Atrás de ultrapassagens, F1 pressiona Mônaco por mudanças no circuito
Foi-se o tempo em que o GP de Mônaco tinha um status todo especial no campeonato da Fórmula 1. A prova tinha data cativa, sempre no último final de semana de maio, tinha uma programação própria, com treinos livres na quinta-feira, escapava de pagar a taxa anual que obriga as demais provas a desembolsar, no mínimo, 20 milhões de dólares por ano, podia fazer sua própria geração de imagens para a transmissão.
Todas essas regalias foram sendo tiradas da prova monegasca, uma a uma, pela gestão da Liberty Media, que assumiu o controle comercial da Fórmula 1 em 2017. Em 2024, o GP de Mônaco será realizado na última semana de maio, mas isso já não é mais determinado por contrato como antigamente. E já há alguns anos os treinos livres são realizados na sexta-feira, para permitir que seja realizada uma prova logo na semana anterior (no caso deste ano, a F1 está vindo do GP da Emilia Romagna, a 500km de distância).
A taxa anual está bem próxima do que outras provas europeias pagam, embora os números sejam sigilosos. E ano passado os torcedores da Fórmula 1 perceberam o que estavam perdendo por anos com a mudança geração de imagens, que passou a ser feita pela própria Liberty - inclusive, é de se esperar que a qualidade aumente neste ano com a experiência ganha em 2023.
Mas a F1 ainda não conseguiu tudo o que queria, e com a renovação do contrato de Mônaco se aproximando (o atual prevê GPs neste ano e no próximo), a tentativa agora será mudar um trecho da pista para aumentar as chances de ultrapassagens.
Até porque o circuito de Mônaco é desafiador, clássico, mas isso aparece muito mais na classificação - que provavelmente é a mais espetacular do campeonato - do que na corrida. Ainda mais com os carros atuais da Fórmula 1, mais largos e compridos do que nunca: simplesmente não há espaço para tentar uma manobra.
A corrida do ano passado, com chuva, até foi movimentada para Mônaco e teve 22 manobras, mas já houve ocasiões em que esse número ficou abaixo dos dois dígitos, lembrando que a média da temporada inteira fica acima das 40 ultrapassagens por GP.
O que a F1 quer mudar na pista de Mônaco?
A primeira ideia era alargar a reta na saída do túnel, mas ali há árvores históricas que não podem ser mexidas. Agora, a atenção está nos S da piscina, uma sequência de duas chicanes velozes. A ideia seria fazer uma obra de extensão naquela área para permitir que dois carros cheguem dividindo a freada. Hoje, só há espaço para um.
A proposta enfrenta resistência dos organizadores em Mônaco, o que ajuda a explicar por que o CEO da F1, Stefano Domenicali, segue mantendo os organizadores do GP de Barcelona na mesa de negociações, mesmo tendo assinado com Madri, que entra no calendário em 2026.
A tática de Domenicali tem sido usar corridas geograficamente próximas para pressionar aquela que precisa de melhorias a se mexer. Afinal, ele sabe que, com 24 corridas, o campeonato está no seu limite, e está aproveitando que há muito interesse (segundo ele, de 30 lugares diferentes) de novas etapas entrarem no campeonato. E nem a tradicional Mônaco escapa dessa pressão.
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