Mercedes confirma jovem de 18 anos fã de Senna como substituto de Hamilton
A Mercedes enfim acabou com a novela e confirmou que vai apostar em um estreante de 18 anos e com pouca experiência em carros de fórmula para ocupar o lugar de Lewis Hamilton a partir da temporada 2025. Andrea Kimi Antonelli vinha sendo preparado para estrear na F1 no ano que vem, mas não no time principal da Mercedes. E a ida de Hamilton para a Ferrari mudou tudo.
Também não estava nos planos de Toto Wolff, que contratou Antonelli para o programa de jovens pilotos da Mercedes em 2019, quando ele ainda estava no kart, que a Prema teria tantas dificuldades com o novo carro da Fórmula 2 em 2024, e que os resultados de Antonelli neste ano não fossem tão expressivos. Outro plano que não saiu exatamente como Wolff sonhava foi a estreia de Antonelli em sessões oficiais de treinos livres. Ele logo foi para a ponta, andando muito forte, mas acabou exagerando e bateu depois de cinco voltas.
Porém, a rápida adaptação do italiano em um extenso programa de testes privados convenceu os engenheiros de que ele poderia dar mais um grande passo e não apenas chegar à F1, como com a possibilidade de ter, logo de cara, um carro que pode lutar pelo campeonato, a julgar pela recente evolução da equipe.
O fator Verstappen
E também há outro fator nessa aparente pressa da Mercedes: Wolff teve a possibilidade de assinar com Max Verstappen quando ele estava saindo do kart, mas o holandês preferiu a Red Bull porque eles puderam lhe dar um caminho claro e rápido para a F1.
Não é um risco que Toto queria correr novamente, ainda mais com a pressão do board da Mercedes após a perda inesperada de Hamilton (que, por sua vez, só aconteceu pela flexibilidade que Wolff deu ao britânico justamente para poder substituí-lo por Antonelli em 2026, em seu plano original).
Colocar Antonelli ao lado de George Russell era a principal opção desde quando Hamilton anunciou que sairia, em fevereiro. Mas uma série de acontecimentos na Red Bull fez com que Wolff esperasse um indicativo definitivo de que Max Verstappen ficaria ou não por lá, até que ficou claro que, contratualmente, ele não teria como sair em 2025.
E havia, também, dúvidas se Antonelli estaria pronto. Ele mesmo disse recentemente não saber, mas ao mesmo tempo também afirmou não ter medo de ser julgado. Toda vez que ele cometeu algum erro na F2 neste ano, sua reação foi a mesma: é mais um aprendizado. No paddock (e ele tem circulado constantemente no paddock da F1 e nas instalações da Mercedes), chama a atenção sua calma.
Para os brasileiros, Antonelli ainda tem outra particularidade: ele corre na F2 com o logotipo de Ayrton Senna na asa dianteira. E já escreveu inclusive prefácio de livro sobre o tricampeão dizendo que, embora nunca tenha visto o brasileiro correr, aprendeu com o pai e com o Youtube a apreciar a carreira do tricampeão da F1 e gostaria de emulá-lo, também, fora das pistas.
Antonelli, inclusive, escolheu o número 12, usado por Senna na época de Lotus, para sua primeira sessão de treinos oficiais na F1. É um número com o qual correu por várias vezes ao longo de sua carreira. Seu número quando estrear "de verdade" no GP da Austrália de 2025 ainda não está definido pois depende da disponibilidade.
Antonelli é mesmo um fora de série?
A carreira de Antonelli no kart é recheada de títulos, incluindo o bicampeonato europeu. De lá, ele partiu para quatro anos de carros de fórmula, sendo que fez uma temporada completa de F4 na Itália e na Alemanha (vencendo ambos campeonatos), uma temporada de F3 Regional/FRECA, também com um título, e este ano de Fórmula 2, no qual vem superando o companheiro mais experiente (e também garantido na F1 em 2025) Oliver Bearman.
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Quero receberMas não dá para analisar apenas os resultados de Antonelli friamente. O nível de preparação dele é muito superior ao da enorme maioria dos pilotos e isso vem de uma combinação de fatores. Antonelli vem de uma família rica e ligada ao automobilismo, então desde cedo eles souberam o que fazer para extrair o máximo de seu talento, e nisso é possível fazer um paralelo com Verstappen.
E, a partir do momento em que esse talento foi visto também pela Mercedes, o investimento em sua preparação foi exponencial. Calcula-se que, neste ano, o programa de testes com carros de F1 custe algo em torno de 20 milhões de dólares.
Pilotos de famílias endinheiradas, como Stroll, Norris e Zhou, por exemplo, também conseguiram muita quilometragem em testes antes da estreia. Mas nenhum deles teve o apoio tão amplo de uma montadora como Antonelli.
Conduzir esses testes tem sido uma maneira mais confiável para as equipes avaliarem os pilotos do que a F2, que tem suas limitações devido à política interna e o carro.
Então é justo dizer que Antonelli tem, sim, muito talento. E que esse talento pode ser desenvolvido mais rapidamente por conta do investimento feito. Outra característica marcante é sua tranquilidade mesmo com tudo o que acontece a sua volta, ajudada pela blindagem que a Mercedes tem feito naquele que foi, simplesmente, escolhido para substituir Hamilton, outro caso de piloto contratado pelos alemães ainda no kart.
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