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Sainz encerra novela e fecha com a Williams para a temporada 2025 da F1

Uma peça importante do mercado de pilotos da Fórmula 1 e que viveu várias idas e vindas nos últimos meses definiu seu futuro: Carlos Sainz será piloto da Williams a partir da próxima temporada, apostando em um projeto de médio a longo prazo com o time, ao lado de Alex Albon, que recentemente renovou seu contrato, e também conseguindo a flexibilidade que desejava para voltar a um time grande se surgir alguma vaga.

É outra grande vitória do chefe James Vowles, que vem trabalhando na reestruturação de uma equipe que vivia há décadas presa em uma espiral de pouco investimento, necessidade de contar com pilotos pagantes e bons resultados esporádicos.

Mas não foi uma negociação fácil. Sainz havia acertado tudo no início de junho e estava próximo de assinar quando ouviu da Alpine, com quem já conversava, que eles poderiam contar com motores Mercedes a partir de 2026, quando a F1 muda de regulamento, e também da Red Bull. Deixando assim suas opções em aberto.

Afinal, os atuais bicampeões do mundo não podiam garantir a permanência de Max Verstappen a médio prazo, e Sainz seria uma boa opção para eles.

Isso deixou Vowles irritado, entendendo que o espanhol estava esnobando seu projeto e tentando fazer um leilão para entender qual era sua melhor chance. Menos de dois meses depois, eles se acertaram, e tudo indica que Sainz conseguiu a flexibilidade que queria e que não tinha sido dada pela Williams inicialmente.

Como James Vowles convenceu Albon e Sainz a assinar com a Williams

Desde que chegou, vindo de décadas na equipe que venceu campeonatos como Mercedes e Brawn GP, Vowles primeiro identificou problemas básicos na organização da equipe, como o já famoso arquivo de Excel para controlar as mais de 20 mil peças do carro, e também na própria manufatura das peças. O equipamento era antigo e trazia vários problemas, como o excesso de peso do chassi. Foi por isso que o chefe decidiu rever tudo e fazer alterações que geraram atrasos na fabricação dos carros deste ano, mas que resultaram em chassis mais de 10kg mais leves.

Mesmo assim, uma mudança da Ferrari para a Williams poderia não parecer das mais atrativas, mas no final das contas era a melhor opção para Sainz, que se viu sem lugar na Scuderia depois de Lewis Hamilton ser contratado.

Sainz ouviu da Mercedes que a prioridade é do novato Andrea Kimi Antonelli e sentiu que na Red Bull Max Verstappen não vai se movimentar por ora e sabe que a equipe não o colocaria junto com o holandês. Embora seu pai, o campeão de rali Carlos Sainz, seja favorável ao projeto da Audi, pensando mais a longo prazo, o filho nunca esteve convencido. E a outra opção, a Alpine, ainda está cercada de muitas dúvidas. Os franceses avaliam deixar de usar os próprios motores, mesmo com os rumores de que a Renault desta vez acertou a mão no propulsor para 2026.

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Sainz disse algumas vezes nas últimas semanas que queria um projeto a médio ou longo prazo, para não ficar mais pulando de um time para o outro. Afinal, o piloto de 29 anos já passou por Toro Rosso, Renault, McLaren e Ferrari. E as equipes também queriam ter o espanhol, muito bem cotado no paddock pela sua inteligência e conhecimento técnico, por várias temporadas.

Por que Sainz não quis apostar na Audi?

A escolha de Sainz indica uma desconfiança em relação a como a Audi vai entrar na Fórmula 1. Eles passam a dar nome para a Sauber em 2026, mas primeiro vão inevitavelmente herdar uma estrutura que, como a Williams, amargou períodos de pouco investimento em sua história recente. Há muito a ser feito desde o ponto de vista operacional até ao projeto do carro em si, e um bom exemplo são os pit stops terríveis da Sauber neste ano, que têm a ver com os equipamentos usados pelos mecânicos.

O desempate entre as equipes está no motor. Ainda que as novas regras, que entram em vigor em 2026, busquem facilitar ao máximo a entrada de novas montadoras e evitar um vexame como o da Honda em 2015, circula a informação de que a Audi não está conseguindo atingir suas metas para o motor que estreia em 18 meses. Enquanto isso, só há boas notícias vindas da Mercedes, que fornece motores para a Williams.

Mesmo esse desempate seria questionável pensando no projeto a longo prazo que Sainz busca, já que estar em uma equipe de fábrica é, em teoria, sempre melhor do que apostar em uma cliente. Então, a decisão do espanhol pode ser vista como o sinal mais claro de desconfiança em relação ao projeto da Audi, que pode ter sido um fator para a queda do CEO Andreas Seidl semana passada.

Quem já está confirmado no grid da F1 em 2025

Red Bull: Max Verstappen e Sergio Perez
Ferrari: Charles Leclerc e Lewis Hamilton
McLaren: Lando Norris e Oscar Piastri
Mercedes: George Russell
Aston Martin: Fernando Alonso e Lance Stroll
RB: Yuki Tsunoda
Alpine: Pierre Gasly
Williams: Alex Albon e Carlos Sainz
Haas: Esteban Ocon e Oliver Bearman
Sauber: Nico Hulkenberg

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