muito especial no japonês de 20 anos. Afinal, além da pouca idade, ele tinha passado apenas dois anos no automobilismo europeu, com uma temporada na F3 e uma na F2, com bons resultados, mas sem brigar pelo título.
Logo ficou claro que Marko tinha apressado a carreira de Tsunoda. Imaturo, ele respondia à pressão com xingamentos até gratuitos no rádio, e levou algumas "punições" do consultor bem ao seu estilo, como mandá-lo morar em Milton Keynes, perto da sede da Red Bull.
Vale um adendo sobre Milton Keynes. Há um meme na Inglaterra em que a principal atividade recomendada a quem visita a cidade é ir embora. É uma cidade sem muitos atrativos, mais famosa por ter muitas rotatórias do que qualquer outra coisa.
Não deu certo, é claro. Tsunoda estava morando sozinho na Europa apenas pelo terceiro ano, e no meio de tudo isso tinha acontecido a pandemia e ele tinha voltado ao Japão raramente. Não era de um "general" linha dura que ele precisava.
Mas ele tinha dois, um em Marko e outro em seu chefe direto, Franz Tost, que se aposentou no final do ano passado. O austríaco percebeu que a tática não estava funcionando e Tsunoda foi morar em Faenza, na Itália, perto da fábrica da equipe (que então se chamava AlphaTauri e que agora é a RB).
Tsunoda se adaptou melhor e a pacata Faenza fez com que ele tivesse que focar somente na F1 - Tost estava preocupado com a proximidade de Milton Keynes com as "distrações" de Londres. Mas, ainda assim, ele leva uma vida até solitária, como acaba acontecendo com a maioria dos profissionais não-italianos que vão para os times de lá.
Rápido, mas sem saber o porquê
Na pista, Tsunoda sempre teve o respeito dos engenheiros, que viam nele o que Marko também viu. Ele é um piloto que consegue ser muito rápido em determinadas situações, mas que tem tido dificuldade em compreender exatamente por que isso acontece. É esse o trabalho que a hoje RB faz com ele.
E também há um fundo político na sua permanência na F1, já que a RB corre com motores Honda rebatizados como Red Bull Powertrains. Mas essa parceria está acabando no final de 2025 e a Honda passará a ser a equipe de fábrica da Aston Martin.
Um cenário em que Tsunoda é levado pelos japoneses para a equipe de Lawrence Stroll só é viável dentro do projeto do bilionário canadense se seu filho, Lance, desistir de correr. E não é de se imaginar que ele vá fazer isso logo agora que a Aston Martin pode crescer bastante como time independente e tendo acabado de atualizar sua fábrica.
Na RB, os métodos de Marko continuam. Antes do GP da Austrália, comentando sobre quem poderia ocupar a vaga de Sergio Perez na Red Bull se o mexicano sair, Marko disse que tanto Tsunoda, quanto seu companheiro Daniel Ricciardo são lentos demais em corrida para subir de time. Eles não tinham pontuado nas duas primeiras corridas, mas isso também tinha relação com estratégias ruins.
O Tsunoda do início de carreira poderia responder com erros e xingamentos via rádio, mas fez um final de semana muito consistente, um de seus melhores na F1. Ele se classificou em oitavo, mesmo tendo o sexto carro mais rápido, e controlou bem os pneus em uma corrida complicada para chegar em sétimo.
"Diria que estou muito feliz com minha performance. Eu precisava de uma boa corrida para provar que eu também consigo fazer boas corridas, não só boas classificações. Agora só tenho que continuar fazendo a mesma coisa e posso marcar pontos em Suzuka também."
Tsunoda tem motivos para chegar confiante à corrida de casa. A pista tem curvas de alta velocidade, como a pista de Albert Park, e a RB planeja introduzir um novo assoalho, peça fundamental para o rendimento de um carro de F1.
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Quero receberTsunoda sabe que é uma temporada importante para ele finalmente mostrar a consistência que ficou faltando muito provavelmente por sua carreira acelerada na base. E se posicionar bem em um mercado de pilotos que promete ser agitado, com mais da metade do grid sem saber no momento onde vai correr em 2025.
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