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Como Verstappen viu folga desaparecer e por que vitória sobrou para Russell

"Não dava para imaginar isso no Bahrein", disse George Russell após vencer o GP da Áustria, citando o péssimo desempenho da Mercedes na primeira corrida do ano. Na verdade, não dava para imaginar que George Russell teria qualquer chance de vencer o GP da Áustria até menos de 10 voltas para o final da corrida. Ou melhor, não dava para imaginar sequer que teríamos uma disputa eletrizante entre Max Verstappen e Lando Norris, com direito a toque, escapada de pista, pneus estourados dos dois lados, e punição para o holandês até a metade do GP da Áustria.

Verstappen tinha dominado o final de semana até então, com pole na sprint, vitória na sprint, pole para o GP, e tinha 8s de vantagem para Norris. O piloto da Red Bull primeiro começou a perder rendimento com pneus usados, e depois perdeu mais 4s da vantagem com uma parada lenta.

Ele teria que colocar os pneus médios usados, já que a aposta da Red Bull nos compostos duros se mostrou errada. Em sua primeira volta na saída dos pits, fritou o pneu. Não demorou para Norris colar em sua traseira.

Os dois tiveram uma batalha que durou várias voltas, agressiva, com vários movimentos tardios, já na freada, por parte de Verstappen, e com Norris saindo da pista na tentativa de passá-lo. A disputa foi ficando cada vez mais ferrenha, até que os dois se tocaram, escaparam da pista na curva 3, e tiveram pneus furados, e voltaram se arrastando para os boxes. Norris teve de abandonar, enquanto Verstappen voltou em quinto, e ainda teve uma punição pelo toque, o que não afetou seu resultado final.

Por que foi Russell quem aproveitou a chance aberta por Verstappen e Norris?

Russell foi o piloto mais rápido da Mercedes neste fim de semana e estava largando na terceira posição. Ele tinha o terceiro carro mais rápido na Áustria, mas viu Sergio Perez ter outro final de semana apagado e Oscar Piastri ter uma volta deletada por sair da pista por uma questão de milímetros.

Russell chegou a ser ultrapassado por Hamilton no início da prova, mas depois recuperou a posição. Sua corrida passou a ser solitária: ele rapidamente conseguiu abrir uma vantagem confortável para Carlos Sainz, que vinha em quarto.

Hamilton saiu da batalha primeiro porque tinha passado Sainz por fora na primeira curva e teve de devolver a posição, e depois por ter passado em cima da linha branca na entrada do box, levando uma punição. Sainz, por sua vez, não tinha ritmo em sua Ferrari para tentar pressionar Russell.

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A única ameaça real seria Piastri, que vinha tentando criar uma vantagem estratégica no final da prova, buscando ter pneus mais novos no final. Quando toda confusão com Verstappen e Norris aconteceu, Piastri fez uma ultrapassagem importante em cima de Sainz, e foi à caça de Russell, mas não teve tempo de atacá-lo e chegou a 1s9 do britânico, que venceu pela segunda vez na F1.

Mesmo com o resultado diferente, rivais têm motivos para se preocupar

A corrida acabou saindo do controle da Red Bull e de Verstappen por fatores que não costumam ser falhos neste conjunto. Verstappen cometeu erros, desde a fritada logo na primeira volta depois que ele saiu dos boxes. E a equipe também, ao escolher guardar dois jogos de pneus duros (todos os outros ponteiros prefeririam os médios e acertaram) e, principalmente, com duas paradas lentas nos boxes.

No entanto, vimos uma Red Bull muito mais forte do que nas últimas etapas neste final de semana - sempre na mão apenas de Verstappen, como de costume. Eles não tiveram os problemas de equilíbrio que afetaram o rendimento nos últimos GPs, o carro rendeu bem desde o início do treino livre, e foi muito superior nas curvas rápidas.

Do lado da McLaren, é bem verdade que o circuito da Áustria tem menos trechos lentos do que a pista da Espanha, palco de uma disputa muito mais apertada do começo ao fim entre eles. Mas também é verdade que eles trouxeram uma nova asa dianteira para ambos os carros nesta prova. Essa era uma área que vinha gerando reclamação da Red Bull, por conta da flexibilidade da asa da McLaren, e pode ser outro fator influenciando negativamente para o time inglês neste fim de semana.

É tudo muito interessante para a próxima corrida, em Silverstone, agora com a Mercedes embalada com a vitória e outros dois pódios seguidos nas provas anteriores querendo também entrar na briga e forçar a Red Bull a cometer mais erros.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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