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Conquista de Leclerc em Monza é vitória da ousadia da Ferrari

A vitória de Charles Leclerc no GP da Itália foi o resultado de uma série de riscos que a Ferrari correu mesmo antes de chegar a Monza. Eles tomaram decisões diferentes dos rivais: trouxeram um pacote extenso de mudanças para uma pista para onde isso não é comum, correram com uma asa que é vista por outros como gasto supérfluo em tempos de teto de gastos e, por fim, arriscaram na estratégia. Leclerc parou uma vez a menos que os rivais diretos, desbancou as duas McLaren e venceu pela segunda vez em Monza.

Não coincidentemente, Leclerc primeiro agradeceu ao pessoal da fábrica justamente pelo trabalho intenso para trazer as novas peças para Monza. A Ferrari teve que mudar os planos de desenvolvimento do seu carro depois que o assoalho que eles levaram para o GP da Espanha, em junho, não apenas não funcionou como deveria, como foi prejudicial para o comportamento do carro. Eles, então, focaram em entender o que tinha acontecido e trazer um novo assoalho, que estreou nesta prova.

E há também a questão da asa. Em tempos de teto de gastos, as equipes não têm feito mais asas especiais para essas pistas mais diferentes. Mas a Ferrari foi quem chegou mais perto com o que trouxe para Monza.

A estratégia deu certo, pois os ferraristas conseguiram unir velocidade e menor desgaste de pneus. Leclerc fez uma corrida sem erros, fez a estratégia funcionar, e caiu nas graças dos tifosi mais uma vez. Ele já tinha vencido o GP da Itália em sua primeira tentativa com a Ferrari, em 2019.

A conquista também consagra a Ferrari como o carro que casa melhor com as pistas mais diferentonas, já que o monegasco também tinha conquistado o GP de Mônaco. São dois circuitos que estão em dois lados opostos do espectro de carga aerodinâmica, e são únicos no calendário.

Norris perde a liderança na largada

Mais uma vez, Norris não terminou a primeira volta na liderança após largar na pole position. Foi o próprio companheiro de equipe. Oscar Piastri primeiro tomou a linha de fora na primeira chicane e acabou protegendo Norris do ataque de George Russell, que vinha bem forte e acabou indo reto na chicane. Na segunda variante, Piastri passou Norris, que se desequilibrou e permitiu a ultrapassagem também de Charles Leclerc, para delírio dos tifosi.

Russell caiu para sétimo, com a asa dianteira avariada, e saiu da disputa pelas primeiras posições.

Norris desgasta mais os pneus que os rivais

Era difícil seguir o carro da frente de perto, mas Norris conseguiu ficar perto o suficiente para antecipar sua parada, na volta 15, e conseguir recuperar a posição com Leclerc depois que a Ferrari respondeu chamando o monegasco para os boxes na volta seguinte.

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Norris, então, passou a diminuir a vantagem de Piastri e ouviu que estava liberado para disputar com o companheiro respeitando "as regras papaia", em referência às cores da equipe McLaren. É a primeira vez que se ouviu esse termo no rádio.

Algumas voltas depois, Norris saiu da pista e começou a demonstrar que sofria com os pneus. Logo depois, Lando parou. Ele tinha conseguido fazer menos de 20 voltas com o composto duro, que estava apresentando granulação, sofrendo com o asfalto novo da pista de Monza. Seus rivais, contudo, seguiram na pista.

Disputa de Verstappen foi com Hamilton

Mais atrás, Verstappen não conseguia se recuperar como Norris previa depois da classificação. Ele largou com o pneu duro e começou a sofrer cedo com granulação, logo trocando para outro jogos de duros e mostrando que faria duas paradas. Para piorar, sua troca foi lenta, 6s, e ele voltou atrás de Lewis Hamilton, com quem disputava posição.

Uma disputa ainda mais forte aconteceu entre Sergio Perez e Russell, por várias voltas, deixando claro que a Red Bull lutava com a Mercedes para ver quem era a terceira força em Monza.

Uma reviravolta na estratégia

A McLaren perguntou para o líder Piastri se ele achava que poderia ir até o final com o mesmo jogo de pneus. "Acho que não, esses pneus estão mortos." O time, então, chamou o australiano para os boxes, deixando a Ferrari com as duas primeiras posições.

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"As Ferrari vão tentar ir até o final sem parar. Eles acham que vai ser difícil, mas não tentar", avisou o engenheiro de Norris com 10 voltas para o final. Piastri estava a 12s do líder Leclerc, andando mais de 1s por volta mais rápido.

Mas a vantagem de ritmo acabou se neutralizando com o passar das voltas. Piastri e Norris ainda conseguiram passar Carlos Sainz e negar a dobradinha à Ferrari, mas não conseguiram chegar em Leclerc.

Verstappen terminou em sexto, e mantém a liderança do campeonato com 62 pontos de vantagem para Norris. Pela segunda corrida seguida, o inglês fez mais pontos que o holandês.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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