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Saída de nomes importantes e queda nas pistas: será o fim da era Red Bull?

A Fórmula 1 é tão complexa que seria um erro individualizar o sucesso de qualquer equipe. Um piloto não ganha corrida sozinho, um projetista não faz o carro sozinho, o chefe de estratégia não acerta na tática sozinho. Mas a Red Bull está perdendo dois profissionais que formaram a base da chefia do time por quase 20 anos, Adrian Newey e Jonathan Wheatley, em um momento em que se questiona se eles podem perder sua estrela Max Verstappen também. Esse era um cenário difícil de imaginar até pouco tempo atrás, o que gera a pergunta: será esse o começo do fim para a Red Bull?

Quando o co-fundador da empresa Red Bull, Dietrich Mateschitz, adoeceu, questionou-se muito como ficaria a empresa sem ele, um empresário ousado e muito decidido. Na operação da F1, ainda havia os problemas gerados pela lacuna de poder deixada por ele, da qual o chefe da equipe, Christian Horner, logo tratou de ocupar.

Existe um antes e depois do segundo semestre de 2022

Se, do lado de fora, a Red Bull passou a vencer mais do que nunca na F1 mesmo após a morte de Mateschitz, em outubro de 2022, por dentro aconteceram dois movimentos. Uma disputa por poder com o homem de confiança do austríaco, Helmut Marko, e também uma lentidão crescente na tomada de decisões.

Aí vem o caso de comportamento inapropriado de Horner com uma funcionária, julgado internamente como improcedente, e fica claro que o britânico tinha conseguido um forte apoio do lado tailandês da Red Bull.

Primeiro, isso era uma péssima notícia para quem imaginava poder crescer ali dentro em detrimento do poder de Horner. Segundo, esse cenário também representava a manutenção de todo um sistema que travava decisões sem a mão firme de Dietrich.

Primeiro, foi o projetista Adrian Newey que decidiu sair depois de quase 20 anos de Red Bull. Mais recentemente, o diretor de corridas, aquele que se certifica que a equipe está seguindo as regras esportivas e que é responsável pela equipe de pit stops, que é a melhor da F1 há tempos, Jonathan Wheatley.

Com isso, do núcleo que está lá desde o começo, ficam Horner e o diretor de engenharia Paul Monaghan. Além de Marko, com o poder reduzido.

Horner se preparou para perder Newey, que volta e meia falava em parar. Na parte técnica, a equipe tem hoje a liderança de Pierre Wache, que ficou na Red Bull mesmo sendo muito cortejado pela Mercedes e principalmente Ferrari em um passado recente.

O papel de Wheatley não é tão importante quanto o dos principais engenheiros que pensam e desenvolvem o carro, mas ele é um profissional bem mais difícil de substituir. Não há ninguém melhor na área dele, que quis alçar voos maiores e foi contratado como chefe da Audi, que estreia em 2026.

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Dietrich Mateschitz, cofundador da Red Bull e dono de clubes como o RB Leipzig e Salzburg
Dietrich Mateschitz, cofundador da Red Bull e dono de clubes como o RB Leipzig e Salzburg Imagem: Getty Image

Ou seja, são duas perdas significativas. Engenheiros vêm e vão nas equipes, inclusive no topo, mas Newey e Wheatley são dois personagens bastante centrais e que podem levar outros consigo - sabe-se, por exemplo, que o projetista tem como premissa a contratação de uma lista de profissionais indicados por ele.

O que isso significa para o futuro de Verstappen?

Max Verstappen e os engenheiros da Red Bull antes do GP da Hungria de F1
Max Verstappen e os engenheiros da Red Bull antes do GP da Hungria de F1 Imagem: MARTIN DIVISEK / POOL / AFP

O tricampeão holandês já deixou claro algumas vezes que ele vai para a equipe na qual entender que terá a melhor performance. Em termos de cláusulas contratuais, ele estaria preso à Red Bull com a continuidade de Marko, mas o próprio Horner já disse que não faz sentido tentar segurar alguém que não quer ficar, se esse for o caso.

A Red Bull está passando por uma queda de performance nesta temporada. Ou melhor, os rivais pararam de andar em círculos com o novo regulamento e estão conseguindo saltos importantes, enquanto os atuais bicampeões mundiais estão estagnados.

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Isso não é anormal. Estamos no terceiro ano do mesmo regulamento, e a F1 tem regras que limitam o desenvolvimento aerodinâmico dependendo da posição no campeonato, o que significa que a Red Bull tem menos recursos para melhorar o desempenho desde meados de 2022.

O quanto a equipe conseguirá absorver ao longo do tempo as três perdas - de Mateschitz no campo da tomada de decisões, de Newey nas soluções técnicas e de Wheatley na execução de corrida - vai definir o futuro de Verstappen.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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