Bastidores da F1: A volta por cima da Mercedes e o substituto de Hamilton
A vitória de Lewis Hamilton no GP da Grã-Bretanha traz uma diferença importante em relação à conquista de seu companheiro George Russell na semana passada, na Áustria: foi conquistada com ritmo forte e decisões corretas, e não veio por algum acidente ou falha gritante dos rivais. Em outras palavras, a Mercedes mostrou que pode andar entre os primeiros colocados por mérito agora, o que pode interferir em uma decisão importante para o time: escolher o substituto do heptacampeão.
Porque se há um mês, quando a Mercedes parecia com dificuldades de chegar em Red Bull, McLaren e Ferrari, o chefe Toto Wolff estava mais inclinado a trabalhar para promover Andrea Kimi Antonelli, mesmo que seus resultados como estreante na F2 não fossem brilhantes, mas imaginando que o italiano de 17 anos teria tranquilidade para aprender no primeiro ano, agora há a possibilidade real de que a Mercedes lute até pelo campeonato ano que vem se continuar na tendência ascendente.
Questionado pelo UOL Esporte em Silverstone sobre como essa mudança na performance afeta a decisão sobre quem será o substituto de Hamilton, Wolff disse que "isso não vira o cenário de ponta-cabeça". "Sempre disse que temos que precisamos de um carro rápido e, quando tivermos isso, nos tornamos um destino interessante para vários pilotos. Mas, de certa forma, acho que precisamos ter calma e continuar focando no carro e então vermos se as opções seguem sendo as mesmas."
Essa opções no mercado são clara. Wolff ainda não desistiu de atrair Max Verstappen, e Carlos Sainz tem uma oferta da Alpine na mesa, mas sem a flexibilidade que queria (que seria de um contrato de 1+1, com a opção de sair ao final de 2025). Seu pai, o campeão de rali Carlos Sainz, segue acreditando que o projeto da Audi é a melhor saída para o filho, que não desistiu de tentar esperar outros movimentos em equipes grandes. Incluindo a Mercedes.
No início da temporada, Sainz conversou com a Mercedes, mas não estava interessado na oferta de um ano de contrato. Não se sabe se ele voltou atrás, mas o timing é perfeito para Wolff voltar a citar o espanhol em suas entrevistas. Antonelli segue impressionando nos testes privados, mas segue pagando pela inexperiência na F2, embora tenha vencido - de maneira dominante, inclusive - a sprint de Silverstone.
O momento pede menos pressão em cima do italiano e citar a possibilidade de contar com Sainz publicamente serve justamente para isso.
Outro piloto experiente que está no mercado, Esteban Ocon, deve ser confirmado mesmo na Haas, que anunciou que promoverá Oliver Bearman da F2.
A Williams parece ter perdido mesmo a paciência com Sainz e avança nas conversas com Valtteri Bottas, e o chefe James Vowles não exclui a possibilidade de trocar de piloto mesmo antes da temporada começar. "Haverá um momento em que temos que tomar uma decisão. Tanto em relação a 2025, quanto talvez algo em relação a este ano."
Perez sob pressão e Lawson na pista com a Red Bull
Falando em trocas no meio da temporada, a Red Bull foi de apoiar publicamente Sergio Perez mesmo com os maus resultados a cobrar uma melhora até a pausa de verão, daqui a duas corridas. O problema é que o plano que eles tinham para pressionar o mexicano, usando o rendimento de Daniel Ricciardo na RB, não está caminhando tão bem quanto Christian Horner gostaria.
Mas existe uma sensação no paddock de que Ricciardo não faria um trabalho pior do que Perez, e também de que qualquer piloto sofreria na comparação com Verstappen no momento, entrando numa equipe que o conhece tão bem e entende como tirar o máximo de seu estilo peculiar de configurar o carro. No final das contas, a chefia da Red Bull já demonstrou algumas vezes crer que Perez só funciona sob pressão, então jogar para a imprensa que Perez precisa bater metas de performance neste momento faz todo o sentido.
Dentro deste cenário, não surpreende que Liam Lawson vá fazer um teste com o carro atual da Red Bull nesta semana. Trata-se de uma sessão que é permitida pelo regulamento como uma "demonstração", com limite de 200km e com pneus diferentes dos usados nas corridas. Ainda assim, será uma boa chance do neozelandês mostrar serviço e entrar nesta briga.
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