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'Senna por Ayrton' devolve a narrativa da vida do tricampeão para ele mesmo

Muito se falou sobre Ayrton Senna a cada data comemorativa nestes últimos 30 anos, e isso não apenas a cada 1º de maio, mas também nos aniversários dos títulos mundiais, da primeira vitória à última, passando pelos momentos marcantes como o dolorido vice de 1989 e a magistral vitória de Donington Park.

Foram tantos depoimentos sobre ele, com pessoas falando em seu nome ou em nome de seu legado, que a série documental que a Globoplay preparou para marcar os 30 anos da morte do tricampeão até tem um ar de novidade.

"Senna por Ayrton" esbanja o que a emissora que deixou de transmitir a F1 em 2021 tem de melhor: um acervo riquíssimo de entrevistas com o piloto, desde quando ele dava seus primeiros passos no automobilismo europeu.

É claro que não há novidades. O assunto Senna já foi explorado das mais diversas formas, mas à medida em que o tempo vai distanciando as novas gerações de como era viver no Brasil no final dos anos 1980 e começo dos 1990 e como Senna trazia consigo uma mensagem de superação que tocava muito fortemente os brasileiros na época, a série traz isso de volta.

Uma geração que viu Michael Schumacher bater todos os recordes, e depois Lewis Hamilton fazer o mesmo muitas vezes, se pergunta por que ainda se reverencia tanto Ayrton Senna, e a série ajuda a explicar isso.

É claro que toda construção do herói traz consigo suas escolhas, e a série, por exemplo, opta por ignorar a batida de Senna no GP de Mônaco de 1988. E bem provavelmente o próprio Senna escolheria o mesmo, tendo batido sozinho mesmo com ampla vantagem para o segundo colocado.

Ao mesmo tempo, é tocante ver Senna falando de uma maneira vaga sobre o futuro: "É continuar tudo o que eu faço com o mesmo entusiasmo e vamo que vamo", e curioso notar a diferença para os dias atuais no cuidado com as declarações.

Reginaldo Leme entrevistando Ayrton Senna, ainda na Lotus
Reginaldo Leme entrevistando Ayrton Senna, ainda na Lotus Imagem: Globo/Divulgação

Explico. Senna sempre foi retratado como o bom moço, mesmo quando teve atitudes questionáveis na pista. Mas mesmo o bom moço dos anos 1980 podia falar um "quem pode mais, chora menos" ao comentar sobre a rivalidade com Nelson Piquet que é mais difícil ouvir hoje em dia.

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Claro que a ideia é homenagear Senna e não focar em qualquer ponto que possa trazer questionamentos ao seu legado, mas a série leva quem viveu a época de Senna de volta 30, 40 anos atrás, com direito a trilha sonora e tudo, e tira os intermediários de quem não viu o tricampeão correr.

A direção é de Rafael Pirrho e Rafael Timóteo, que também são os roteiristas ao lado de Camila Côrtes e José Emílio Aguiar. Eles garimparam o material em cerca de 150 horas de gravação dos arquivos da Globo e também de outros veículos de comunicação do país e estrangeiros. Os três episódios de "Senna por Ayrton" estarão disponíveis aos assinantes do Globoplay a partir de 1º de maio.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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