Por que chefe da Audi na F1 perdeu posto após 18 meses e a volta de Binotto
A Audi vai mudar de chefe da operação de Fórmula 1, antes mesmo de entrar oficialmente no grid: Andreas Seidl perdeu a vaga depois de não atender às expectativas dos alemães e será substituído pelo ex-chefe da Ferrari, Mattia Binotto.
O italiano, que acabou perdendo poder na Ferrari por não atender às demandas do presidente John Elkann, que defendia mudanças mais bruscas na equipe, estava fora da F1 há 18 meses justamente esperando por uma vaga de peso.
Foi ele quem conduziu mudanças em peças fundamentais na Ferrari que permitiram a evolução em pontos que hoje já não são tão problemáticos. Na questão das falhas estratégicas, por exemplo, ao invés de demitir o chefe, como era pressionado para fazer, quis entender a base dos erros e contratar profissionais responsáveis pelos modelos de desgaste de pneus, o que efetivamente melhorou a informação que chegava aos estrategistas.
Agora na Audi, Binotto terá uma posição um pouco diferente, atuando como CEO e CTO, ou seja, controlando também a parte técnica na operação como um todo, não só da equipe. Ele substitui não só Seidl, que era o CEO, como também Oliver Hoffmann.
Vale lembrar que Seidl chegou à Audi vindo da McLaren, no início de 2023, em uma situação que diz muito sobre sua saída. Ele havia se acertado com os alemães, mas o combinado seria que continuasse na McLaren. Porém, com a demissão de Binotto, o chefe da equipe comprada pela Audi, a Sauber, Fred Vasseur, foi para Maranello, e a McLaren simplesmente liberou Seidl antes do final de seu contrato.
Ou seja, a McLaren não achou que estava perdendo muito, e promoveu Andrea Stella ao posto de chefe. Em uma questão de meses, foi das últimas posições do grid à disputa pelo pódio, embora isso tenha a ver com muito mais do que apenas uma troca no comando. Mas não deixa de ser significativo.
Na Audi, Seidl não ganhou muito apoio ao adotar uma postura distante, sem visitar a fábrica frequentemente, e não conseguiu atrair os pilotos que a Audi almejava. Até o momento, eles só contrataram Nico Hulkenberg, tendo sido rejeitados por Carlos Sainz e Esteban Ocon, e ficando sem grandes opções no mercado. Por conta disso, sua saída era esperada.
Até porque não é algo que casa bem com o tamanho do investimento feito pela Audi para montar uma fábrica de motores para a F1 com equipamentos até mais avançados do que as equipes que estão no grid têm à disposição. Embora seja desafiador para quem está entrando no esporte estar no mesmo nível de performance logo de cara, e possa demorar alguns anos para a Audi engrenar, não é um projeto qualquer e Seidl não estava conseguindo vendê-lo.
Veremos o que Binotto consegue fazer. Ele é extremamente pragmático e não vai querer queimar etapas. Mas é claro que agora há muita pressão. São 18 meses até que uma montadora do peso da Audi entre na F1, herdando um time que no momento ainda tem falhas operacionais básicas, seja no pit stop, seja na qualidade das peças que chegam. E com a expectativa de que o motor não esteja, pelo menos no começo, no mesmo nível dos demais.
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