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Um ano após retorno à F1, Daniel Ricciardo ajudou ou complicou a Red Bull?

Daniel Ricciardo foi forçado a ficar de fora do grid em 2023, sem espaço depois de decepcionar em sua passagem na McLaren e ser substituído pelo então novato Oscar Piastri. Seu destino foi a reserva da Red Bull, contratação que fazia sentido para a equipe por dois motivos: o claro apelo comercial do australiano e a possibilidade de pressionar Sergio Perez a render mais.

Esse, pelo menos, era o plano de Christian Horner, numa época em que a disputa interna por poder na equipe já estava deflagrada e ele começava a interferir na área de influência de Helmut Marko.

Os jovens "criados" pela academia de Marko não seriam fortes o bastante para dividirem a equipe principal com Max Verstappen na visão do chefe, o que interferiu na escolha de Perez no final de 2020. E também fez com que Ricciardo tivesse a chance de voltar ao grid há pouco menos de um ano atrás, no GP da Hungria de 2023.

O retorno aconteceu depois de um teste cheio de alarde que teria impressionado muito, tanto Horner, quanto Marko. Mas, de lá para cá, não vimos tal desempenho acima da média de maneira consistente.

Ricciardo foi muito bem por todo o fim de semana do GP da Cidade do México, e repetiu o feito no GP do Canadá. Mas não teve o impacto que Horner esperava.

O chefe da Red Bull está tentando de tudo um pouco para tirar mais rendimento de Sergio Perez, tentando evitar um padrão que já virou rotina. O mexicano começa o ano andando bem e subindo ao pódio, e depois cai de produção, entra em uma espiral negativa, e tem muita dificuldade de sair dela.

Sergio Perez, da Red Bull, em Mônaco para a sétima etapa da temporada da Fórmula 1
Sergio Perez, da Red Bull, em Mônaco para a sétima etapa da temporada da Fórmula 1 Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Horner acreditava que esse padrão se dava pela pressão que Perez tinha no começo de cada campeonato, antes de renovar seu contrato. Então chamou Ricciardo para exercer essa pressão na segunda metade de 2023. Mas o australiano teve o azar de sofrer uma fratura logo em seu terceiro fim de semana após o retorno, no GP da Holanda, e ficar de fora de cinco etapas.

Aquela etapa mexicana foi a única em que ele chegou à frente do companheiro Yuki Tsunoda no final do campeonato, mas ele tinha ficado quase um ano fora, não era nada anormal.

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Eis que começa o campeonato de 2024, Perez novamente vai bem nas primeiras etapas e Horner se convence de que negociar a renovação cedo é a melhor opção para dar tranquilidade a ele. É claro que o acordo tem suas cláusulas de performance, como é de praxe na F1, mas pela primeira Perez teve uma renovação por dois anos (embora o mais provável é que seja o que se chama de 1+1, com a equipe tendo a opção do segundo ano).

Não havia, para Horner, outra alternativa clara. Eles tentaram atrair Lando Norris, chegaram até a sondar Lewis Hamilton, mas no momento ninguém quer enfrentar Verstappen de igual para igual. Ninguém quer chegar em uma equipe que já está totalmente voltada para um dos maiores talentos que já se viu.

McLaren pontuou mais que a Red Bull de Miami para cá

Foram se passando os meses e é como se a Red Bull tivesse voltado à estaca zero, com uma grande diferença: agora, McLaren e Mercedes têm condições de ganhar em condições normais, então toda corrida ruim de Perez custa muito mais caro no mundial de construtores.

Prova disso é que, do GP de Miami para cá, a McLaren conquistou mais pontos (171) que a Red Bull (134). E não é nenhuma heresia dizer que eles vão perder o mundial de construtores se Perez não reagir. Ou se não for substituído.

É aí que Ricciardo vira mais um problema do que uma solução para a equipe. Os brilharecos não são suficientes para convencer a Red Bull de que ele faria muito mais do que Perez anda fazendo e o próprio australiano não consegue encontrar um motivo para seu sobe e desce.

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A opção por Ricciardo acabou bloqueando a possibilidade de a Red Bull testar Liam Lawson, que impressionou nas cinco corridas que fez justamente substituindo o australiano. Ele teria 17 corridas "no bolso" agora, e poderia ser uma aposta para ser companheiro de Verstappen, mas está efetivamente parado, apenas como reserva, desde o final do ano passado.

Liam Lawson, piloto da AlphaTauri
Liam Lawson, piloto da AlphaTauri Imagem: Divulgação/Site oficial da AlphaTauri

Lawson fez um teste semana passada em Silverstone, e dessa vez a Red Bull não deixou vazar informações, ao contrário do que aconteceu 12 meses atrás com Ricciardo. E, também diferentemente do que aconteceu na dispensa de Nyck De Vries, qualquer mudança só vai acontecer depois da pausa de agosto.

Para complicar ainda mais qualquer decisão, é bom lembrar que nada impede que Verstappen decida sair da Red Bull se entender que o motor de 2026 não será competitivo. E não precisa ser neste ano, o que, aliás, é bem improvável. Vários times o receberiam de braços abertos.

Isso também ajuda a explicar por que o discurso na Red Bull mudou de maneira tão brusca. O apoio a Perez virou pressão. É o que restou a Horner, já que os resultados de Ricciardo não ajudam.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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