Hamilton e jovens pilotos brasileiros explicam o que é especial em Senna
A memória de Ayrton Senna ainda segue bastante viva no paddock da Fórmula 1 30 anos após sua morte, mesmo entre os pilotos que nunca viram o brasileiro correr ou que têm lembranças bem infantis. Por isso eu fui atrás das indicações deles para ajudar quem ouve falar de Senna e não sabe muito bem por que se fala tanto em um piloto que conquistou 'apenas' três títulos mundiais a compreender melhor o brilhantismo do piloto.
Lewis Hamilton acompanhou Senna 'ao vivo' até os nove anos, quando já estava iniciando sua carreira no kart, e foi com o tempo compreendendo mais sobre a carreira do brasileiro.
"Eu cresci vendo vídeos dele. Ele foi o piloto mais icônico que já tivemos, um líder e um mestre na sua área", definiu Hamilton. "Ele foi o piloto que me inspirou quando criança e ainda é um herói para mim, sempre será."
O heptacampeão disse que sua admiração por Senna vem tanto pelo que ele fez na pista, quanto fora dela. "É definitivamente um pouco de ambos. Aquilo que ele defendia e o que ele era capaz de fazer no carro."
Outro piloto que era criança na época em que Senna colecionava vitórias na F1 é Sergio Perez. O mexicano é mais novo e não tem tantas lembranças em si, mas aprendeu a respeitar Senna principalmente pelas dificuldades e estigmas que ainda enfrenta por ser um piloto latino na categoria dominada pelos europeus.
"Ayrton era um piloto incrível. É muito dizer se foi o melhor, mas definitivamente foi um dos melhores. O mais especial a respeito do Ayrton para mim é que, acima de tudo, ele era latino. E eu sei que é ainda mais especial ser latino na F1", disse Perez ao UOL.
"Gosto da maneira como ele se comportava e como representava seu país. Ele falava muito bem do Brasil, abriu a fundação, cuidava do povo dele. É o que eu mais respeito nele e acho que é por isso que ele deixou uma marca tão forte. Ele era um personagem muito especial."
Hamilton e Tsunoda recomendam vídeos de Senna em Mônaco
Na pista, Hamilton indica os vídeos onboard de Mônaco. "Eu o vejo saindo do túnel e penso 'é isso o que eu faço todo ano agora!'".
Mas não são apenas pilotos que ainda tiveram a oportunidade de viver a época de Senna que se impressionam com a tocada do brasileiro. Inspirado pelo pai, Yuki Tsunoda conhece bem os vídeos de Senna e é outro que indica os onboards de Mônaco. E explica bem por que eles impressionam os pilotos da atualidade.
"Ayrton é como um Deus no Japão para a geração do meu pai, especialmente pela relação com a Honda. Eu vejo os vídeos dele e acho impressionante especialmente os onboards de Mônaco, pilotando só com uma mão sem direção hidráulica. É uma loucura porque ele faz isso como se estivesse pilotando um carro atual de F1. É muito agressivo. É um piloto divertido de assistir. Uma pena que não tenha vivido aquela época, mas é um piloto que ajudou a construir várias coisas que ainda são usadas e é um dos caras que eu mais respeito."
Drugovich e Bortoleto escolhem seus vídeos favoritos
Para os pilotos brasileiros mais jovens o jeito é mesmo conhecer mais sobre Senna por meio dos vídeos. O piloto reserva da Aston Martin Felipe Drugovich nasceu, como Tsunoda, em 2000, seis anos após a morte do tricampeão, e Gabriel Bortoleto, atualmente na Fórmula 2, nasceu em 2004.
Mas isso não quer dizer que eles não conheçam detalhes das voltas famosas de Senna, como contou Drugovich.
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Quero receber"Eu gosto muito de ver a volta da pole do GP do Japão de 1989. É muito intensa a volta. Dá para ver que ele estava no limite. No limite da época, é claro, porque os pontos de referência eram outros, o nível de segurança era completamente diferente. Mas a tocada dele é muito agressiva", define.
"Na última chicane, ele vem de sexta para segunda, usando o câmbio H, em que você podia pular marcha, a roda traseira vem travando, é bem incrível o que ele conseguia fazer."
Bortoleto passa horas vendo vídeos antigos de Senna e recomenda aquela que é tida como a melhor volta da história da Fórmula 1, sob chuva, no GP da Europa de 1993. Ele largou em quarto, chegou a cair para a quinta colocação e terminou a primeira volta da corrida na liderança, com um carro que estava longe de ser o melhor do grid naquele ano. Em quatro voltas, ele tinha aberto 7s para o segundo colocado e seu grande rival, Alain Prost.
"Assisto muitos vídeos, mas acho que o mais icônico dele é o de Donington, passando quatro caras, na chuva. É uma volta que mostra realmente o quão talentoso ele era. Acho que é a volta mais perfeita da F1."
Gabriel também recomenda assistir às últimas voltas do GP do Brasil. Senna teve um problema no câmbio, que foi piorando enquanto começou a garoar em São Paulo, para diminuir ainda mais a aderência. Ele fez as últimas voltas da corrida usando apenas a sexta marcha, a única que não estava "pulando", foi vendo sua vantagem na liderança cair, mas conseguiu estabilizar seus tempos de volta e vencer pela primeira vez no Brasil, depois de anos de azares em Interlagos e Jacarepaguá.
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