F1 bate novo recorde nos EUA: é hora de ter uma quarta corrida por lá?
A Fórmula 1 respirou aliviada com a vitória de Lando Norris no GP de Miami, diante do público que tem sido o foco da categoria nos últimos anos. Afinal, havia o temor de que as vitórias em sucessão de Max Verstappen pudessem cansar o público norte-americano recém-adquirido com todo o drama promovido pela série da Netflix, Dirigir para Viver.
Mas essa é a leitura que os sempre mais pessimistas europeus, que controlam a categoria e a maior parte da cobertura jornalística da F1, têm dos novos fãs norte-americanos. A cada corrida por lá, os números mostram que a empolgação com o esporte segue forte e, conversando com quem cuida da parte de negócios de F1 nos EUA, a sensação é de que a categoria ainda não atingiu seu teto em termos de popularidade.
Observando o público presente em Miami, trata-se claramente de consumidores ávidos: quase todos vestiam algum tipo de merchandising. Muitos combinavam boné de uma equipe, camiseta de outra. E quem estava lá para ver e ver visto não poupava dinheiro para estar nos camarotes desembolsando alguns milhares de dólares.
A série da Netflix foi importante para tornar a F1 atrativa para um público que não é tradicionalmente ligado ao automobilismo. E para vender a F1 enquanto fonte de personagens intrigantes. Isso claramente continua funcionando, mesmo com o domínio de Verstappen, mesmo que ele não esteja entre os pilotos mais populares no país.
Havia o temor de que o novo fã conquistado não apenas pela série, mas também pela presença mais forte e com um tom mais jovial da F1 nas mídias sociais, fosse se frustrar com o domínio de um piloto e uma equipe. Mas não é o que tem acontecido.
GP de Miami bateu recorde de audiência
Convenhamos que o interesse pela F1 nos EUA tem crescido de maneira exponencial, mas vindo de uma base muito limitada. O esporte ainda engatinha em relação até mesmo à NASCAR, e o automobilismo não tem exatamente crescido no país.
Sempre foi difícil para esportes não-americanos competirem com os campeonatos nacionais, e uma das dificuldades é o horário dos eventos. Na costa leste, as corridas até são mostradas em horários semelhantes aos do Brasil, mas, no restante do país, as provas são quase sempre de madrugada.
Esse é um dos motivos que incentivam a norte-americana Liberty Media, detentora dos direitos comerciais da F1, a procurar alternativas para ter mais GPs no país, dentro de um projeto de alternar provas na Europa. Para 2025, o calendário segue inalterado, com as mesmas 24 provas de 2024, sendo três nos EUA e um total de seis no continente americano. Porém, será assinado um novo contrato entre a Liberty, FIA e equipes para 2026 e existe a tentativa de aumentar o limite de provas, que atualmente é de 24.
Nos EUA, a F1 até já patenteou o nome do GP de Chicago, empolgada com os números que seguem aumentando. As provas de Austin seguem atraindo confortavelmente mais de 400 mil espectadores por ano, firmando-se entre as mais lotadas do calendário. A estreia de Las Vegas ano passado também resultou em números muito positivos: o impacto econômico foi calculado em 1.5 bilhão de dólares (equivalente a 7.6 bilhões de reais), com turistas gastando 3.6 vezes mais do que o normal para a cidade, e 52 milhões de dólares sendo injetados em salários na economia local.
De Miami, chegaram mais boas notícias após a vitória de Norris. A prova bateu o recorde histórico de audiência da F1 nos EUA, que era justamente da estreia da etapa da Flórida, em 2022. Uma média de 3.1 milhões de espectadores viram o GP, com um pico de 3.6 milhões de audiência. O recorde anterior era de 2.6 milhões de média e 2.9 milhões de pico.
Cabe uma quarta prova nos EUA?
Mas seria a hora de ter um novo GP nos EUA, após as estreias de Miami em 2022 e Las Vegas em 2023? O ex-chefe da equipe norte-americana Haas e embaixador da prova de Miami, Guenther Steiner, defende que não.
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Quero receber"No momento, o que devemos fazer é estabilizar o que temos na América. Isso é o mais importante. Não dá para continuar aumentando. E temos que lembrar que a corrida da Cidade do México não é longe das outras três, e inclusive é possível comprar ingressos combinados para México e Miami. Então é o momento de estabilizar e ver aonde o esporte vai", disse ao UOL.
Primeiro piloto norte-americano na F1 em mais de uma década, Logan Sargeant apoia, é claro, um aumento no número de corridas em seu país. "Quando mais, melhor", disse o piloto, cuja vaga está bastante ameaçada na Williams.
"Para mim é muito especial porque eu nunca consegui correr diante da minha torcida porque fiz minha carreira toda na Europa, e agora tenho três corridas. Sinto como se estivesse recebendo algo de volta por todos os anos que fiquei longe", disse o norte-americano, que mudou-se para a Europa aos 12 anos, ao UOL. "E as corridas estão todas lotadas, então não vejo motivos para não ter mais provas."
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