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Por que argentino Colapinto tem vaga na F1 e os brasileiros estão de fora?

A notícia de que o piloto argentino estreante na Fórmula 2 neste ano, Franco Colapinto, de 21 anos, foi escolhido pela Williams para ser o substituto do demitido Logan Sargeant nas últimas nove corridas da temporada da Fórmula 1 pegou muita gente de surpresa, já que ele era o nome menos experiente entre as possibilidades estudadas pela equipe. E deixou no ar a pergunta: por que pilotos com resultados muitas vezes piores que os brasileiros têm mais chances?

A escolha de um sul-americano vindo de um mercado muito menor para a F1 do que o Brasil coloca por terra a teoria que é comum ouvir de que a categoria só está focada em determinados mercados. É claro que a presença do chinês Zhou Guanyu no grid ou mesmo a ascensão rápida do norte-americano Sargeant têm a ver com o interesse no mercado destes países, mas isso não significa que a F1 está fechada a outras nacionalidades.

O cenário é simplesmente muito mais complexo do que isso. O Brasil tem atualmente Felipe Drugovich como campeão da F2 em 2022 e na reserva da Aston Martin, Gabriel Bortoleto como piloto da academia da McLaren campeão da F3 em 2023 e vice-líder da F2 neste ano, e Pietro Fittipaldi como reserva da Haas e titular na Indy.

Felipe Drugovich durante teste com o carro de 2021 em Silverstone
Felipe Drugovich durante teste com o carro de 2021 em Silverstone Imagem: Aston Martin

Primeiro passo é unir performance e patrocínio

Qualquer piloto que queira chegar na F1 sabe que é preciso reunir um pacote que seja atraente para as equipes. Isso significa ter boas parcerias comerciais - é muito raro um piloto entrar sem trazer patrocínio para uma equipe, como aconteceu mais recentemente com Oscar Piastri na McLaren - e ao mesmo tempo demonstrar que é capaz de boas performances.

Em relação ao dinheiro, levar caminhões de dólares não é suficiente hoje em dia. Primeiro, as equipes estão menos dependentes de pilotos pagantes porque a F1 como um todo está batendo recordes de faturamento ao mesmo tempo em que o teto orçamentário limita e nivela os gastos. Segundo, porque esse mesmo teto significa que ter um piloto que traz muito dinheiro, mas que gera muitos gastos com acidentes acaba fazendo com que o time tenha que investir menos no desenvolvimento do carro.

Outro fator complicador é que, para a avaliação de performance, as equipes têm confiado mais em suas ferramentas de simulação e seus testes privados do que nos resultados das categorias de base em si. E isso tem levado a um cenário em que campeões da Fórmula 2 e da Fórmula 3 não necessariamente são os escolhidos. O australiano Piastri foi campeão em 2021 da F2, da F3 em 2020, e, depois dele, nenhum dos vencedores das duas categorias chegou à F1 como titular. Até porque há uma noção geral de que estas categorias viveram campeonatos com nível técnico abaixo do esperado.

É difícil prever onde as oportunidades vão surgir

Mas como um piloto chega ao simulador ou a fazer testes privados em equipes de F1? Fazendo parte de programas de desenvolvimento das equipes da categoria. Novamente, é bastante comum que haja acordos comerciais para o fechamento dessas vagas, a não ser no caso de talentos excepcionais, como Kimi Antonelli, por exemplo, perto de ser confirmado pela Mercedes como titular. O carro dele na F2 não tem nenhum patrocinador além da marca alemã.

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Então cada equipe vai selecionar os pilotos de suas chamadas academias aliando critérios técnicos a comerciais, e esses pilotos vão ter a preferência caso surjam vagas, até para manter o próprio programa interessante financeiramente para novos pilotos.

É aí onde entra a sorte. Você pode até apostar que uma equipe terá mais espaço que outra, mas é impossível adivinhar em qual programa a fila vai "andar" primeiro.

Por exemplo, a Alpine nunca tinha promovido nenhum piloto de seu programa. Viu Zhou e Piastri saírem e conseguirem suas vagas por outros caminhos, e agora promoveu Jack Doohan para o ano que vem. Já a Red Bull sempre deu espaço para vários pilotos, até por ter duas equipes, mas ultimamente foi atrás da contratação de nomes experientes - Sergio Perez e Daniel Ricciardo - para fechar suas equipes.

Qual foi o caminho de Colapinto?

Franco Colapinto
Franco Colapinto Imagem: Divulgação

Voltando ao exemplo de Colapinto, ele estava no programa da Williams, que é mais recente e também não tinha "subido" ninguém. Com o agravante da equipe ter parceria com a Mercedes, tendo sido vista no passado como uma espécie de time B. Em teoria, seria uma posição ruim.

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Mas eles mudaram de dono, depois de chefe, e todas as decisões têm sido tomadas no sentido de criar mais autonomia. Colapinto está fazendo um ano de estreia respeitável na F2, foi bem nos testes que fez e principalmente na sessão de FP1 de Silverstone, está trazendo dinheiro, e sua promoção serve como uma espécie de vitrine para o programa da Williams. Optar por um piloto fora do programa seria matá-lo comercialmente.

Agora, ele terá nove provas para mostrar serviço sabendo que a Williams não terá vaga para ele em 2025, já que está fechada com Albon e Carlos Sainz. Mas pode agradar outros times: existe a possibilidade de a Red Bull precisar de mais um piloto se Perez e Ricciardo não ficarem, e a vaga da Sauber/Audi está em aberto.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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